Artigo: Lucas Tonaco*
________________________

Ko maru kai atu ko maru kai mai ka ngohengohe
Dá tanto quanto tomas, tudo estará muito bem – provérbio Maori

É preciso muita cultura para produzir um estado de natureza
SAHLINS, Marshall (2008)

Há uma relação entre aumento da pressão de extração por mais-valia, aumento dos custos com pessoal e terceirizações da COPASA? Há, mas sobretudo  há também uma negação da irracionalidade da sustentabilidade da COPASA a longo prazo, advinda do gerencialismo predatório e outros fenômenos, onde há uma confusão sistêmica dos aplicadores com as aplicações, do método com os seus operadores e de categoria com classe, criando assim uma semiótica de uma organização cultural, o que há uma espécie de simulacro de estamento dos aplicadores dessas políticas gerenciais do capital sobre a dádiva e dívida.

O aumento da extração da mais-valia, a desigualdade salarial e o gerencialismo atual na Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), tem uma profunda relação com uma luta interna entre “classes” em uma perspectiva unicamente de ganhos e controle administrativo puramente weberiano, porém, há uma confusão sistêmica das funções melhores remuneradas da COPASA com a concepção de sustentabilidade do trabalho – enquanto a cultura dos sujeitos imerso no gerencialismo for a de um evolucionismo pueril calcado na cultura dos resultados e os indivíduos imersos nessa cultura não entenderem si enquanto afetados pela gramática da alta performance predando a si a longo prazos, não entenderam o significado das teias que os amarram preso na lógica do agir gerencial que arrisca exterminar os próprios empregos,   “O conceito de cultura que eu defendo (…) é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teia de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura do significado” (Geertz, 1978: 15).

O aumento absurdo nas remunerações da Participação de Lucros (PL) para os implementadores da política gerencialista da COPASA vem também anexo a uma reflexão necessária sobre a lógica da dádiva e da dívida, semelhante as perspectivas de Marcel Mauss, onde para aplicação de uma política anacrônica ou paradoxalmente que não benéfica aos seus próprios aplicadores mas cria uma espécie de constructo moral ou axiológico de maneira não tão evidente, fomentando inclusive uma perspectiva que ficariam de fora de tal lógica, na confusão sistêmica entre categoria e classe.

Usando os dados reais dos demonstrativos de despesas com remuneração da COPASA, busca-se aqui uma perspectiva variada sobre as contradições vigentes, a de inclusive compreender como as práticas de gestão impactam na distribuição de salários e na exploração do trabalho, criando um ouroboros de limitação de um pensamento a longo prazo, partindo dos pressupostos básicos do gerencialismo enquanto prática do capital de implosão da cultura organizacional, afinal, em uma concepção de sujeitos, há o reconhecimento de cinco premissas nessa cultura:

1) O capitalismo financeiro em sua fase feroz na COPASA precisa de extrações cada vez maiores de lucro, partindo do pressuposto das altas retiradas de dividendos.

2) A métrica da redução de custos se torna um mantra, na medida em que é necessária para manutenção do mesmo lucro o paradoxo entre produtividade: entre implemento tecnológico e mão-de-obra produtiva. Limitando-se ao implemento de tecnologia, parte-se para o controle agressivo da mão-de-obra e sua redução.

3) Há que se manter a constância na redução dos custos gerenciáveis como modelo de gestão “eficiente” em seu plano estratégico, dependendo portanto do plano tático como habitus gerencial em um campus da mão-de-obra, em uma gramática de Bourdieu.

4) O curto prazismo das gestões indicadas por circunstâncias políticas e ideológicas em seu reduzido prazo, fazendo a construção de indivíduos com biografias para cumprir cada vez mais a gramática do mercado financeiro como horizonte possível.

