A CUT-RS repudia a suspensão por 30 dias, sem remuneração, do diretor do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul) Márcio Braga, pela atual direção da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) nomeada pelo governo Eduardo Leite (PSDB), afirma que é mais uma intimidação à luta do movimento sindical contra a venda das empresas do povo gaúcho e promete lutar para reverter “essa punição arbitrária e descabida”.
A direção da empresa puniu o dirigente no último dia 5 porque ele deu uma entrevista ao Seu Jornal, da TVT, onde criticou a privatização e defendeu a manutenção da estatal como empresa pública. Outros dois eletricitários ouvidos na reportagem, que não falaram sobre a venda da CEEE, foram advertidos.
Na matéria da TVT, que destacou o valor do trabalho dos funcionários da CEEE para garantir energia em tempos de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, Márcio declarou que “o risco de perder o emprego é iminente com a privatização e neste momento é importante mostrar para a população que a empresa deve estar na mão de cada cidadão, que essa empresa é dele”.
“Entregar essa empresa para um investidor, um grupo estrangeiro, é uma perda muito grande que às vezes a sociedade não percebe. Isso é inaceitável. Ninguém faria isso com o seu próprio patrimônio”, afirmou.
No documento recebido por Márcio, assinado pelo diretor de Distribuição da CEEE, Giovani Francisco da Silva, consta que o dirigente sindical teria praticado “atividades de natureza política ou ideológica nas áreas e locais de trabalho da Companhia”. Ao final, o eletricitário sofre ainda ameaça.
“Esperamos que o Senhor reavalie seu comportamento evitando, assim, o recebimento de novas punições disciplinares”, diz trecho do documento.
Intimidação à luta do Senergisul
“Trata-se de um ato de pura intimidação à luta do Senergisul e do movimento sindical contra a venda das empresas do povo gaúcho”, denuncia o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
“O governo Leite segue a mesma política de Sartori e quer entregar as empresas de energia, o que empobrecerá o Estado, aumentará as tarifas cobradas dos consumidores e colocando em risco o atendimento da população, especialmente das localidades mais afastadas”, alerta Cenci.
O presidente da CUT-RS disse ainda que a Central está solidária à luta dos companheiros da Senergisul para reverter essa punição arbitrária e descabida. “Não vamos nos calar e continuaremos brigando contra a privatização da CEEE, CRM e Sulgás, mesmo após a aprovação do projeto do governador pela base aliada na Assembleia Legislativa. Também estamos na luta para impedir que acabem com o plebiscito para a venda do Banrisul, da Corsan e da Procergs, que os deputados aliados do Leite querem aprovar”.
Perseguição ao movimento sindical
Para a presidente do Senergisul, Ana Spadari, a suspensão de Márcio foi “um ato covarde de perseguição ao movimento sindical porque o dirigente se contrapôs na reportagem da TVT à proposta de venda da empresa, que está sendo tocada pelo atual presidente da CEEE, indicado pelo governador tucano, e que veio da direção da RGE, a principal empresa privada que está interessada na compra da estatal”.
Ela salienta que o Sindicato já denunciou o caso para a Assembleia Legislativa. “É inconcebível que a CEEE aplique uma punição injusta contra um funcionário, diretor do Senergisul, que se manifestou em defesa da empresa pública, onde trabalha com dedicação, e que é fundamental para levar energia ao povo gaúcho”, enfatiza Spadari.
Censura
O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) afirmou que “é um caso gravíssimo de perseguição” e que “Márcio expressou o que os seus colegas gostariam de dizer”. O parlamentar classificou o ato da direção da CEEE como “censura e sinônimo de ditadura”.
Ele gravou um vídeo e adiantou que já encaminhou o caso para a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia e ao Ministério Público.
Escrito por: CUT-RS