Artigo: Lucas Tonaco*
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A República da Turquia está localizada no sudoeste da Ásia e no sudeste da Europa, ocupando uma área de aproximadamente 783.356 km². Com uma população estimada em cerca de 82 milhões de habitantes, é um país diversificado culturalmente, abrigando diversas etnias, incluindo turcos, curdos, árabes, circassianos, entre outros. Quanto à hidrografia, a Turquia é rica em recursos hídricos, com rios importantes como o Eufrates, o Tigre e o rio Aras, além de lagos como o lago Van, o maior do país.
O sistema de leis que regem a água na Turquia é estabelecido principalmente pela Lei de Águas Nº 2872, promulgada em 21 de julho de 1983. Essa legislação abrange a gestão dos recursos hídricos, incluindo a proteção, uso, distribuição e controle da água em todo o país. A Lei de Águas da Turquia possui um total de 25 artigos, que fornecem diretrizes claras para a gestão sustentável dos recursos hídricos, a prevenção do abastecimento e a promoção do uso eficiente da água em diferentes setores. As instituições responsáveis pela gestão da água na Turquia incluem principalmente o Ministério da Agricultura e Florestas, que desempenha um papel crucial na formulação e execução de políticas relacionadas à água. Além disso, a Direção Geral de Recursos Hídricos e a Direção Geral de Estado das Obras Hidráulicas e Irrigação também têm responsabilidades de gestão na administração e projeção dos recursos hídricos. No que diz respeito ao financiamento, o governo turco alocou um orçamento substancial para o setor de água, com investimentos realizados em projetos de infraestrutura hidráulica, sistemas de irrigação, tratamento de água e prevenção de desastres relacionados à água. Esses investimentos são cruciais para garantir a segurança hídrica do país e enfrentar os desafios decorrentes das mudanças climáticas.
O rio Tigre é um dos rios mais importantes da Turquia, com um comprimento total de aproximadamente 1.900 km. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de cerca de 31.000 km². O Tigre é um dos principais afluentes do rio Eufrates e desempenha um papel vital no abastecimento de água para a região sudeste da Turquia, especialmente para a cidade de Diyarbakir e outras comunidades ao longo de seu curso. Além disso, o rio Tigre é uma importante fonte de recursos hídricos para a agricultura e a geração de energia hidrelétrica. No entanto, o uso intensivo da água para irrigação e outros fins biológicos levou a conflitos sobre a distribuição da água entre diferentes setores e comunidades locais. Culturalmente, o rio Tigre tem uma grande importância para as comunidades étnicas e culturais que vivem ao longo de suas margens. A região sudeste da Turquia, onde o rio flui, é habitada por diversas etnias, como os curdos, árabes, turcomanos e assírios. Essas comunidades têm uma relação estreita com o rio e dependem dele para suas atividades, incluindo agricultura, pesca e transporte. Além disso, o rio Tigre é considerado um símbolo de identidade cultural e histórica para muitas dessas comunidades, e suas margens abrigam importantes sítios arqueológicos e monumentos históricos. Ao longo dos anos, o rio Tigre tem sido cenário de diversos conflitos relacionados ao controle e uso dos recursos hídricos. A disputa sobre a distribuição da água entre diferentes setores, como agricultura, indústria e abastecimento público, levou a uma tensão entre comunidades locais e questões políticas. Além disso, a gestão controlada da água e o uso excessivo para a agricultura levaram a problemas ambientais, como a degradação da qualidade da água e a perda de habitats naturais. Para resolver esses conflitos e enfrentar os desafios relacionados ao uso sustentável da água no rio Tigre, a Turquia tem implementado políticas de gestão de recursos hídricos e projetos de infraestrutura, buscando alcançar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.
O rio Eufrates é um dos principais rios da Turquia e do Oriente Médio, com um comprimento total de aproximadamente 2.800 km. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de cerca de 444.000 km², abrangendo países como Turquia, Síria, Iraque e parte do Irã. O rio Eufrates é uma importante fonte de recursos hídricos para a agricultura, indústria e abastecimento público ao longo do seu curso. De acordo com dados do Banco Mundial, a bacia hidrográfica do Eufrates fornece água para cerca de 22 milhões de pessoas, sendo vital para a segurança hídrica e alimentar da região. Culturalmente, o rio Eufrates tem grande importância para as comunidades étnicas e culturais que vivem ao longo de suas margens. Na Turquia, o rio é habitado por comunidades turcas e curdas, enquanto na Síria e no Iraque, há uma diversidade de etnias, incluindo árabes, curdos, assírios e turcomanos. O Eufrates é uma parte central da história e identidade dessas comunidades, sendo mencionado em textos religiosos, como a Bíblia, o Alcorão e textos mitológicos da região. Além disso, o rio Eufrates é fonte de inspiração para a cultura, literatura e música dessas comunidades, desempenhando um papel significativo em suas tradições e crenças.O rio Eufrates tem sido palco de diversos conflitos ao longo da história e em tempos mais recentes. Questões relacionadas à distribuição da água e ao controle dos recursos hídricos têm sido fonte de tensão entre os países que ouviram a bacia do Eufrates. Conflitos políticos e guerras na região também afetaram a gestão e o uso dos recursos hídricos do rio. A construção de represas e infraestruturas hidrelétricas também gerou disputas entre os países e comunidades locais, com impactos ambientais e sociais estruturais. Essas questões têm sido abordadas por meio de tratados e acordos internacionais, bem como por organizações regionais, na tentativa de encontrar soluções para os conflitos e promover uma gestão sustentável dos recursos hídricos do rio Eufrates.