5) O wishful thinking disseminado entre alta direção e gestores: o desejo de que haja uma lógica a longo prazo, rifando exatamente o presente e justificando com a própria lógica da limitação do curto prazo, ou seja, amparando em legislações estranha a manutenção do estado enquanto sustentabilidade e do fim último sendo apenas a saída do capita, exemplo: Lei 14.026, saída da AESBE ( Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento) entidade de lobby para empresas estaduais e partindo para contradição da defesa de lobby de entidades privadas, discursos internos pró-privatizações como justificação de único horizonte plausível, entre outros vários indícios que questionam a seguinte contradição: em uma empresa cada vez mais lucrativa e sem perder significativamente sua centena de concessões e sem o menor indício claro, há que se afirmar que a COPASA se mantém estável, frente ao desejo de privatização, para além do wishful thinking , há de questionar também a dita “profecia auto-realizável”. Terceirização, precarização e todo tipo de ferramentas de redução dos planos operacionais, técnicos ou administrativos, não estando excluídos na certeza da “redução de custos” ou “redução de empregados”, faça aqui a ressalva sobre artigo escrito sobre a atual situação da COPASA e suas demissões onde a irracionalidade das avaliações e o paradoxo das escolhas racionais na administração ou gestão frente a situações temerárias sobre a redução de quadros na justificativa da confusão sistêmica entre produtividade e disciplinaridade.

Com as cinco premissas atuais, mais uma vez a construção dos “gestores” serem imbuídos do culto aos resultados, seja por ferramentas de performance, tais como descritas por Michel Callon no capitalismo, seja pelo culto da magia e dos magos, tais como  descrito por Evans-Pritchard em “Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” dos sujeitos estarem imersos em uma lógica em si ou seja pelo o culto aos mantras tais como economia, onde há leis imutáveis a serem aplicadas. A racionalidade das soluções únicos pelas retóricas também únicas refletem os sintomas da irracionalidade – a de mais uma vez, os aplicadores do gerencialismo não estarem entendo sujeitos imersos na lógica da classe trabalhadora e sim de uma classe que não sofrerá a sequência a médio-prazo do culto da eficiência e da redução de custos. Ledo engano, afinal, podem ser apenas instrumentos temporários para fins irreversíveis, e neste caso, como irreversibilidade, a redução dos postos de trabalho, o aumento das terceirizações e uma frenética busca por extração de mais-valia pelo discurso da alta eficiência e produtividade.

Cada vez mais lucro e usando cada vez menos trabalhadores

A extração da mais-valia, conceito central na teoria marxista, refere-se à diferença entre o valor criado pelo trabalhador e o valor pago a ele como salário (Marx). Essa diferença representa a exploração do trabalho pelo capital e é a base da acumulação capitalista. Na COPASA, a análise desse fenômeno se torna relevante para entender as relações de trabalho e a distribuição de renda no contexto organizacional.Além disso, a desigualdade salarial e o gerencialismo são questões que permeiam as relações de trabalho na contemporaneidade. A desigualdade salarial pode refletir não apenas discrepâncias entre expectativas e  sujeitos sobre determinados processos, seu locus e responsabilidades, mas também principalmente com as práticas discriminatórias e relações de poder (Piketty, 2014). O culto promovido pelo gerencialismo, principalmente após o advento das crises de 1970 nos Estados Unidos e Europa, a retórica neoliberal, e como caracterização pela ênfase na eficiência, produtividade e resultados, muitas vezes em detrimento de um imaginário de si próprio, das condições de longo prazo e do bem-estar dos trabalhadores (Boltanski & Chiapello, 2005).

Como experimento do deslocamento da continuidade produtiva e a não redução dos ganhos gerenciais, foram utilizados os dados reais dos demonstrativos de despesas com remuneração da COPASA, referentes aos anos de 2022 e 2024 (parcialmente), sendo que a análise desses dados permitiu identificar padrões de distribuição salarial bem como também variações nos valores pagos às diferentes categorias de funcionários e alguns indícios de aumento da extração da mais-valia. Para calcular a taxa de mais-valia a clássica seguinte equação de Marx:

Onde o valor adicionado representa o valor total criado pelos trabalhadores e os salários pagos representam o valor recebido por eles, onde foram inclusive confrontados outros dados como balanços e demais resultados.

O que foi concluído, foi que a análise dos dados revelou, sim, um aumento significativo no total de despesas com salários ao longo dos trimestres analisados como também uma relação com os resultados gerados pela COPASA, claro, resultado também de negociações salariais, aumentos advindos de fenômenos econômicos tais como inflação e aumento de outras variáveis de encargos. Mas,  também uma concentração de maiores valores pagos nas categorias de gerência e nível superior, em comparação com as demais categorias usando padrões de amostragem e tendências, o que vai gerando inclusive mais-valor com base nos próprios resultados mas sem aumento considerável no que se refere ao ganho para os outros trabalhadores.

