Em todo o período que estamos discutindo a privatização do saneamento, desde as edições das Medidas Provisórias de Michel Temer e as investidas de Bolsonaro para entregar a água à iniciativa privada, muito se fala em ter que investir 500 bilhões de reais e que somente o setor privado teria o dinheiro para fazer os investimentos necessários. Isso é uma grande mentira! Por que seria mentira? Simplesmente porque a Lei brasileira já permite que o privado se quiser, invista, mas não!

Eles não querem investir e resolver o problema querem de fato se apropriar desse bem precioso para a vida. Ah, devemos lembrar que o tal “investimento” é feito com dinheiro público a juros subsidiados. O que está sendo proposto não é de forma alguma o investimento para melhorar a vida da população menos favorecida e sim a mercantilização da água.

Vejamos alguns exemplos de privatização: Uruguaiana no RS teve como solução mágica a privatização, e hoje a população clama pela saída da empresa que ganhou a “concorrência” na época. Em Manaus já está privado há 20 anos, e hoje tem somente 12% de esgotamento sanitário com riscos no abastecimento de água, logo na Amazônia.

Tocantins teve a “devolução” para o Estado dos 78 municípios menos rentáveis, dos 125 privatizados. Sem contar com inúmeros exemplos internacionais, onde o modelo de privatização do saneamento não deu certo. Vamos citar apenas um, muito interessante, que é o do Chile onde a população tem que escolher em fazer comida ou lavar roupas, e as “necessidades” são feitas em recipientes que ao final do dia são jogados na privada para dar apenas uma única descarga no vaso sanitário.

Essa é a realidade da privatização da água. Pessoas deixadas de lado e o lucro acima de tudo. Se o Governo Federal realmente fosse Patriota como se auto-proclama defenderia o seu povo e sua soberania e entregar saneamento para todos é dever do estado, pois é uma questão de saúde. Água não pode e não deve ser mercadoria, ÁGUA é VIDA!

Não à privatização da água!

 

Arilson Wünsch é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS) e coordenador da  Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental.