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O Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA 2018 – acontecerá inevitavelmente ao longo do Eixo Monumental, esse foi o recado que a coordenação nacional do FAMA passou ao governo do Distrito Federal – GDF – na reunião do último dia 31/1.

O tom decisivo se deve a várias negativas anteriores do GDF, que insistiam em ceder espaços mal localizados que, na prática, inviabilizariam a visibilidade que o assunto precisa.

No encontro, outros locais oferecidos pelo GDF como a Granja do Torto, foram considerados isolados e definitivamente rejeitados pelos representantes do Fórum. Outros, como a Universidade de Brasília, não estão totalmente descartados para serem usados, desde que conjuntamente à ocupação do Eixo.

O grupo se encontrará semanalmente para definir os locais e a estrutura necessária para que os participantes, vindos de todos os estados e também do exterior, sejam acolhidos da melhor maneira possível.

O Eixo Monumental foi projetado pelo urbanista Lúcio Costa e aberto em 1960, tem 2,4 mil metros de comprimento e concentra diversos monumentos, como museus, igrejas, órgãos da administração pública e espaços para lazer, como a Torre da TV. Popularmente, é conhecido como o “corpo do avião” no desenho do Plano Piloto de Brasília. (fonte: facebook FAMA2018)

Organizações populares debaterão privatização da água

As organizações que promovem o Fama acusam o autodenominado 8º Fórum Mundial da Água de ser o Fórum das Corporações. No site do Conselho Mundial da Água é possível observar que o empresariado é o setor mais presente no órgão.

Edson Aparecido da Silva, assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), afirma que o Fórum Mundial é um espaço excludente.

“O Fórum Mundial é uma grande feira de negócios. As empresas vão lá expor produtos e serviços. Para poder acessar o Fórum, você tem que pagar um valor alto, que atinge a casa de R$ 1,4 mil. As organizações da sociedade civil não tiveram a oportunidade efetiva de participar das construções do Fórum, que exclui do debate as várias organizações que lidam com a questão da água como os quilombolas, os indígenas, as mulheres, os atingidos por barragens”, diz.

No site do evento, a inscrição que dá direito ao acesso a todos os dias custa R$ 1.315. Após o dia 28 de fevereiro, o valor subirá para R$ 1.490. Segundo a organização, haverá um espaço aberto ao público voltado para atividades formativas e culturais chamado de Vila Cidadã. Silva critica esta iniciativa, categorizando-a como “puxadinho” e apontando que este será um espaço separado das atividades centrais do Fórum Mundial.

Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destaca que o Brasil tem as maiores reservas de água doce do mundo, visadas em um momento de crise mundial do capitalismo na qual há um avanço sobre os recursos naturais.

“O Fórum Mundial da Água reúne as transnacionais e os banqueiros do mundo inteiro. Reúne o capitalismo mundial e os governos que apoiam as privatizações. A pauta principal é a privatização da água. O objetivo é estabelecer a propriedade privada sobre a água para que os diferentes ramos de negócios relacionados sejam dominados pelo capital para gerar lucro e acumulação. O Fórum Alternativo é a oposição a isso”, explica.

Segundo Cervinski, o FAMA tem como objetivo, em meio à sua composição plural e diversa, construir leituras comuns sobre “um outro projeto de uso da água” que não sejam as privatizações e um calendário de lutas nacional e internacional relacionado ao tema. (fonte: Brasil de Fato)

FNU apoia e integra a coordenação nacional do FAMA

Em contraposição ao Fórum das Corporações – autodenominado 8º Fórum Mundial da Água –será realizado, em Brasília, entre os dias 17 e 22 de março, o FAMA 2018 – Fórum Alternativo Mundial da Água – que irá debater as questões em torno da privatização e mercantilização da água. Para participar e saber mais, acesse: www.fama2018.org / Facebook: @FAMA2018 .

A Federação Nacional dos Urbanitários – FNU -, que apoia e integra a coordenação nacional do FAMA 2018, subscreve o Manifesto do Fórum Alternativo Mundial da Água por entender que “água deve estar a serviço dos povos de forma soberana, com distribuição da riqueza e sob controle social legítimo, popular, democrático, comunitário, isento de conflitos de interesses econômicos, garantindo assim justiça e paz para a humanidade”.

Afinal, água é direito, não mercadoria.