Distribuição Salarial por Categoria de Funcionários na COPASA

A disparidade salarial entre as diferentes categorias de funcionários sugere a existência de práticas de extração da mais-valia sistemática, uma vez que os resultados de faturamento e também lucro foram cada vez mais também crescentes, onde os trabalhadores de níveis hierárquicos mais baixos podem estar sendo explorados em prol do aumento dos lucros da COPASA, pois a ênfase no gerencialismo pode estar contribuindo para a intensificação do trabalho e para a precarização das condições laborais, ao mesmo tempo em que alternativas de valor de trabalho humano, como a terceirização segue crescendo.Ao calcular a taxa de mais-valia, como exemplificação metodológica, está aí os seguintes resultados:

  • 2022: Taxa de Mais-Valia = 1,14
  • 2023: Taxa de Mais-Valia = 1,23

Esses valores indicam um aumento na extração da mais-valia ao longo do período analisado o que estaria corroborando a hipótese de que a COPASA está intensificando a exploração do trabalho em prol de maiores lucros, mas mesmo assim não pensando da sustentabilidade dessa estratégia, pois:

1) O controle e política de hora-extra ou qualquer aplicação em custo de mão-de-obra gerenciável, bem como contratações adequadas, investimento em promoções e implementos tecnológicos disruptivos a ponto de justificarem altos investimentos não está fora dos parâmetros dos últimos 5 anos.

2) A inserção de mão-de-obra terceirizadas apesar de reduzir o custo com mão-de-obra e consequentemente aumentar a mais-valia não possui métrica de produtividade, aliás, também insere-se aqui a má-qualificação da mão-de-obra terceirizada como motivo de perda de capital político e de imagem da COPASA, na má execução dos serviços e no reflexo dessa baixa qualidade na retórica política contra a COPASA.

Os resultados obtidos a priori indicam que a COPASA apresenta indícios de aumento da extração da mais-valia como citado acima, mas com um conectivo ligado a desigualdade salarial e influência do gerencialismo em suas práticas de gestão no aumento da tercerização da mão-de-obra, na indicação das demissões e na cobrança por performance. Claro, nesse modelo de alargamento de disparidade (ou gap) da desigualdade, há claro que se falar em fatores de impacto negativamente na qualidade de vida dos trabalhadores e na sustentabilidade da empresa a longo prazo. Aqui é necessário e fundamental a realização de estudos mais aprofundados no ethos e em possível etnográficas que visão a perspectiva dos sujeitos imersos na cultura gerencial da implementação de políticas que visem promover relações de trabalho vigentes atualmente na COPASA, afinal, há que se entender como os aplicadores da política gerencialista na COPASA se entender no interpretativismo de seu cultura organizacional fora do alvo de tal política predatória a “salvos” dos efeitos dela mesma – talvez inclusive começando como o wishful thinking e outros viéses operam nestes indivíduos.

Breve esboço da análise de amostragem de resultados e variáveis

Análise das Despesas com Remuneração ao Longo dos Anos:

Desigualdade de Remunerações por Categoria:

A Correlação entre Categorias de Despesas:

Cálculo dos coeficientes de correlação de Pearson, onde foram verificadas tendências de concentração e aumento nas camadas superiores frente a classe administrativa/operacional, deixando ainda mais evidente os resultados entre gerencialismo direcionado a maior extração de mais-valia no aumento nos lucros e consequentemente assim também o aumento da desigualdade na remuneração.

Tendências ao longo dos anos:

Quando se verifica-se as tendências ao longo dos anos,  aqui sendo como método as taxas de crescimento anual das despesas com remuneração, como método foi usado a  taxa de crescimento anual usando a fórmula:

Como método aqui os meses com gastos mais altos, podemos calcular a média mensal de despesas ao longo dos anos para identificar quais meses têm consistentemente altos ou baixos gastos.

