Eletricitários e eletricitárias do interior de SP continuam construindo um Sindicato ousado e combativo
Com o nome de Sindicato dos Operários em Fiação, Luz e Força, o Sindicato foi fundado oficialmente, como uma entidade municipal, em 10 de agosto de 1934. Dez anos depois, em 26 de fevereiro de 1944, a nomenclatura mudou para Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Energia Hidroelétrica de Campinas, então com base regional. Ao longo dos anos, a base legal foi ampliada – antes e depois de se transformar no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas (Stieec), em 21 de julho de 1981.
Alvo da ditadura
Mas a história de combatividade começou em 9 de fevereiro de 1963, com a posse de uma diretoria identificada com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e que ficou no comando da entidade até ser cassada, em abril de 1964.
Vale lembrar que há 58 anos, o golpe militar matou, torturou e prendeu lideranças e militantes de oposição, inclusive sindicalistas, em todo o Brasil. O Stieec foi um dos alvos de uma intervenção autoritária para calar a voz da diretoria ligada ao PCB.
Combatividade de volta
Muitas histórias e muitos anos depois, a ousadia da luta só foi retomada em 1987, quando a chapa da CUT, de oposição aos pelegos de cartório, retomou a entidade e resgatou o papel do Sindicato como o legítimo representante dos eletricitários e eletricitárias do interior de SP.
O Brasil avançava rumo à redemocratização. E o Stieec começava a escrever uma nova história a partir dos princípios da CUT, com disposição de luta, consciência de classe, transparência e democracia. Mas, principalmente, com muita ousadia para enfrentar os desafios e os ataques dos patrões das empresas ainda estatais.
Maior greve da história
Maior exemplo desses novos tempos de unidade na luta foi a histórica greve de 10 de maio de 1989, que durou mais de uma semana e paralisou as principais usinas paulistas, apesar das punições injustas e das demissões ilegais, pouco depois anuladas pela Justiça.
Defesa do patrimônio público
Não dá para esquecer também da prioridade da luta para preservar o patrimônio público e garantir a qualidade da energia que chega à população durante todos esses anos.
Bons motivos para que a entidade, no início dos anos 90, apresentasse denúncias comprovadas dos cabides de emprego nas então estatais e do desvio de dinheiro de aposentados pela diretoria pelega.
Luta contra a privataria
Pouco tempo depois, o Sindicato lidera a luta contra a privataria tucana, que retalhou as empresas, rifou o patrimônio dos paulistas e repassou o controle acionário ao capital privado, que acabou transformando um serviço essencial à vida em fonte de lucro para poucos.
Esse novo tempo de combatividade trouxe também a ousadia de uma prática sindical que faz a diferença até hoje, a partir da Organização nos Locais de Trabalho (OLT), com eleições diretas para Representantes Sindicais.
Vanguarda sindical
Tanta ousadia fez do Stieec o primeiro sindicato do Brasil a impedir o desconto compulsório do Imposto Sindical e investir na autossustentação financeira. Por quase trinta anos o Sindicato impede o desconto do imposto ou devolve os 60% da parte que lhe cabe a todos os sindicalizados.
Vale destacar ainda a intensa negociação para conquistar Acordos Coletivos justos, sempre voltados para garantir renda e empregos, ao impedir demissões em massa. Direitos que são conquistas da luta diária e da capacidade de negociação com o respaldo da mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras na base.
Projeto Sinergia CUT
Ainda na vanguarda do movimento sindical, o Stieec investe também na organização por ramo e, junto com o Sindgasista, transformou um antigo sonho em uma nova realidade: a criação do Sinergia CUT, referência nacional de liberdade e autonomia sindical.
Foi em 16 de novembro de 1997 que uma assembleia histórica – com a participação de mais de mil trabalhadores e trabalhadoras dispostos a unificar e fortalecer a luta da categoria energética em todo o estado de São Paulo – aprovou a criação do Sinergia CUT, entidade que nasceu para combinar a atuação classista com a luta por cidadania.
Congresso aprova e Sindicato se transforma em Sinergia Campinas
Quase vinte anos depois, durante o 5° Congresso do Sinergia CUT, realizado em junho de 2017, trabalhadores e trabalhadoras aprovaram algumas alterações no Estatuto do Sindicato para expressar como essa nova concepção e prática sindical vem sendo implementada.
Assim, o Sindicato dos Eletricitários de Campinas também passa a ser chamado de Sinergia Campinas, como todas as demais entidades que fazem parte do projeto Sinergia CUT. E continua a construir uma história de luta para garantir conquistas e enfrentar os desafios de empresas e governos, principalmente nesses tempos difíceis de pandemia e retrocessos históricos.
Fonte: Lílian Parise – Jornalista do Sinergia-Campinas