O presidente Jair Bolsonaro publicou no Diário Oficial da União, desta quinta-feira (10/1), decreto que extingue no Ministério das Relações Exteriores a Subsecretaria Geral de Meio Ambiente, Energia e Ciência e Tecnologia. A medida, que altera a estrutura e o quadro cargos em comissão da pasta, extingue também os departamentos de Temas Científicos e Tecnológicos, de Energia e de Sustentabilidade Ambiental. No novo arranjo desapareceu a Divisão de Mudança do Clima e não há nenhum setor com atribuição específica sobre o tema.

A eliminação da subsecretaria e de seus departamentos está diretamente relacionada à política externa que vem sendo divulgada e implantada pelo ministro Ernesto Araújo. Em outubro do ano passado, já antes de ser escolhido para o cargo por Bolsonaro, ele escreveu em seu blog Metapolítica 17 que “a esquerda sequestrou a causa ambiental e a perverteu até chegar ao paroxismo, nos últimos 20 anos, com a ideologia da mudança climática, o climatismo” (“Sequestrar e perverter”).

A mudança na estrutura do Itamaraty significa que diplomatas brasileiros não estarão respaldados para atuar nos foros internacionais para a promoção de políticas e compromissos assumidos pelo país em prol da segurança climática, na avaliação do engenheiro e ambientalista Rubens Born, diretor interino para América Latina da organização não governamental 350.org.

“A extinção da Subsecretaria elimina a dimensão da ciência na esfera da política externa relacionada a energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. E reforça os interesses comerciais acima de compromissos com o desenvolvimento sustentável, estabelecidos globalmente e soberanamente assumidos pelo Brasil, país importante no cenário internacional também nesses temas em função do “Espírito do Rio” formado com a realização das Conferências Rio-92 e Rio+20″, afirmou Born.

“A mudança no Itamaraty remove o alicerce da ciência e da boa-fé nas relações exteriores do Brasil’ e sinaliza que o atual governo é conduzido de forma irresponsável com os desafios globais das presentes e futuras gerações”, acrescentou o ambientalista.

Por meio de nota de sua assessoria de imprensa enviada ao site Direto da Ciência, o Ministério das Relações Exteriores encaminhou a seguinte resposta.

A nova estrutura do Itamaraty busca maior eficiência administrativa e economia de recursos. As modificações adequam o funcionamento do Itamaraty às novas prioridades da diplomacia e do serviço consular. Conforme determinado pelo Presidente da República, aproximaremos ainda mais o Itamaraty e a política externa dos cidadãos e empreendedores brasileiros.

(fonte: Direto da Ciência)

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