Correlação entre categorias:

Aqui como método de cálculo os coeficientes de correlação entre as diferentes categorias de despesas com remuneração para quantificar a força e a direção das relações entre elas. Isso nos ajudará a entender se há uma relação linear entre os gastos em diferentes categorias.

Análise de proporção

Como método aqui a proporção de cada categoria em relação ao total de despesas em cada ano para identificar qualquer mudança na distribuição dos gastos ao longo do tempo.

Tendências ao longo dos anos:

Calculando as taxas de crescimento anual das despesas com remuneração, temos:

Esses cálculos mostram uma diminuição nas despesas de 2022 para 2023 e um aumento significativo de 2023 para 2024.

Comparação mensal, e cálculo multivariável e amostragem:

Como método a média mensal de despesas ao longo dos anos, podemos identificar quais meses têm consistentemente altos ou baixos gastos. Por exemplo, podemos calcular a média para o mês de fevereiro em todos os anos e assim por diante.

Correlação entre categorias:

Um coeficiente de correlação próximo a 1 indica uma correlação positiva forte, enquanto um coeficiente próximo a -1 indica uma correlação negativa forte.

Análise de proporção:

Como método a proporção de cada categoria em relação ao total de despesas em cada ano, podemos identificar qualquer mudança na distribuição dos gastos ao longo do tempo, com essas análises e fornecer mais detalhes sobre cada uma delas.

Comparação mensal, por amostragem:

Para calcular a média mensal de despesas ao longo dos anos, podemos somar os gastos de cada mês em todos os anos e dividir pelo número de anos. Isso nos dará uma visão mais clara dos meses que tendem a ter gastos mais altos ou mais baixos.Por exemplo, vamos calcular a média mensal para o mês de fevereiro em todos os anos:

Correlação entre categorias:

Podemos calcular os coeficientes de correlação entre as diferentes categorias de despesas com remuneração. Vamos calcular o coeficiente de correlação de Pearson para cada par de categorias.O coeficiente de correlação de Pearson mede a força e a direção da relação linear entre duas variáveis. Um valor próximo de 1 indica uma correlação positiva forte, enquanto um valor próximo de -1 indica uma correlação negativa forte.

Análise de proporção:

Identificação de qualquer mudança na distribuição dos gastos ao longo do tempo.

Comparação mensal:

Média mensal de despesas ao longo dos anos:

Esses cálculos nos dão uma ideia das médias mensais ao longo dos anos, permitindo-nos identificar meses com gastos consistentemente mais altos ou mais baixos.

Variáveis de correlação entre categorias:

Método para identificação se há alguma relação linear entre as categorias.Por exemplo, podemos calcular a correlação entre as categorias “Direção superior” e “Gerência”, “Direção superior” e “Nível Superior”, etc.

Comparação mensal entre meses:

Análise de proporção no mesmo ano e entre cada ano:

A conclusão após a análise das despesas com remuneração da COPASA de 2022 a 2024 revela uma crescente pressão por parte da empresa para aumentar a extração de mais-valia de seus trabalhadores.Onde essa tendência é evidenciada pelo aumento constante dos valores de remuneração, especialmente nos níveis superiores, e pela pressão implícita por redução de pessoal. Essa estratégia sugere que a COPASA está buscando maximizar a produtividade e os lucros às custas dos trabalhadores, sem necessariamente expandir seu quadro de funcionários, mais uma vez outro indício utilizando metodologias diferentes de tal questão.A despesa com a direção superior da COPASA aumentou significativamente ao longo do período analisado. Em abril de 2022, a empresa gastou R$ 346.560 com 17 diretores, enquanto em março de 2024, os gastos com 15 diretores chegaram a R$ 2.797.223. Esse aumento desproporcional de despesas, mesmo com a redução do número de diretores, indica uma valorização excessiva dos cargos de alta direção, o que pode refletir uma estratégia de maximização da produtividade e da mais-valia extraída dos trabalhadores subordinados. Os encargos, que passaram de R$ 137.845 em abril de 2022 para R$ 1.267.658 em março de 2024, mostram um aumento constante. Este crescimento acentuado pode estar absorvendo recursos que poderiam ser investidos em melhorias operacionais ou no bem-estar dos trabalhadores, evidenciando uma pressão sobre a força de trabalho para compensar os altos custos com encargos e remunerações superiores. As despesas com a gerência e recrutamento amplo também demonstram um aumento constante. Em abril de 2022, as despesas com gerência eram de R$ 3.496.504 para 137 gerentes, e em março de 2024, esse valor chegou a R$ 3.972.288 para 138 gerentes. Similarmente, o recrutamento amplo subiu de R$ 308.279 para 19 pessoas em abril de 2022, para R$ 588.698 para 27 pessoas em março de 2024.Esses aumentos indicam uma estratégia de valorização das posições gerenciais e de recrutamento, possivelmente para intensificar a supervisão e controle sobre os trabalhadores, extraindo mais-valia ao aumentar a pressão e a carga de trabalho sobre a força de trabalho operacional.

