Trecho do discurso pronunciado pelo governador Romeu Zema no Dia da Indústria, solenidade em que a Fiemg comemora avanços do setor que congrega e também para dar eco às suas reinvindicações, colocou em evidência a sofrível avaliação que o chefe do Executivo mineiro tem da Cemig.
Empresa fundada há quase 70 anos por Juscelino Kubitschek, dela saíram importantes medidas que asseguraram o desenvolvimento de Minas. Com seu apoio se viabilizaram grandes investimentos industriais, como Fiat, Usiminas, Belgo, Mannesmann, para citar alguns. Fez a eletrificação rural e a interiorização da distribuição de energia necessárias ao aprimoramento do agronegócio, além de grandes projetos de iluminação e de fornecimento nos espaços urbanos. Criou o Indi, cujo corpo técnico sempre estudou e fomentou a vinda para o nosso Estado de significativos investimentos. Se mais não avançou, os problemas não estão na ideia, na empresa, na instituição, mas na sua gestão.
A Cemig tem uma boa história, o que permitiu que dela saíssem cinco ministros de Estado, grandes técnicos, de destacado valor para o setor da energia elétrica em todo o país, da geração ao fornecimento a seus consumidores.
Problemas há. Centenas deles não se resolvem nem se resolverão, principalmente os gerados pelo descompromisso e pela má sina de vários chefes dos governos mineiros, ao longo de sua história, por permitirem ou mesmo promoverem que nela se aboletassem figuras que em nada poderiam contribuir para o adequado crescimento da companhia. Problemas de desvio de materiais, de corrupção, de favorecimentos os mais diversos, amplamente denunciados – sabe-se – até mesmo ao Ministério Público e que permaneceram ou ainda permanecem sem o devido tratamento legal.
Expressando que cabe ao poder público “ditar as regras, e não empreender”, o governador não está totalmente errado. O poder público é péssimo gestor de negócios e empresas, mas a Cemig não nasceu hoje. Não é uma decisão que cabe a ele, ao governador Romeu Zema, dizer o que vai ser de uma companhia que tem enormes responsabilidades sociais, que governadores irresponsáveis e de péssima formação dilapidaram, furtaram, usaram de seu patrimônio e de seus recursos para promover interesses, gerar negociatas e proteger apaniguados, nela e em suas subsidiárias, como no caso da Light, da Taesa, da Renova, como exemplos. Assuma o desafio de consertar essa companhia, livrando-a de grosseiras falcatruas. Reveja a negociação da Light e sua operação, inclusive a composição da atual diretoria, que Vossa Excelência lá colocou. Audite os contratos da Taesa, alguns com sensível descompasso entre o cronograma financeiro e o de obras entregues. Audite a área de materiais dessas empresas. Aprofunde-se.
Se, assim mesmo, for opção de seu governo vendê-la, lembre-se de que temos a energia mais cara do Brasil porque também aqui se cobra o ICMS sobre energia mais caro do Brasil: 30%.
Fonte: Ascom Sindieletro-MG