O abastecimento de água na Turquia é gerenciado por várias empresas, tanto públicas quanto privadas. Uma das principais empresas públicas é a DSİ (Direção Geral de Obras Hidráulicas do Estado), que é responsável pela construção e operação de infraestruturas de água, como barragens, canais e sistemas de irrigação. Além disso, existem várias empresas privadas que operam no setor de água na Turquia, como a Istanbul Water and Sewerage Administration (ISKI), responsável pelo fornecimento de água na região metropolitana de Istambul. O abastecimento de água na Turquia tem sido objeto de conflitos, especialmente no que diz respeito à gestão dos recursos hídricos e ao acesso à água. O país possui diversos rios importantes, como o Eufrates e o Tigre, que também são compartilhados com outros países da região, como a Síria e o Iraque. Isso tem gerado disputas e tensão em relação ao uso e distribuição desses recursos. Além disso, as mudanças climáticas afetaram o regime de chuvas e a disponibilidade de água, aumentando ainda mais a pressão sobre os recursos hídricos do país. Esses conflitos e desafios são objeto de estudos e pesquisas acadêmicas que buscam encontrar soluções para o gerenciamento da água na Turquia. (Fontes: DSİ – Direção Geral de Obras Hidráulicas do Estado, ISKI – Istanbul Water and Sewerage Administratio).
As mudanças climáticas afetaram significativamente a questão da água na Turquia, ocorreram em diversos fenômenos e efeitos. Um desses fenômenos é o aumento da temperatura média, que tem levado ao derretimento acelerado das geleiras nas montanhas, impactando diretamente o abastecimento de água. Estudos mostram que o derretimento das geleiras nas montanhas de Kackar, na região do Mar Negro, ocorreu em um ritmo alarmante, evoluiu em um declínio do volume de água disponível nos rios da região (Akyurek et al., 2018). Além disso, a diminuição das chuvas e a irregularidade nos padrões de coleta levaram à economia de água em várias regiões do país, afetando tanto o abastecimento doméstico quanto o agrícola (Türkeş, 2016).As projeções futuras indicam que os efeitos das mudanças climáticas na questão da água na Turquia tendem a se intensificar. Estudos mostram que a redução da disponibilidade de água devido ao derretimento das geleiras continuará nos próximos anos, com iniciativas para o abastecimento de água em várias regiões (Akyurek et al., 2018). Além disso, espera-se que a variabilidade das chuvas tenha aumentado, ocorrido em períodos de secas mais longos e intensos, seguidos por eventos de chuva intensa e enchentes repentinas (Türkeş, 2016). Essas mudanças podem ter impactos negativos na agricultura, nos recursos hídricos e no setor energético. A região do Mediterrâneo, por exemplo, enfrentará um aumento do risco de escassez de água, afetando tanto as áreas urbanas quanto as rurais (Türkeş, 2016).
Água e inteligência na Turquia
O sistema de inteligência e segurança nacional da Turquia é composto pela National Intelligence Organization (MIT), que é a principal agência de inteligência do país, responsável pela coleta, análise e disseminação de informações relevantes para a segurança nacional. Além disso, há outras instituições envolvidas na segurança interna e externa, como o Exército, a Polícia e a Gendarmeria. As atividades de inteligência são regulamentadas pela Lei de Inteligência Nacional (Lei No. 2937), que define como atribuições, competências e responsabilidades dos órgãos de inteligência do país.Em relação ao preparo para as mudanças climáticas e questões relacionadas à água, a Turquia tem implementado estratégias e planos de ação para lidar com os efeitos dessas mudanças. O Ministério do Meio Ambiente e Urbanização é a principal instituição responsável pela coordenação das políticas de adaptação às mudanças climáticas e gestão dos recursos hídricos. O Plano de Ação Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas da Turquia (NAP-Turquia) estabelece metas, prazos e ações específicas para enfrentar os desafios climáticos, incluindo a gestão sustentável dos recursos hídricos (Ministério do Meio Ambiente e Urbanização, 2011). Além disso, a Turquia tem buscado financiamento internacional para apoiar suas iniciativas de adesão, como o Fundo Verde para o Clima e outros manobra de financiamento (PNUD, 2021).
* Lucas Tonaco – secretário de Comunicação da FNU, dirigente do Sindágua-MG, acadêmico em Antropologia Social e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
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