Enquanto o governador de Sergipe segue alardeando que vai entregar parte dos serviços da sua estatal de saneamento (DESO) – abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos e faturamento – ao capital privado e que o negócio pode render aos cofres do Estado de R$ 6 a 7 bilhões, o processo de entrega total (100%) da estatal gaúcha de saneamento, a CORSAN, à iniciativa privada foi concluído ao custo de R$ 4,15 bilhões.
Mesmo com toda a luta do Sindiágua-RS, o contrato de venda da Companhia Riograndense de Saneamento foi assinado, na sexta-feira (7), entre o governador privatista Eduardo Leite (PSDB) e representantes da empresa Aegea.
A CORSAN foi arrematada pela Aegea, durante leilão de privatização realizado em 22 de dezembro do ano passado, em lance único de R$ 4,151 bilhões, com ágio de 1,15%, num processo recheado de sigilo e suspeitas de diversas irregularidades.
Em Sergipe, segue a novela privatista em relação a DESO. E, como toda novela, o enredo vem sempre recheado de falsidades e fantasia. Levando em consideração que a CORSAN foi 100% privatizada por R$ 4,15 bilhões, sendo que ela atua em 317 municípios gaúchos, atendendo 6 milhões de pessoas, como é que o Governo de Sergipe diz que vai privatizar apenas parte dos serviços da DESO e o negócio deve girar em torno dos R$ 7 bilhões? A conta não bate.
Ao que parece, trata-se de mais uma jogada dos privatistas de plantão: inflar o valor do negócio para encher os olhos da população desavisada e, principalmente, dos prefeitos dos 75 municípios sergipanos, sedentos para ver suas parcelas do negócio pingar nos cofres das prefeituras (muitas delas falidas), e serão eles que deverão dar o aval final para concretizar um possível processo de privatização da DESO, já que as concessões de saneamento são municipais.
Em se tratando de novela e patrimônio público, o que não faltam são histórias de mentiras e farsas montadas para ludibriar a população e entregar ao capital privado empresas públicas estratégicas, a preço de banana e a custos altíssimos para os contribuintes. A Vale do Rio Doce e, mais recentemente, a Eletrobras são apenas dois entre inúmeros casos.