A privatização da distribuidora da Eletrobras no Amazonas, considerada a mais complexa entre as empresas vendidas pela estatal no ano passado, continua rendendo problemas.
A aquisição da companhia pelo consórcio Oliveira Energia/Atem -o único a se interessar pela distribuidora– entrou na mira do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A suspeita é que a venda provoque concentração de mercado, já que as duas empresas que compõem o consórcio já atuavam no segmento de energia na região.
No caso da Oliveira, a preocupação seria ainda maior, já que o grupo é o principal fornecedor de geradores elétricos da distribuidora.
O questionamento foi apresentado por uma empresa concorrente do grupo Oliveira, a Gopower & Air, que também aluga geradores à Amazonas Energia, mas em menor quantidade. O temor é que, com a transação, haja um fechamento do mercado.
O grupo Oliveira recebeu da Amazonas Energia R$ 143 milhões pelo aluguel de geradores em 2017. Isso representa cerca de 51% do total gasto pela distribuidora com esse tipo de despesa.
Outro questionamento é que o grupo Atem atua no setor de distribuição de combustíveis no estado.
Isso também preocupa, já que, no Amazonas, grande parte da energia gerada vem do óleo diesel, que serve de combustível a usinas térmicas e aos próprios geradores.
O documento ainda destaca um possível agravante: a compra do combustível destinada à geração elétrica em sistemas isolados é paga por todos os consumidores de energia do país, em um valor embutido na conta de luz. Ou seja, qualquer ineficiência na compra de combustível é diretamente financiada pela tarifa.
A área técnica do Cade autorizou a inclusão da Gopower no processo e ampliou o prazo para a entrega de documentos que serão analisados pela superintendência.
O consórcio Oliveira/Atem foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
A Aneel ainda não deu aval à operação.
Procurado, o órgão afirmou, em nota, que a operação está sob análise e que não se manifestaria.
A Eletrobras não se pronunciou.
Fonte: Folha de SP