Nesta quinta-feira (8/3), em Brasília, o Coletivo Nacional do Eletricitários (CNE), entidade ligada à FNU – Federação Nacional dos Urbanitários – e que congrega os sindicatos e associações dos trabalhadores do setor elétrico do país, participou de uma reunião com o pré-candidato à presidência da república pelo PDT, Ciro Gomes. Na oportunidade, os sindicalistas entregaram o “Manifesto dos trabalhadores Eletricitários por um setor elétrico público, eficiente e para todos”.
O documento traz uma série de dados sobre a atual situação do setor elétrico nacional, além de propostas com base técnica para o aprimoramento do setor na esfera pública. De acordo com o manifesto, a partir dos anos 90, e no rastro das políticas neoliberais o setor elétrico brasileiro passou a ser laboratório de experimentação de fórmulas importadas de outras nações, que guardam pouca semelhança com a brasileira.
“A reforma neoliberal implantada, principalmente nos governos FHC, promoveu uma mudança de paradigma e nosso setor elétrico deixou de ser guiado por uma estratégia de desenvolvimento nacional, passando a ser, na prática, apenas mais uma fronteira para a reprodução do capital, afirma o documento.
Para Ciro Gomes defender a Eletrobras trata-se da defesa do Brasil. Ele ressalta ainda que a venda da estatal elétrica é uma ameaça grave contra o povo brasileiro. “Se acontecer esse crime contra a sociedade brasileira serei forçado a rever esse negócio”, afirmou, Gomes.
Dentre as propostas para um modelo democrático e sustentável para o Setor Elétrico Brasileiro, os eletricitários ressaltam a valorização das energias renováveis, o fortalecimento das empresas estatais, com foco na sustentabilidade e ação voltada aos projetos estruturantes, bem como, a criação de um fundo nacional de equalização para beneficiar as empresas de distribuições de regiões sem viabilidade econômica.
“Na maioria dos estados da Amazônia, o serviço de distribuição de energia elétrica simplesmente não é viável economicamente. A não ser com a prática de tarifas exorbitantes ou com péssima qualidade de fornecimento para comunidades carentes ou isoladas. Por isso é urgente a criação de um fundo que redistribua parte dos lucros das empresas de distribuição situadas nas regiões mais desenvolvidas para aquelas que atuam na Amazônia brasileira, fundo esse a ser administrado pela Eletrobras”, defendem os eletricitários.
Manifesto será entregue a outros presidenciáveis
Ciro Gomes foi o primeiro presidenciável a receber a proposta das mãos dos eletricitários. O candidato tem se posicionado publicamente contrário à privatização da Eletrobras, sempre apresentando justificativas contundentes para que o processo em curso no Congresso Nacional não seja efetivado.
De acordo com a dirigente da FNU e do STIU-DF, Fabiola Antezana, a entrega do Manifesto dos trabalhadores eletricitários eleva o patamar da discussão da privatização. “Enquanto o Governo atual tenta de toda forma entregar a Eletrobras, nós queremos discutir o modelo do setor elétrico vigente. A oportunidade de poder manifestar ao presidenciável as premissas básicas de um modelo para a sociedade e não para o mercado nos tira da zona de conforto de apenas dizer que não concordamos com a privatização da Eletrobras”, enfatizou a dirigente.
“A atividade foi positiva do ponto de vista que o candidato manifestou que quer ter um país para governar, e que, caso o Temer consiga o desatino de entregar a Eletrobras, ele vai revogar esse crime, se eleito. Queremos poder ter a chance de entregar o Manifesto a todos os presidenciáveis. Enfim, colocar que não adianta querer “resolver” o que dizem ser um problema sem atacar a raiz. É como querer colocar apenas um remendo em uma goteira sem revisar o telhado”, conclui Antezana. (fonte: Stiu-DF)
Leia o Manifesto: Por uma Eletrobras pública, eficiente e para todos.