Enquanto diretoria pensa estar na “era da modernidade”, trabalhadores sofrem com graves problemas em campo
Comunicação é a transmissão de mensagens e significados entre um emissor (quem transmite a mensagem) e um interlocutor (quem recebe a mensagem). Parece que esse significado não foi absorvido pela Celesc em algumas Agências Regionais, em especial, da região Oeste.
Não é de hoje que se ouvem relatos de trabalhadores da área operacional que realizam atendimentos de emergência, desligamentos ou manobras e simplesmente não conseguem comunicação com o COD (Centro de Operação de Distribuição). Tais situações de risco acontecem ao mesmo tempo em que a Celesc tenta implementar uma política irredutível de centralização dos CODs, o que, nas palavras de alguns Diretores da empresa, trata-se de um grande avanço.
Avanço? Na realidade, trata-se de um tema muito contestado e controverso. Enquanto os trabalhadores, na ponta do atendimento, não conseguem realizar manobras no SEP (Sistema Elétrico de Potência) com o necessário respaldo do COD, pois a comunicação é nula, lá longe, na Diretoria, se divulga a falsa ideia que estamos na “era da modernidade” na forma de receber as ocorrências de falta de energia e despachar para as equipes de campo.
Em campo, fora das salas refrigeradas e cadeiras confortáveis daqueles que tomam as decisões, após o recebimento das NRs (Notas de Reclamação), as equipes ficam às cegas, jogadas à própria sorte, o que vai diretamente contra todas as políticas de segurança, que a Celesc diz seguir à risca. Ou não há previsão que todas as intervenções no SEP devam passar pelo controle do COD? Como seria possível realizar tais manobras, se o rádio não funciona? Se não existe sinal de telefonia móvel, como as equipes irão se comunicar com o COD e vice-versa?
Na contramão daqueles que seguem defendendo que chegamos na “era da modernidade”, elencamos algumas situações do cotidiano relatadas pelas equipes que enfrentam problemas de comunicação:
Na primeira delas, o rádio das viaturas não recebe, nem transmite mensagens, porém existe sinal de celular. Então, muitos trabalhadores acabam utilizando o seu telefone particular para entrar em contato com o despachante, já que não há outra solução e a execução do serviço com segurança depende de comunicação. Nesse caso, a conta não fecha, afinal, os empregados literalmente pagam para trabalhar, enquanto uma empresa do porte da Celesc com faturamento milionário não consegue disponibilizar telefones móveis para as equipes que estão em campo realizarem suas tarefas de forma segura e seguirem atendendo com excelência a sociedade catarinense.
Causa revolta que gerentes tenham aparelhos celulares corporativos, o que não seria um problema, desde que aquelas equipes, cuja comunicação é imprescindível e requisito básico para manter contato com o despachante local ou de Florianópolis (COSD) não precisassem usar seus pacotes de dados móveis para trabalhar com segurança, situação irregular, pois os contratos de trabalho dos celesquianos não preveem a utilização de meios próprios para suprir uma deficiência técnica da empresa.
Situação mais grave ainda é quando não há sinal de rádio e muito menos de telefonia móvel, quando os trabalhadores se veem à própria sorte, executando manobras no SEP, se colocando em alto risco. Enquanto o assunto é banalizado pela Celesc, que finge que tudo está perfeito, trabalhadores ficam à mercê da inoperância do sistema de comunicação, percorrendo longas distâncias na tentativa de conseguir contato com os despachantes e executar as manobras com segurança. Ainda que se obtenha sucesso com o deslocamento, os atrasos são inevitáveis. E se for uma emergência envolvendo risco a terceiros?
Muitos são os fatores que resultam a deficiência ou falta de comunicação. Como exemplo, as condições de relevo de algumas regiões, que causam os famosos pontos cegos – situação que seria resolvida com investimento em mais antenas repetidoras que propagariam o sinal de rádio para mais lugares. Outro fator preponderante é a falta de cobertura de sinal móvel de telefonia, mas aí há um problema que foge da alçada da Celesc, pois as operadoras de celular (que são todas privadas), apenas visam lucros estratosféricos e não priorizam a melhoria do sinal telefônico que proporcionaria um melhor serviço a todas as partes do país – eis um dos preços da privatização: serviço péssimo e que não atende a todos de forma isonômica, mas esse é outro assunto.
Por fim, é perceptível a falta de manutenção adequada nas antenas de transmissão e nos rádios das viaturas da Celesc, equipamentos ultrapassados que não atendem mais à demanda de trabalho imposta pelas atividades cotidianas. Em alguns lugares, não existe sequer antena de transmissão, havendo denúncias de regiões que estão há uma década sem nenhum tipo de sinal de transmissão nos rádios das equipes operacionais. Nestes locais, os rádios são meros enfeites dependurados no painel dos carros, pois, não havendo repetidora, para que serve um rádio móvel?
O maior medo de muitos trabalhadores envolve a questão de segurança: caso seja necessário desligar um alimentador de forma emergencial, em diversos casos, essa tarefa se torna impossível. É necessária uma cobrança forte à Celesc e, mais ainda, uma resposta clara, objetiva: a Diretoria precisa urgentemente solucionar essa questão, que vem de longo tempo, já tendo sido tema de reunião com o Diretor de Distribuição. Os trabalhadores não podem seguir sofrendo as mazelas impostas pela má administração! É preciso que, ao falar, a mensagem seja ouvida e o retorno seja claro.
Aguardamos posicionamento imediato da Diretoria, sem pontos cegos nessa comunicação: essa resposta precisa ser clara e eficaz, com a certeza de que estamos sendo compreendidos e que os problemas serão solucionados.
Afinal, não há nada mais inseguro que que trabalhar sem boa comunicação, assim como não há nada mais temerário que precisar gritar para quem não quer ouvir.
Fonte: Ascom Sinergia-SC