Nesta quarta-feira (28/2) ocorreu em Teresina (Piauí) a sexta e última audiência do BNDES sobre a privatização das distribuidoras da Eletrobras.
Assim como já havia ocorrido com as audiências para a privatização da Boa Vista Energia (Roraima), Amazonas Energia (Amazonas), Ceron (Rondônia), Eletroacre (Acre) e Ceal (Alagoas), a audiência desta quarta-feira sobre a venda da Cepisa foi marcada pelo impedimento da participação de trabalhadores e de representantes de movimentos sociais – MST e MAB -, por meio da presença de forte aparado policial.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Piauí, Paulo Sampaio, criticou o aparato de segurança na audiência e afirmou que o comportamento de seguranças privados e da Polícia Militar causou reação de trabalhadores que participavam da audiência, o que levou a tumulto.
Truculência
Servidores da empresa chegaram a ser detidos pela tropa de choque da Polícia Militar, que estava no local. A coronel Júlia Beatriz, coordenadora de gerenciamento de crise da PM, confirmou que três manifestantes foram detidos e afirmou que todos foram algemados para que fossem conduzidos e retirados do auditório.
Paulo Sampaio explicou que houve truculência da polícia. Ele falou no momento: “Aqui não foram nem 30 minutos de audiência, a mesa ficou vazia, não houve clima, houve enfrentamento entre os trabalhadores e a polícia. Tem três companheiros nossos que foram detidos e estão lá dentro, porque a polícia foi truculenta, inclusive teve pancadaria e teve trabalhadores que saíram sangrando. Foi aberta a audiência para que as pessoas pudessem se manifestar e não houve ninguém para dizer se era a favor ou contra. Entendemos que é uma audiência nula e ilegal”.
Audiência ilegal
No transcorrer do tumulto, Sampaio enfatizou que “o clima está muito tenso, essa audiência é ilegal e estamos aqui resistindo. Vamos ficar de vigília e não aceitamos a prisão dos trabalhadores que estão lutando contra a privatização da empresa”. De acordo com ele, não houve o debate necessário com a sociedade civil organizada. “Há uma ilegalidade na tratativa, que começa pelo presidente do BNDES, que está sendo investigado, e o governo federal tem feito essa política de estado mínimo, que entrega a gestão pública, as estatais, para o capital privado. Nós defendemos uma Eletrobras pública que possa receber investimentos”, disse.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários também criticou o suposto interesse do governo federal em realizar uma audiência pública sem participação popular.
Também o diretor de Formação e Política Sindical do Sindicato dos Urbanitários- PI, Cláudio Fonteneles, esclareceu que “o nosso entendimento é que há uma baita ilegalidade, porque tem de divulgar a audiência nos meios de comunicação, fazer com que todos os representantes da sociedade civil organizada participem e apresentem argumentos”. Ele reafirmou: “A audiência é ilegal. O governo quer privatizar para ganhar dinheiro em cima disso e quem sofre é o contribuinte, que ganha pouco e paga muitos impostos. Não é justo. É ilegal.”
A audiência foi encerrada por volta das 15h e apenas representantes do BNDES e da Eletrobras conseguiram se manifestar oralmente. Do lado de fora, policiais continuavam impedindo a entrada de outros manifestantes.
BNDES diz que audiência tem validade
Como ocorreu com as outras audiências das distribuidoras, com exceção da Ceal (Alagoas) que terá outra audiência ainda sem data definida, os representantes do BNDES se apressaram em declarar à imprensa, que fazia a cobertura no local, que a audiência tem validade.
Lidiane Gonçalves, representante do BNDES, disse à imprensa que, apesar da reunião ter ocorrido de forma conturbada, ela cumpriu todos os ritos conforme determina a legislação e que o processo para a venda da empresa pública em leilão continua. Assim, segundo ela, está mantido o prazo para que a Cepisa vá a leilão no dia 30 de abril.
Durante os protestos, servidores ficaram levemente feridos, assim como o presidente da Cepisa, Arquelau Amorim, que foi atingido na cabeça por um objeto. (com informações: Portal O Dia, Cidade Verde e RPiauí)
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