16 de novembro de 1997 – Centenas de trabalhadores e trabalhadoras eletricitários e gasistas de todo estado de São Paulo lotam uma assembleia histórica na capital paulista, em um momento já marcado por várias transformações no mundo do trabalho e pelo impacto das muitas mudanças no setor de energia, como a implantação desregrada de novas tecnologias, o festival de desmonte para a privatização do patrimônio público e a mudança da matriz energética.
Os tempos já são difíceis, mas, diante do novo cenário e depois de muito debate, a certeza é uma só: a necessidade de reinventar também a organização sindical com unidade, resistência e ousadia, para unificar eletricitários e gasistas em uma nova categoria – os energéticos paulistas – e para fortalecer a luta em defesa dos direitos e conquistas dos trabalhadores, além de garantir a qualidade da prestação de um serviço essencial à população e à vida.
Um dia que entra para a história do movimento sindical combativo. E, não por acaso, é exatamente no Dia do Eletricitário que nasce, oficialmente, o Sinergia CUT (Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo), com aprovação unânime dessa assembleia também histórica, marcando a fundação de uma entidade representativa de cerca de 30 mil trabalhadores para continuar fazendo história na vanguarda do sindicalismo classista.
1999 – Filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) em dezembro, o Sinergia CUT já é referência de liberdade e autonomia na prática, vencendo o desafio de reinventar uma nova forma de organização sindical de um setor estratégico e essencial também ao desenvolvimento econômico brasileiro.
16 de novembro de 2021 – Vinte e quatro anos depois, nessa caminhada de luta e de desafios coletivos, os energéticos continuam a construir uma entidade democrática e transparente para garantir a defesa dos direitos legais e legítimos da categoria, junto com a atuação competente para a construção da democracia brasileira, com igualdade de direitos, justiça social e cidadania para todos e todas.
É exemplo de unidade e ousadia também ao reunir sete sindicatos em uma mesma luta, que é a defesa dos direitos de cada trabalhador e cada trabalhadora das cerca de oitenta empresas da base do ramo de energia. O projeto Sinergia CUT, fundado pelo Sinergia Campinas e pelo Sinergia Gasista, atualmente conta com a participação do Sinergia Prudente, Sinergia Sindergel, Sinergia Araraquara, Sinergia Mococa e Sinergia Rio Preto.
Dias de luta, dias de glória
Nessa caminhada, foi possível lutar e vencer para ter mais esperança no Brasil, com a eleição de governos democrático-populares que criaram mais e melhores empregos, investiram na distribuição de renda, ampliaram o acesso à saúde e à educação, buscando a inclusão social inclusive no setor de energia, com programas voltados à população de baixa renda.
Isso incomodou os “poderosos de plantão” até que voltamos no tempo em situação ainda mais difícil. Tempos de golpes, ilegalidades e retrocessos. Foi fatal para a classe trabalhadora quando, em meados de 2016, um golpe político-jurídico-midiático afastou uma presidenta legitimamente eleita que não cometeu nenhum crime, ferindo de morte a jovem democracia brasileira.
E assim, o ano de 2017 já começou com vários golpes dentro do golpe. Ao impor um governo ilegítimo, comprometido com o retrocesso histórico, os golpistas retomam o neoliberalismo ultrapassado das elites com alvo voltado para a retirada de direitos dos trabalhadores. A única saída para a classe trabalhadora foi, novamente, a resistência com muita mobilização.
E foi o que fez também o Sinergia CUT que continuou na luta e nas ruas para resistir aos ataques do governo ilegítimo aliado aos patrões e aos rentistas que, além de atacar o movimento sindical, impôs várias antirreformas para retirar direitos trabalhistas e conquistas previdenciárias históricas, forçando a classe trabalhadora a pagar a conta do desemprego, dos salários baixos, da precarização que adoece e mata.
Resistência e ousadia sempre
Mas o que parecia ainda mais difícil aconteceu. O golpe fatal chegou com a eleição presidencial de 2018, com a escolha de um desgoverno de ultradireita, negacionista, machista, racista, misógino, xenofóbico e LGBTfóbico, com apoio de um gabinete paralelo, de uma rede de ódio e de uma fábrica de fakenews. Um desgoverno inspirado no então presidente dos Estados Unidos e assessorado por um autoproclamado filósofo representante do ultraconservadorismo no Brasil.
Para muitos dos desavisados, a máscara caiu com a chegada da maior e mais grave crise sanitária, política, econômica e humanitária da história do Brasil, provocada pela pandemia do novo coronavírus, que exigiu quarentena e isolamento social para combater a disseminação da covid-19, mas escancarou a opção antivacina e genocida de Jair Bolsonaro (sem partido) e já matou mais de 610 mil brasileiros.
Mais uma vez, o Sinergia CUT ultrapassou limites para reinventar a organização sindical e a comunicação com a categoria. Nesse mais de um ano e meio de tempos pandêmicos, a direção do Sindicato superou desafios e, ainda que virtualmente, continuou decidindo com os trabalhadores e as trabalhadoras reivindicações, pautas, negociações, acordos, precarização, terceirização, denúncias, acidentes e mortes de quem continua na linha de frente para garantir inclusive o trabalho em home office da classe trabalhadora e as vidas de muitos brasileiros e brasileiras em hospitais.
Bom que quem está chegando, garantindo a renovação e a inclusão da juventude no dia a dia dos Sindicatos, conheça essa história. Certeza de que existe ainda muita história para escrever, com luta, unidade e ação sindical para encarar novos desafios e arrancar conquistas. Principalmente agora para barrar o retrocesso aos porões da ditadura, o genocídio de tantas pessoas queridas e o clima de ódio acima de tudo e de todos.
Daqui para frente, só com mais coragem e muita esperança é possível enfrentar os novos desafios e outros vários golpes que certamente virão. Porque o que a vida quer da gente é coragem. Porque esperançar é preciso. Porque juntos somos mais fortes. Porque o Sinergia CUT é muita resistência e mais ousadia aos ataques de empresas e de governos sempre!