A nova edição de uma MP que privatiza o saneamento (MP 868/18) no país e a intenção explícita do governo federal pela privatização do setor elétrico são  fatos que preocupam os parlamentares alinhados com os trabalhadores da categoria urbanitária no Congresso Nacional.

Deputado federal pernambucano espera que novo presidente desça do palanque e governe para todos. Foto: Câmara dos Deputados Nesse sentido, um desses parlamentares, o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) afirmou que pretende reeditar no nova legislatura que se inicia em fevereiro frentes parlamentares. São elas: em Defesa da Chesf e em Defesa do Saneamento Básico Público. Essas frentes são polêmicas porque vão de encontro aos projetos da nova gestão federal.

“A gente tinha derrotado a medida provisória de Temer, porque ele queria privatizar o saneamento, mas, no apagar das luzes, no último dia do mandato dele, ele republicou a medida provisória do saneamento”, justificou Cabral ao falar de uma dos temas.

O deputado pretende estar no comando de quatro frentes parlamentares (em Defesa da Chesf, em Defesa do Saneamento Básico Público, em Defesa da Região Nordeste e em Defesa do Sistema Único de Assistência Social) que não têm muita simpatia do chefe do executivo brasileiro.

Prestes a sair do forno, está a Frente em Defesa do Nordeste, que precisa ter pelo menos 198 deputados para ser consolidada. Danilo deseja alcançar entre 200 a 240 assinaturas para estabelecer um bloco que forme um elo entre os nove estados da região, debata os temas nos quais o Nordeste precisa avançar e seja capaz de manter não só um diálogo institucional com a nova gestão, como impeça eventuais perseguições políticas aos governadores. Todos apoiaram Fernando Haddad (PT) na disputa do segundo turno.

Segundo o deputado, há três motivos para a criação da frente, que está sendo articulada nos bastidores, antes mesmo do fim do recesso parlamentar. Primeiro, ausência de um ministro que represente a região no governo federal. Segundo, a sinalização de que o presidente pode retaliar o Nordeste e, por último, a sua tendência em negociar com lideranças que defendem temas específicos. Bolsonaro, por exemplo, tem relação próxima com as bancadas Bíblia, da bala e do agronegócio, que tiveram o espaço político ampliado ao longo dos anos por atuar em bloco, com raras divisões.

Danilo Cabral lembra que o Congresso Nacional terá 151 deputados federais e 27 senadores nordestinos que defenderão o acesso a políticas públicas federais. Há cerca de 54 milhões de habitantes nesta localidade, perdendo apenas para o Sudeste em população, sendo a responsável por 14% da economia brasileira. “Ainda vamos ter apoio de parlamentares de outras regiões”, apostou.

Para Danilo, dois temas em especiais já interessam aos nordestinos: a conclusão da Transposição do Rio São Francisco e a construção da Transnordestina, respectivamente responsáveis pelo acesso à água e à infraestrutura (com perspectiva de geração de empregos). “O presidente deu a entender que os governadores nordestinos não têm que ir a Brasília pedir nada a ele, porque o Nordeste escolheu outro presidente (votou majoritariamente em Fernando Haddad). Essa é uma fala equivocada de quem ainda não desceu do palanque. O momento é de governar para todos os brasileiros”, declarou. O socialista se referiu à seguinte declaração de Bolsonaro ao SBT. A de “esperar que não venham pedir nada para mim porque eu não sou o presidente deles. O presidente (dos governadores do Nordeste) está em Curitiba”, declarou o militar reformado, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Cada frente precisa da assinatura de cerca de 200 deputados para ser formalizada. (com informações: Diário de Pernambuco)

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