As despesas com o nível superior e encargos também cresceram significativamente. Em abril de 2022, os gastos com nível superior eram de R$ 9.389.365 para 649 funcionários, subindo para R$ 10.846.698 para 700 funcionários em março de 2024. Os encargos, por sua vez, saltaram de R$ 67.185.042 em abril de 2022 para R$ 82.327.568 em março de 2024.Este aumento pode ser interpretado como uma tentativa de atrair e reter talentos qualificados, aumentando a produtividade e, consequentemente, a mais-valia extraída. No entanto, a elevação dos encargos e dos custos de remuneração sem um aumento proporcional do quadro de funcionários sugere uma pressão por eficiência e uma intensificação da exploração da força de trabalho existente.

A análise dos dados revela que a COPASA está utilizando uma estratégia de valorização dos cargos superiores e de gerenciamento, ao mesmo tempo em que pressiona por uma maior eficiência operacional e corte de custos, explicada, mais uma vez, pela alta extração de mais-valia. Essa abordagem aumenta a extração de mais-valia ao intensificar a carga de trabalho sobre um número reduzido de trabalhadores, enquanto os custos com remuneração e encargos crescem desproporcionalmente.Essa estratégia pode levar a um desgaste significativo da força de trabalho, comprometendo a qualidade dos serviços prestados e a satisfação dos empregados, considerados estes todos enquanto classe trabalhadora e não puramente aliados das concepções de classe . A COPASA precisa equilibrar suas políticas de remuneração e gestão de pessoal para garantir a sustentabilidade e a qualidade dos serviços, o que não está acontecendo com o aumento das terceirizações, sem sacrificar o bem-estar e a valorização econômica dos trabalhadores operacional, técnicos e administrativos, em prol da maximização dos lucros e da produtividade, o que não está no momento acontecendo. A transparência e a responsabilidade na gestão financeira são fundamentais para alcançar um crescimento sustentável e satisfazer todos os stakeholders, mesmo no capitalismo predatório, o cálculo da racionalidade advém de uma probabilidade de cenários de médio-prazo, ao contrário da retórica de privatização posta pelos mantenedores da retórica do gerencialismo. Abaixo gráficos que fazem a correção das despesas das categorias.

Mesmo usando outra metodologia, observa-se que as despesas com a Direção Superior apresentam flutuações consideráveis, com picos notáveis em março de 2024. Esse aumento abrupto pode estar relacionado a bônus ou ajustes salariais. A quantidade de pessoas na direção não varia significativamente, indicando que o aumento de custos está mais associado a ajustes salariais do que a uma expansão da equipe, o que demonstra uma política de remuneração agressiva pautada na implementação de uma política paradoxalmente ligada a redução de custos e o aumento da extração de mais-valia mas que não aplica a próprio categoria em si.As despesas com a gerência mostram um padrão relativamente estável, mas elevado, ao longo do período, o que pode ser explicado conforme uma lógica possível da própria concepção de classe diferente do operacional, administrativo e técnico mas com um wishful thinking de que são a categoria da direção superior. O recrutamento amplo também apresenta crescimento, especialmente no final de 2023 e início de 2024. Isso sugere um aumento na contratação ou na remuneração oferecida para novas posições, refletindo uma estratégia de expansão ou substituição de pessoal com maior custo.O nível superior e os encargos são as categorias com maiores despesas. As despesas com encargos aumentam drasticamente, particularmente visíveis no final de 2022 e início de 2023.Ao consolidar todas as categorias, fica amplamente evidente que há uma tendência de uma cristalização de alguns fenômenos na cultura organizacional no crescimento contínuo nas despesas de remuneração, o que está pressionando a empresa a buscar formas de compensar os custos elevados, fazendo  aumentar a extração de mais-valia, o que pode ser traduzido em maior pressão sobre os trabalhadores para aumentar a produtividade sem um correspondente aumento de remuneração, este sendo verificado apenas nos operadores, abaixo a demonstração por gráficos:


Referências

Boltanski, L., & Chiapello, E. (2005). The new spirit of capitalism. Verso.

