Não é desconhecido pela população que as diferenças de oportunidade e de salários no mundo do trabalho para homens e mulheres são imensas. Em qualquer pesquisa se aponta uma defasagem histórica, herança de uma sociedade construída sobre os pilares do patriarcado, onde a mulher levou décadas para poder ter, por exemplo, o direito ao voto ou a educação básica. Mesmo diante de todas as evidências, a direção privatizada da Eletrobras, se mostra claramente contrária aos novos tempos de luta pelos direitos das mulheres, preferindo repetir a falsa cantilena da meritocracia, independente do profissional ser homem ou mulher.
Em recente entrevista ao canal no YouTube “Memória da Eletricidade”, em pleno mês da mulher, a vice-presidente de Governança da Eletrobras, Camila Gualda, declarou: “Na Eletrobras eu já estava com a casca-grossa sobre o viés inconsciente de gênero, eu não sou pessoa que levanta bandeiras do feminismo ou do machismo eu gosto de procurar o equilíbrio eu acho que a gente tem que olhar os profissionais como profissionais sem sexo, não é homem nem mulher, o profissional, a gente tem que valorizar se o cara é competente sim ou não, não que tem que ver a COTA, Eu não gosto eu detestaria, sou muito franca ser promovida num ambiente de COTA, porque eu nunca ia saber se minha promoção foi pela cota ou pela minha competência”.
Essa postura negacionista mostra o quanto a privatização da Eletrobras mudou o seu perfil enquanto empresa, que era de estar participando das mudanças sociais, aperfeiçoando suas estruturas para dar oportunidades para todas e todos. O discurso neoliberal é o que impera na empresa, o individualismo, do faça você mesmo, de competitividade a todo custo, mesmo que para isso sua colega de trabalho seja demitida ou ganhe menos.
A luta do movimento sindical é pela igualdade de gênero, com equidade de salários e oportunidades, mas para isso é fundamental políticas internas que promovam essas mudanças, ou somente os homens ocuparão a maioria dos cargos de comando. Para as trabalhadoras da Eletrobras e as entidades sindicais, o discurso da vice-presidente da Eletrobras, Camila Gualda, é um total retrocesso, mostrando que será preciso continuar lutando muito para que a mentalidade machista e anacrônica dessa direção seja superada, e isso passa obrigatoriamente pela ampliação da participação do governo no conselho de administração da Eletrobras, fazendo uso dos 43% que tem direito. E mais adiante a sua reestatização.
Clque aqui para assistir a entrevista ao canal no YouTube “Memória da Eletricidade.
Leia: Cartilha Igualdade Salarial – Lei da Igualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios entre Mulheres e Homens – produzida pelo Governo Federal