04/12/2014
Dilma 2015: os desafios do segundo mandato

A presidenta que tomou posse para o segundo mandato já não é mais a mesma pessoa e não está mais no mesmo Brasil de quatro anos atrás.

Dilma tem agora mais experiência. Aprendeu por tentativa e erro e, também, aos trancos e barrancos, que precisará agir de forma diferente para sobreviver às constantes tentativas de cerco contra seu governo. Precisará ser outra Dilma.

Sua popularidade começa menor, comparada à de 2011. Seus partidos de apoio diminuíram de tamanho no Congresso e estão mais pulverizados. Os movimentos sociais veem boa parte de seu ministério com desconfiança.

A oposição partidária e midiática está mais agressiva do que nunca.

A economia vai mal. Vai mal praticamente no mundo inteiro, o que torna difícil qualquer cenário mais otimista.

A única boa notícia possível é a de que este ano tende a ser um pouco melhor do que anterior, mas não o suficiente para imaginar que o Brasil e a América Latina recuperem sua atividade econômica em ritmo mais intenso.

Dilma tem em mãos muitos grandes problemas. Os três principais são:

1) na política, a relação com o Congresso, com os movimentos sociais e com a mídia;

2) na macroeconomia, a sintonia fina para reforçar as contas públicas e controlar a inflação sem comprometer o emprego e retomando aos poucos o crescimento;

3) Nas obras de infraestrutura, o grande problema é que a espinha dorsal dos investimentos depende das estatais, em especial da Petrobrás, e das empreiteiras, todas elas enredadas em uma crise instalada pelas revelações da Operação Lava Jato.

O ano de 2015 será de vacas magras. O governo precisa imediatamente preparar a população para isso.

Terá deixar claro onde serão feitos ajustes e mesmo sacrifícios e a que preço.
O grande desafio de Dilma é manter o tripé que sustentou seu governo e o de Lula: políticas sociais de redução das desigualdades, estabilidade econômica e melhoria da infraestrutura.

Esses três ingredientes serão fundamentais para o sucesso ou fracasso de seu segundo governo e estarão sob constante disputa de todos os setores – esperemos também que os movimentos sociais estejam atentos para essa agenda.

Está claro que não basta eleger presidentes da República.

O Brasil, em 2015, é um carro com pouco combustível enfrentando um terreno esburacado e íngrime.

Precisará ser empurrado para o rumo certo por aqueles que torcem para que ele possa voltar a engrenar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.