O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na tarde desta 6ª feira (11.dez.2020) que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está negociando a modelagem da privatização da Eletrobrás para beneficiar acionistas.
A declaração de Maia foi em evento do Lide, organização de lobby ligada ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP). Eis a declaração em que o deputado acusa o ministro:
“Uns 3 meses atrás eu fiquei até muito empolgado. O Ministro da Economia disse que ia fazer em 90 dias 4 privatizações. Eu estou procurando as privatizações. Procurando para um lado, procurando por outro. Nenhuma. E a única que ele colocou está sob suspeição, que é a Eletrobrás. Porque está negociando modelagem”, disse Maia.
“Está negociando modelagem para beneficiar acionista incluindo uma usina que a concessão vence agora. Está sob suspeição. É por isso que ela não andou na Câmara. Não foi porque eu fiz acordo com a esquerda, que o ministro fala. Não andou porque está sob suspeição porque querem incluir uma usina na privatização da Eletrobras e isso vai beneficiar os acionistas atuais da Eletrobras. E quero ver o ministro falar que é mentira o que estou falando, que a equipe dele fala isso”, declarou o deputado. A fala pode ser ouvida neste link.
A privatização da Eletrobrás está tramitando na Câmara. Guedes costuma dizer que as vendas de estatais, que precisam de aprovação do Legislativo, não andam porque Maia fez um acordo com os partidos de esquerda para não colocar os projetos em votação.
“Cadê o projeto de lei dos Correios? Docas? Não sei mais qual. Aliás, aqui entre nós, numa despesa de R$ 600 bilhões ele tratar o assunto da privatização como urgência, desculpa, com todo respeito, é até brincadeira”, declarou Maia. A despesa à qual ele se refere é a de enfrentamento à pandemia.
A declaração de Guedes sobre 4 privatizações em 90 dias foi dada em 6 de julho. O prazo estipulado pelo ministro venceu no começo de outubro.
Maia está no fim do período à frente da Câmara, iniciado em 2016. Em fevereiro a Casa escolherá um novo presidente. O STF (Supremo Tribunal Federal) vetou que ele se candidate novamente.