A Campanha Nacional Contra a Privatização da Eletrobras conta com a participação ativa da Juventude Urbanitária
Na última terça (27/2), um grupo formado por jovens sindicalistas de vários estados do país esteve em Brasília colhendo, junto aos parlamentares, as assinaturas necessárias para que seja votado em regime de urgência o PDC (Projeto de Decreto Legislativo) que condiciona a privatização da Eletrobras a um referendo popular.
Trata-se de um projeto de 2001, que estava parado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e foi resgatado pelo deputado Danilo Cabral (PSB-PE). Esse PDC (PDC 948_2001) estabelece que, caso o Congresso aprove a privatização da Eletrobras, o processo só poderá ser concluído depois do referendo da sociedade.
Pela importância desse PDC, os jovens urbanitários se dividiram em grupos e conversaram com deputados de seus estados, principalmente da base do governo, em um esforço de convencimento sobre os prejuízos da privatização do setor elétrico.
“Falamos sobre os danos que essa privatização vai trazer para o país, tanto estrategicamente, o que inclui segurança nacional e gestão sobre as águas, como também com relação ao aumento da tarifa de energia, os riscos de apagão, fim de programas sociais como o Luz Para Todos, e os impactos na economia dos municípios, que vão desde os gastos com iluminação pública até um desinvestimento, já que a energia é um insumo básico para a indústria e para o comércio”, afirmou Igor Henrique Israel Silva, do Sinergia Campinas.
Ele citou como o exemplo o caso da Argentina que, em 4 anos de privatização do parque energético, teve um aumento de 700% na tarifa.
Nesse sentido, Josehirton Albuquerque, do Stiu-AM, lembra que a juventude também será atingida diretamente pela privatização. “Por tudo o que o setor elétrico representa, principalmente na área da indústria, uma privatização afetará as oportunidades no mercado de trabalho, além da falta de concursos públicos”.
Para aprovar o regime de urgência, são necessárias 257 assinaturas. Já há número suficiente, mas o grupo quer garantir uma boa margem, já que a pressão do governo pode fazer com que muitos retirem seus nomes. “Conseguimos, nesse dia, cerca de 15 assinaturas a mais”, afirmou Antônio Herbertt, do Sintepi, outro integrante do grupo.
Uma nova abordagem
Fabíola Antezana, do Stiu-DF, afirma que a abordagem da juventude urbanitária se diferencia, por ser suprapartidária e sem o peso e a dureza da militância mais antiga, o que acaba surpreendendo os deputados de uma maneira positiva.
Além disso, Fabíola destaca a participação das mulheres e explica como elas serão afetadas diretamente com a privatização: “O aumento da tarifa de energia nas residências impacta, prioritariamente, as mulheres. Até os eletrodomésticos, que facilitam o trabalho doméstico, que ainda está a cargo das mulheres, poderão ser deixados de lado se a conta de energia subir, o que dificultará ainda mais a dupla ou tripla jornada das mulheres”.
Ainda dentro desse trabalho de mobilização dos parlamentares, vale destacar que a categoria já obteve as assinaturas necessárias para que um pedido de CPI sobre a venda da estatal fosse protocolado.
Victor Frota, do Stiu-DF, afirma que a Juventude Urbanitária tem feito a diferença nesse processo. “Além da mobilização no Congresso, estamos presentes nas audiências públicas, assembleias de acionistas e com os trabalhadores, em suas respectivas bases das empresas Eletrobras”, destaca Victor.
Já Thiago Peixoto, do Sinergia-BA, que participou pela primeira vez de uma ação como essa, diz ter gostado muito da experiência. “Me ajudou a entender como procedem algumas coisas no Congresso”, destacou Thiago.
Mas Leila Luiz, do Sindaema-ES e secretária da Juventude da FNU/CNU, alerta: “A juventude urbanitária está empenhada na luta contra a privatização da Eletrobras, mas ainda somos poucos. Precisamos nos apresentar em nossos sindicatos e federações para colocar em pauta nosso interesse em participar dessas atividades, não só contra as privatizações, mas também dos fóruns de debates em defesa da água e da energia”.
Ela ainda ressalta que esse é um trabalho de base, uma luta contínua, em que cada jovem urbanitário precisa apresentar aos trabalhadores e trabalhadoras as informações necessárias para que compreendam os prejuízos dos ataques e das propagandas enganosas desse governo ilegítimo.
O Coletivo Nacional da Juventude Urbanitária tem como principal objetivo traçar modos de atuação para sensibilizar a juventude a fazer parte do movimento de trabalhadores(as), por meio de suas entidades sindicais de base. O objetivo é a ampla reflexão sobre a conjuntura não apenas do mundo, mas do Brasil, no que se refere aos impactos causados à juventude diante do retrocesso de direitos e conservadorismo desenfreado em nosso país.
Assim, é imprescindível que as pessoas que pensam em coletividade, direitos humanos e uma sociedade mais justa e plural se unam para denunciar os desmandos e criar ações efetivas para resistir às constantes retiradas de direitos dos trabalhadores(as).
O Coletivo da Juventude foca na faixa etária que é a primeira a ser impactada com as demissões.
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