Mais uma vez Felipe Rigoni, deputado federal, pré-candidato ao Governo do Espírito Santo, fala em privatizar a Cesan. Desta vez em entrevista jornalista Vitor Vogas, do portal ES360. E mais uma vez Felipe Rigoni demonstrou um profundo desconhecimento sobre a Companhia e os serviços prestados no Espírito Santo.
Mais uma vez o deputado cita o número de capixabas sem acesso à água tratada como principal motivo para a venda da empresa pública. O número generaliza o saneamento básico e não leva em consideração que a Cesan atua em 53 dos 78 municípios do Espírito Santo, por exemplo.
De qualquer forma, Rigoni diz que “o modelo está esgotado” e cita a venda da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), no Rio de Janeiro. Mas ele não fala que essa privatização foi uma das condições impostas pelo governo federal para o pacote de socorro à crise financeira do RJ, um Estado em colapso econômico.
No Espírito Santo, um Estado com as contas equilibradas, Rigoni defende a privatização para cobrar das empresas um maior volume de investimentos para expansão do sistema. Além disso, ele acredita que privatizando, a população pagaria menos na tarifa. Será que o deputado já comparou a tarifa praticada pela Cesan com a praticada pelo serviço privado que atua em Cachoeiro de Itapemirim? Uma casa com consumo médio de 15m³ de água paga pelo menos 30% mais caro à iniciativa privada. O que será que a população pensa de um aumento como esse?
Ademais, a iniciativa privada já demonstrou ser incapaz até mesmo de prestar os serviços que assumem, quem dirá investir o necessário para o desenvolvimento da área. De acordo com um mapeamento feito por onze organizações majoritariamente europeias, da virada do milênio para cá já foram registrados 267 casos de “remunicipalização”, ou reestatização, de sistemas de água e esgoto.
No ano 2000, segundo o estudo, só se conheciam três casos. Ou seja, esgotado mesmo é o modelo de privatização. Em Lyon, por exemplo, o fornecimento de água voltará para a gestão pública em janeiro de 2023, após 36 anos de concessão privada para a multinacional Veolia Environnement.
Talvez Felipe Rigoni não saiba que Vitória foi a primeira Capital do Brasil a ter 100% de esgoto tratado. E da mesma forma que a Cesan atende à Capital, atende ao município de Divino de São Lourenço, na região do Caparaó, que também tem 100% de esgoto tratado. Será que a iniciativa privada, para quem Rigoni anseia entregar a Cesan com argumentos insustentáveis, atenderia a este município de pouco mais de 4 mil habitantes?
Em todo mundo, empresas privadas, que têm como objetivo obter o maior lucro possível com o menor investimento, não deram conta de cumprir com os compromissos que cabem ao serviço de saneamento, além de cobrar tarifas abusivas e contribuir significativamente para a poluição de corpos hídricos.
A Cesan é uma empresa que presta serviço de qualidade e dá lucro. Com mais de 50 anos de trabalho para os capixabas, a companhia teve lucro líquido de R$ 187,9 milhões em 2020. É a empresa pública que Rigoni quer vender que investiu R$ 265 milhões para garantir os serviços de coleta e tratamento de esgoto, proporcionando a manutenção da universalização do serviço de abastecimento de água nas áreas atendidas por ela, bem como o aumento da cobertura de esgoto ao ritmo da universalização e a melhoria contínua em seus sistemas de gestão para manutenção da qualidade de seus serviços, que conta com as tecnologias mais modernas do mundo e é referência em eficiência em todo Brasil.
O que gostaríamos de saber do deputado, afinal, é onde ele encontra informações para essas afirmações que faz com tanta coragem e de onde vem um desejo tão grande de vender uma empresa pública, um bem de todos os capixabas.
Fonte: Ascom Sindaema-ES