Déficit de servidores passa de 1300, já compromete serviços e há suspeita de sucateamento intencional para forçar privatização
O Sindiágua/RS denuncia a falta de funcionários na Corsan e cobra a realização de concurso público para repor servidores em áreas estratégicas, como o tratamento de água e esgoto. O presidente da entidade, Arilson Wünsch, destaca que a falta é generalizada em todas as regiões do estado comprometendo o cumprimento dos serviços. A estimativa é da necessidade de mais de 300 servidores no tratamento e cerca de mil no quadro geral.
O Sindiágua revela que a direção da companhia negligencia os avisos do corpo técnico, que está preocupado com a qualidade dos serviços na área de saneamento, setor essencial para a saúde. “Alertamos fortemente a direção da Corsan para a isso e temos inclusive ação judicial junto ao Ministério Público e também vários pedidos de Concurso Público”, informa. Arilson Wünsch acentua a preocupação dos trabalhadores da Corsan que buscam manter a excelência na prestação de serviços de saneamento básico, mas a escassez de servidores específicos em áreas estratégicas prejudica seguir as normas do setor.
“Está faltando muito pessoal para o tratamento. Diferentes setores fazem reuniões frequentes para tentar resolver. São muitos colegas do tratamento que estão pedindo demissão, se aposentando ou tendo problemas de saúde. O fato é que faltam pessoas para o tratamento e a Corsan está começando a não cumprir os protocolos de tratamento, em especial no esgoto. Funcionários de outros setores estão fazendo trabalhos na área de tratamento”, apontou um servidor que não quer se identificar.
Sucateamento intencional
“É uma grande incompetência da atual gestão capitaneada pelo presidente Roberto Barbuti, ou também podemos deduzir que pode ser uma ação deliberada, para usar o sucateamento para vender a companhia a preços módicos para seus parceiros do mercado financeiro, principais interessados nesse ‘negócio’ muito rentável que é a água”, cogita o presidente do Sindiágua.
“Esta falta de recursos humanos só comprova que o governo do estado gerido por Eduadro Leite e agora por Ranolfo Júnior nunca esteve preocupado com a qualidade do saneamento. Em quatro anos de gestão cuidaram apenas de preparar a Companhia para a privatização desqualificando seu corpo técnico e sucateando o atendimento à população além de não terem captado qualquer financiamento para qualificar este importante serviço público”, completa Wünsch.
Ato em defesa da água pública
O Sindicato que representa cerca de cinco mil servidores no RS está convidando toda a sociedade para o ato “RS pela Água” marcado para 28 de junho, em Porto Alegre, em defesa da água pública.
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) também tem sido alvo de tentativas de privatização e igualmente apresenta falta de pessoal.
Saneamento é saúde e bem estar
A cada R$ 1,00 investido em saneamento básico economiza R$ 4,00 em gastos na da saúde pública. Estudos comprovam ainda que cada R$ 1,00 investido no saneamento proporciona R$ 29,19 em benefícios sociais, tanto em mais saúde, mais qualidade de vida e melhores condições, confirma estudo divulgado neste ano. O trabalho resultou no livro “Quanto vale cada real investido em saneamento no Brasil?”, uma obra que destaca o saneamento como uma importante ferramenta de inclusão social, responsável por proporcionar ganhos sociais e econômicos à sociedade.
“Investir em recursos humanos na área do saneamento é manter equipes qualificadas e preparadas para realizar o tratamento e cuidado que esse segmento necessita”, acentua o Arilson Wünsch, que é técnico em tratamento da companhia. O presidente do Sindiágua alerta ainda para graves prejuízos à população caso a Corsan seja vendida. “O RS constatou recentemente os danos causados por entregar a CEEE-D para o setor privado, com serviços piores e conta de luz mais cara”, completou.
Fonte: Ascom Sindiágua-RS