A proposta de capitalização da Eletrobras anunciada nesta semana, que pode alcançar até R$ 9,9 bilhões com a emissão de novas ações, será um o passo decisivo para a desestatização da holding, que o governo pretende concretizar no segundo semestre do ano que vem. A avaliação é do presidente da gigante elétrica, Wilson Ferreira Jr., que explicou pontos da operação a analistas de mercado em teleconferência realizada nesta quarta-feira (16).
Ele destacou a importância do aumento de capital como reforço de caixa para a empresa, que vem discutindo a operação com o governo há dois anos. “É um movimento que prepara a Eletrobras, de forma definitiva, para o processo de privatização”, frisou o CEO.
Durante apresentação, Ferreira Jr. apresentou dois cenários decorrentes do aumento que capital. No primeiro deles, no qual o valor máximo de R$ 9,987 bilhões seria atingido a partir de uma adesão de 100% dos acionistas minoritários, a Eletrobras seria beneficiada diretamente em cerca de R$ 5,9 bilhões, considerando a entrada de novos recursos e o não pagamento de dividendos capitalizados.
No cenário 2, prevendo um aumento de capital de R$ 6,290 bilhões a partir da adesão de 60% dos minoritários, o benefício direto para a estatal seria da ordem de R$ 2,2 bilhões. Ambos os cenários não consideram a subscrição de ações por parte do BNDES, BNDESpar e dos fundos de governos – todos acionistas da empresa.
Além da entrada de novos recursos, o aumento de capital – que será deliberado em AGE no dia 14 de novembro – vai evitar que a Eletrobras desembolse R$ 1,250 bilhão a investidores a título de pagamento de dividendos. Há ainda a contabilização de uma reserva especial de dividendos no valor de R$ 2,291 bilhões, registrada nos balanços financeiros da empresa nos últimos anos e que pode ser revista em 2020.
“Vamos limpar do balanço da Eletrobras essa pendência que já vem de muito tempo”, explicou o executivo, que ressaltou ainda a importância da homologação do Acordo Coletivo 2019/2020 no Tribunal Superior do Trabalho, permitindo o lançamento de um segundo Plano de Demissão Consensual este ano.
O presidente da Eletrobras detalhou na apresentação uma série de eventos operacionais que irão incrementar a receita a receita da empresa em cerca de R$ 3,1 bilhões por ano a partir de 2020. Fazem parte desse pacote a conclusão da UHE Belo Monte (PA – 11.233 MWh), que agregará ao Grupo Eletrobras – dono de uma fatia de 49,98% do empreendimento – uma receita anual de pouco mais de R$ 2,7 bilhões.
Na UHE Sinop (MT – 401 MW), usina na qual a estatal possui 49% de participação por meio das subsidiárias Chesf e Eletronorte, a conclusão do projeto prevista para dezembro deste ano significa para a holding uma incorporação de receita de R$ 142 milhões por ano, detalhou o executivo na call.
Fonte: Canal Energia- Oldon Machado