Marx, K. (1867). Capital: A Critique of Political Economy, Volume I. Penguin Classics.

Harvey, D. (2005). A Brief History of Neoliberalism. Oxford University Press.

Piketty, T. (2014). Capital in the Twenty-First Century. Harvard University Press.

Dados da COPASA

Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2022
       (Em Reais)
CategoriaJaneiroFevereiroMarçoRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior332.34517340.11516519.961171.192.421
Encargos131.6400152.0110219.2080502.859
Sub-Total (1)463.98517492.12616739.169171.695.280
Gerência3.636.5891373.647.3531373.558.69513710.842.637
Recrutamento Amplo280.86017281.99017284.42818847.277
Nível Superior9.913.1746299.689.0916239.200.73361628.802.998
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional42.515.4619.48142.012.7919.29440.490.4649.101125.018.716
Encargos69.492.212087.701.845072.308.9060229.502.963
Sub-Total (2)125.838.29510.264143.333.07010.071125.843.2259.872395.014.590
TOTAL126.302.28010.281143.825.19610.087126.582.3949.889396.709.870
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2022
       (Em Reais)
CategoriaAbrilMaioJunhoRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior346.560171.716.01116409.496162.472.067
Encargos137.8450553.1580253.6560944.659
Sub-Total (1)484.405172.269.16916663.152163.416.726
Gerência3.496.5041373.478.1861373.478.34913810.453.039
Recrutamento Amplo308.27919312.59219315.21919936.090
Nível Superior9.389.3656499.598.6276639.684.94267028.672.934
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional40.639.4659.09341.442.3449.10841.191.9549.072123.273.763
Encargos67.185.042069.599.491071.426.5110208.211.044
Sub-Total (2)121.018.6559.898124.431.2409.927126.096.9759.899371.546.870
TOTAL121.503.0609.915126.700.4099.943126.760.1279.915374.963.596
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2022
       (Em Reais)
CategoriajulhoagostosetembroRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior313.54315304.42815351.84216969.813
Encargos117.7790116.9440123.4040358.126
Sub-Total (1)431.32215421.37115475.246161.327.939
Gerência3.350.8211373.324.1291363.342.95013610.017.900
Recrutamento Amplo309.88819331.05121349.19421990.133
Nível Superior9.392.4706609.409.3046679.386.91266828.188.687
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional41.507.4709.09241.744.1809.10641.481.2179.093124.732.866
Encargos64.039.249068.269.592068.240.1990200.549.041
Sub-Total (2)118.599.8989.908123.078.2569.930122.800.4729.918364.478.627
TOTAL119.031.2209.923123.499.6289.945123.275.7189.934365.806.566
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2022
       (Em Reais)
CategoriaoutubronovembrodezembroRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior332.07715414.94814461.759141.208.784
Encargos120.918152.565173.168446.651
Sub-Total (1)452.99515567.51314634.927141.655.435
Gerência3.346.3751363.551.2771363.568.87113610.466.523
Recrutamento Amplo354.37622388.37822408.850231.151.604
Nível Superior9.379.25667010.032.61668010.098.52468329.510.396
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional41.700.6919.08844.901.6609.09344.538.4329.094131.140.783
Encargos66.222.09895.102.51975.891.956237.216.573
Sub-Total (2)121.002.7969.916153.976.4509.931134.506.6339.936409.485.879
TOTAL121.455.7919.931154.543.9639.945135.141.5609.950411.141.314
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2023
       (Em Reais)
CategoriaJaneiroFevereiroMarçoRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior302.81714313.79614343.15814959.771
Encargos122.223122.509129.107373.839
Sub-Total (1)425.04014436.30514472.265141.333.610
Gerência3.643.7501383.635.3661383.557.13513610.836.251
Recrutamento Amplo381.02322385.25622431.552241.197.831
Nível Superior10.228.50468510.211.64168410.307.47168630.747.616
