Os trabalhadores e trabalhadoras do Grupo Eletrobrás, representados pelo Conselho de Administração Empregados da estatal, mandaram uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com uma alerta sobre os riscos de uma possível privatização da companhia.
Na quarta-feira (21), o parlamentar afirmou que tem pressa em votar o projeto de lei que permite a privatização da estatal, o que depende apenas do envio de um novo projeto do governo à Casa. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou a empresários que a intenção do governo de Jair Bolsonaro (PSL) é oferecer ações no mercado e diluir a participação acionária no controle da empresa.
Os conselheiros desmentem o argumento do governo de que a Eletrobrás precisar ser privatizada para “ter futuro”. Para os trabalhadores, se fosse do interesse dos acionistas, a empresa estaria investindo mais do que investe hoje, em vez de priorizar repasse de dividendos a acionistas.
A carta apresenta dados que mostram resultados positivos no balanço da Eletrobrás. Em 2018, o lucro foi de R$ 13,3 bilhões e somente no primeiro semestre de 2019, já chega a R$ 6,6 bilhões. Mostra ainda que seu nível de endividamento é baixo em relação a empresas do mesmo setor e, por isso, tem condição de crescer e realizar novos investimentos, sem a necessidade de ser ‘capitalizada’.
Ainda na carta, os trabalhadores alertam que uma empresa do porte da Eletrobrás, nas mãos da iniciativa privada, traria uma ‘explosão das tarifas’, já que o Brasil ainda não tem políticas que regulam e fiscalizam de forma eficiente o setor de energia elétrica. E citam como exemplo casos em outros países como Leste dos EUA, Portugal e Argentina onde houve manipulação e aumento de preços aos consumidores.
Outra preocupação é com a segurança da estrutura da empresa. A Eletrobrás tem hoje mais de 200 barragens em bom estado de vigilância e os desastres de Mariana e Brumadinho, onde há barragens controladas pela Vale, privatizada nos anos 1990 pelo governo FHC, são exemplos de que há falhas na regulação e controle de empresas privatizadas. O risco, alerta a Comissão, se ampliaria com a capitalização da empresa.
Ao contrário do Brasil, que desde o golpe de 2016, vem desmontando o setor público e vendendo estatais, países como Inglaterra e Alemanha, fazem caminho inverso. Reestatizaram empresas de serviço público, após constatação de essas companhias pioraram os serviços, cobraram caro e não reinvestiram seus lucros na expansão da rede.
O Conselho de Administração De Empregados engloba os trabalhadores da Eletrobrás e as subsidiárias Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, CGTEE, Amazonas GT, Cepel e Eletronuclear.
Fonte: Portal da CUT
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