A paralisação da economia por conta da pandemia do novo coronavírus fez o governo federal adiar para próximo ano a privatização da Eletrobras, maior geradora e transmissora de energia do país.
Na tarde desta segunda-feira, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que o Congresso deve priorizar o combate à doença, e o projeto de lei que viabiliza a privatização da companhia só deve acontecer no segundo semestre do ano.
— A privatização da Eletrobras continua sendo uma prioridade — afirmou Ferreira Júnior. — Mas reconhecendo a particularidade do momento, um conjunto de prioridades se colocou à frente da Eletrobras no enfrentamento dessa crise do coronavírus. Então, muito provavelmente o PL deverá ser aprovado no segundo semestre.
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Em teleconferência com investidores e analistas do mercado para apresentação dos resultados financeiros do ano passado, o executivo destacou que a companhia está em situação sólida, mas espera que recupere maior valor de mercado, com a valorização de suas ações após a superação da crise provocada pela pandemia.
Em 2019, a Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 10,7 bilhões, resultado 20% inferior aos R$ 23,3 bilhões do ano anterior. Ferreira Júnior minimizou o fato, explicando que a queda foi ocasionada por fatores não recorrentes, como a retirada de provisão de R$ 7,2 bilhões para a usina de Angra 3. Segundo o executivo, a companhia teve o seu melhor desempenho desde o início do processo de reestruturação, há dois anos.
A empresa fechou o ano com dívida líquida de R$ 21 bilhões, contra R$ 26,4 bilhões em dezembro de 2018. Segundo Ferreira Júnior, no ano passado foram feitas várias operações para o alongamento do perfil da dívida e, por isso, a companhia não precisa tomar novos financiamentos.
— Temos uma posição muito sólida de caixa, que incluindo a Eletrobras e as subsidiárias, totaliza R$ 11 bilhões — destacou o executivo. — Estamos numa situação robusta e sólida para enfrentar um momento como este sem necessidade de ir ao mercado.
Para este ano, a companhia previa investir R$ 5,2 bilhões, mas esses valores serão revisados nos próximos meses. No ano passado a companhia só conseguiu realizar um total de R$ 3,3 bilhões, contra os R$ 5,7 bilhões previstos. Parte do que não foi cumprido se refere à usina de Angra 3.
Além do atraso na privatização, Ferreira Júnior informou que a usina nuclear de Angra 3 levará pelo menos mais 11 meses para ficar pronta. A previsão agora é que a planta entre em operação apenas em novembro de 2026.
A expectativa do executivo é que, mesmo com a economia praticamente paralisada, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprove em breve o modelo de retomada das obras — paradas desde 2015 — para a escolha do parceiro privado.