A categoria petroleira decidiu que a zero hora e 1 minuto do dia 18/02, quinta-feira, cruzará os braços. Nessa data, os petroleiros da Bahia entram em greve por tempo indeterminado em defesa dos empregos e dos direitos. O movimento é também um protesto contra o assédio moral e a insegurança nas unidades do Sistema Petrobrás.
A data do movimento paredista foi decidida no Seminário de Qualificação de Greve, que aconteceu no sábado (13). O evento reuniu a categoria petroleira, dirigentes do Sindipetro Bahia, do Sindipetro Minas Gerais e de outros sindipetros, além da Federação Única dos Petroleiros.
No seminário, que foi acompanhado pela assessoria jurídica do Sindipetro, foi decidida a estratégia da greve que será colocada em prática essa semana.
Dirigentes do sindicato ressaltam que, como sempre fez, a entidade irá cumprir rigorosamente o que está previsto na Lei de greve e que já encaminhou à Petrobrás o documento de notificação do movimento paredista. Essa notificação também está sendo encaminhada ao Ministério Público do Trabalho e ao Tribunal Regional do Trabalho, na Bahia.
Um comunicado à sociedade baiana sobre a legitimidade, legalidade e importância da greve também foi publicado no jornal Correio da Bahia e no site Bahia Notícias.
A categoria já havia aprovado a greve em dezembro de 2020 em assembleias que aconteceram em todas as unidades do Sistema Petrobrás.
Pressão e assédio moral
O desmonte da Petrobrás e sua iminente saída da Bahia vem provocando sérias consequências para o estado e os municípios produtores de petróleo, que têm nos impostos pagos pela estatal uma das suas principais fontes de receitas. Outro grande prejuízo vem se dando devido à opção da Petrobrás pela redução do refino em seus parques e pela importação de produtos em detrimento dos que possuímos em solo nacional, tudo ancorado ao dólar alto e à elevação de preços dos combustíveis e outros derivados de petróleo.
Os petroleiros também vêm sendo afetados com essa decisão de venda das unidades da estatal. “Na Bahia, o cenário é de terror, com a transformação do assédio moral em ferramenta de gestão, o que gerou adoecimentos e até morte”, denunciam os dirigentes do Sindipetro. Soma-se a isso a redução acelerada dos quadros dos funcionários para menos de um terço do que havia poucos anos atrás e a continuidade dessas reduções com programas de demissão e transferências forçadas.
Já foram desmobilizados e vendidos diversos campos terrestres de petróleo e gás. Houve também a desocupação da Torre Pituba, hibernação e posterior arrendamento da FAFEN e, agora, a venda da Refinaria Landulpho Alves.
Além de lutar pela manutenção dos empregos, sejam dos próprios ou dos terceirizados – a maioria deles deve ser demitida com a venda da Rlam -,, pelo fim dos assédios aos trabalhadores e garantia de um ambiente laboral saudável, os petroleiros alertam que a entrega da Refinaria Landulpho Alves para a Mubadala, concretizará um monopólio privado regional onde, o fundo árabe, irá impor, cada vez mais, altas nos preços dos derivados de petróleo, gasolina, diesel e gás de cozinha.
A venda da Landulpho Alves (RLAM), para o Fundo Mubadala por US$ 1,65 bilhão, também está sendo contestada por economistas e especialistas no assunto.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), usando o método de fluxo de caixa descontado, apontou que a refinaria valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Ou seja, a venda está sendo feita pela metade do valor real da Rlam.
A diretoria do Sindipetro conclama a sociedade, as centrais sindicais e os movimentos sociais a apoiar a greve dos petroleiros. E pede à categoria que “permaneça unida e fortaleça as ações do sindicato para que possamos realizar uma greve forte e vitoriosa”.
Fonte: CUT Brasil