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional43.983.8699.09744.378.3729.11843.900.6069.115132.262.847
Encargos66.005.65971.281.76173.969.587211.257.007
Sub-Total (2)124.242.8059.942129.892.3969.962132.166.3519.961386.301.552
TOTAL124.667.8459.956130.328.7019.976132.638.6169.975387.635.162
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2023
       (Em Reais)
CategoriaAbrilMaioJunhoRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior343.158141.805.86514380.358152.529.381
Encargos137.107579.905149.746866.758
Sub-Total (1)480.265142.385.77014530.104153.396.139
Gerência3.578.2871373.613.8511373.615.06513710.807.203
Recrutamento Amplo423.20423466.25025448.382241.337.836
Nível Superior10.438.47769110.502.52169410.600.00070231.540.998
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional44.904.5259.12845.443.8299.11344.848.5589.095135.196.912
Encargos73.833.102191.696.33774.453.584339.983.023
Sub-Total (2)133.177.5959.979251.722.7889.969133.965.5899.958518.865.972
TOTAL133.657.8609.993254.108.5589.983134.495.6939.973522.262.111
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2023
       (Em Reais)
CategoriaJulhoAgostoSetembroRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior462.51815564.65313690.789141.717.960
Encargos186.720207.576242.173636.469
Sub-Total (1)649.23815772.22913932.962142.354.429
Gerência3.741.8291373.767.8751373.764.40613811.274.110
Recrutamento Amplo462.28524513.50425513.314251.489.103
Nível Superior10.421.10569210.349.38568810.153.88867930.924.378
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional44.565.8238.95144.369.0588.84643.683.1918.737132.618.072
Encargos74.870.47276.147.60271.895.778222.913.852
Sub-Total (2)134.061.5149.804135.147.4249.696130.010.5779.579399.219.515
TOTAL134.710.7529.819135.919.6539.709130.943.5399.593401.573.944
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2023
       (Em Reais)
CategoriaoutubronovembrodezembroRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior509.99713636.01813694.231151.840.246
Encargos172.641223.920245.117641.678
Sub-Total (1)682.63813859.93813939.348152.481.924
Gerência3.782.0231373.900.4211353.896.65613611.579.100
Recrutamento Amplo528.69326567.36626567.341261.663.399
Nível Superior10.220.29668110.692.70968710.756.33969231.669.344
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional43.846.6918.64845.398.9458.56544.873.5518.447134.119.186
Encargos74.729.08288.158.76691.155.161254.043.009
Sub-Total (2)133.106.7849.492148.718.2079.413151.249.0489.301433.074.039
TOTAL133.789.4229.505149.578.1459.426152.188.3969.316435.555.963
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       
        
Demonstrativo de Despesas com Remuneração
Ano: 2024
       (Em Reais)
CategoriaJaneiroFevereiroMarçoRealizado
ValorQuant.ValorQuant.ValorQuant.Trimestre
Direção superior563.22615563.226152.797.223153.923.675
Encargos198.596201.672867.3901.267.658
Sub-Total (1)761.82215764.898153.664.613155.191.333
Gerência3.921.7881363.935.6901363.972.28813811.829.766
Recrutamento Amplo562.05726576.90326588.698271.727.658
Nível Superior10.896.20769711.102.01170610.846.69870032.844.916
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional44.653.6098.50344.484.1278.55443.358.0258.562132.495.761
Encargos74.259.75982.935.50882.327.568239.522.835
Sub-Total (2)134.293.4209.362143.034.2399.422141.093.2779.427418.420.936
TOTAL135.055.2429.377143.799.1379.437144.757.8909.442423.612.269
(Referência legal: §3º, art. 73 da Constituição Estadual, acrescido pelo art. 61 da EC nº 61, de 21/12/2003)       

 

Lucas Tonaco – secretário de Comunicação da FNU, dirigente do Sindágua-MG, acadêmico em Antropologia Social e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)