Esta semana, em encontro com mais de 6 mil trabalhadores, o Papa Francisco defendeu a importância do movimento sindical para a classe trabalhadora. “Os sindicatos são chamados a serem a voz de quem não tem voz”, declarou o pontífice, acrescentando que “não há sindicato sem trabalhadores e não há trabalhadores livres sem sindicatos”, enfatizou.
O presidente da FNU, Pedro Damásio, destaca que, independentemente de qualquer credo religioso professado por cada pessoa, a mensagem de Francisco é acima de tudo uma defesa da classe trabalhadora e enxerga na mensagem do Papa a missão que deve ser exercida por todos os dirigentes sindicais.
Francisco ressaltou que “entre as tarefas do sindicato está a de educar ao sentido do trabalho, promovendo a fraternidade entre os trabalhadores. Esta preocupação formativa não pode faltar. É o sal de uma economia saudável, capaz de fazer do mundo um lugar melhor.
De fato, acrescentou o Papa “os custos humanos são sempre também custos econômicos e as disfunções econômicas sempre implicam também custos humanos”. Desistir de investir nas pessoas para obter um lucro mais imediato é um mau negócio para a sociedade”.
Ao lado da formação, é sempre necessário apontar as distorções do trabalho, disse ainda o Papa. A cultura do descarte entrou nas dobras das relações econômicas e também invadiu o mundo do trabalho. Em seu discurso, o Papa lamentou o elevado número de mortes e acidentes trabalhistas. “Cada morte no trabalho é uma derrota para toda a sociedade. Não permitamos que ponham o lucro e a pessoa no mesmo patamar”, afirmou.
Preocupação com a situação de jovens e mulheres
Francisco também se declarou preocupado com a situação dos jovens e das mulheres. “Vemos isso, por exemplo, onde a dignidade humana é espezinhada pela discriminação de gênero – por que uma mulher deveria ganhar menos do que um homem? -; é visto na precariedade da juventude – por que as pessoas têm que adiar suas escolhas de vida por causa da precariedade crônica? -; ou na cultura da demissão; e por que os empregos mais exigentes ainda são tão mal protegidos? Muitas pessoas sofrem com a falta de trabalho ou por causa de um trabalho indigno: seus rostos merecem escuta e o compromisso sindical”.
Em particular, o Papa pediu que cuidem dos jovens, que muitas vezes são obrigados a contratos precários, inadequados e escravizadores.
Outra inquietação apontada pelo pontífice é com a exploração do trabalhador. O Papa criticou tanto o trabalho precário quanto o análogo à escravidão, além das jornadas exaustivas: “Há pessoas que, apesar de terem um emprego, não conseguem sustentar suas famílias e ter esperança no futuro”, salientou.
Pedro Damásio enfatiza que a mensagem de Francisco reforça a importância dos sindicatos em defesa dos direitos dos trabalhadores e de que todas as conquistas da classe trabalhadora é fruto da luta da organização por meio de seus sindicatos.
Para o presidente da FNU, “por mais que haja uma disseminação da cultura de destruição do sindicalismo, imposto pela classe dominante, os trabalhadores precisam estar cada vez mais unidos para ter seus direitos respeitados. É isso só é possível por meio dos sindicatos, porque sem sindicato, não há direitos”.
Leia mais sobre a mensagem do Papa Francisco, em:
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-12/Papa-francisco-mortos-local-trabalho-sindicato.html