Apenas 23% dos goianos, que vivenciaram o processo há mais tempo, sentiram melhora nos serviços prestados após a privatização. Para a maioria, a gestão privada é vista como igual (27%) ou até pior (48%) do que o antigo provimento estatal.
Esses dados evidenciam a importância de uma análise crítica e cautelosa em relação aos processos de privatização, levando em consideração não apenas os aspectos econômicos, mas também os impactos na qualidade dos serviços oferecidos à população.
Quando se toma a experiência mais antiga de privatização, porém, a insatisfação do eleitor é bem menos afetada pela ideologia ou pela preferência política. Em Goiás, onde a população é atendida por uma empresa privada de energia há oito anos, consumidores de direita se mostram quase tão insatisfeitos (47%) quanto os de esquerda (51%) com os serviços da Equatorial Energia. Da mesma forma, a avaliação de que o fornecimento melhorou depois da privatização é minoritária tanto entre os apoiadores de Caiado (26%) quanto entre os eleitores que não gostam do governador (22%).
Em março, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elegeu a Equatorial Goiás a pior entre as grandes distribuidoras de energia elétrica do Brasil, em termos de frequência e duração de interrupções no fornecimento.
Polarização à parte, os números da pesquisa Quaest parecem indicar que as próprias empresas privadas são as maiores difamadoras do processo de privatização, graças ao péssimo serviço que prestam aos consumidores.
Fonte: Valor econômico – Bruno Carazza