Em maio, a Companhia Águas de Joinville (CAJ) realiza a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho e Meio Ambiente (Sipatma). Este evento adquire uma relevância ainda maior à luz do recente relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que destaca os crescentes riscos enfrentados pelos trabalhadores devido às mudanças climáticas.
O relatório da OIT sublinha os perigos iminentes decorrentes do agravamento das alterações climáticas, como o aumento da exposição a condições extremas, como calor excessivo, radiação ultravioleta e fenômenos meteorológicos adversos. Essas mudanças climáticas criam uma complexa rede de riscos à saúde que afeta cerca de 70% dos trabalhadores em todo o mundo. Estatísticas alarmantes revelam que aproximadamente 3,4 bilhões de trabalhadores estão expostos ao calor excessivo, enquanto 26,2 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de doença renal crônica relacionada ao estresse térmico no ambiente de trabalho.
O relatório também aponta que cerca de 1,6 bilhão de trabalhadores estão expostos à radiação ultravioleta, aumentando o risco de câncer de pele, e que aproximadamente a mesma quantidade de pessoas enfrenta a poluição do ar nos locais de trabalho, resultando em 860 mil mortes anualmente entre os trabalhadores ao ar livre. No setor agrícola, mais de 870 milhões de trabalhadores estão expostos a pesticidas, contribuindo para mais de 300 mil mortes anualmente devido à exposição a essas substâncias nocivas. Além disso, globalmente, estima-se que 15 mil pessoas morram todos os anos devido ao contato com doenças parasitárias.
Esses números são alarmantes e têm um impacto significativo não apenas na saúde e bem-estar dos trabalhadores, mas também na economia. Estima-se que cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) global seja perdido anualmente devido a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. No Brasil, isso se traduz em uma perda anual de cerca de 396 bilhões de reais. Em 2022, 2,5 mil pessoas perderam a vida em acidentes de trabalho no país, com mais de 612,9 mil acidentes registrados, resultando em uma média assustadora de 69 acidentes por hora ou 1,15 acidentes por minuto, conforme dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
É evidente que essa realidade exige uma resposta urgente e coordenada. Mudanças significativas só serão possíveis por meio da mobilização e da luta coletiva dos trabalhadores. Infelizmente, vemos exemplos preocupantes, como a recente decisão da Companhia Águas de Joinville, em janeiro de 2024, de aumentar em até três vezes o custo do plano de saúde dos trabalhadores. Atitudes como essa só servem para agravar ainda mais os problemas de saúde e aumentar os índices de adoecimento.
É hora de unirmos forças para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis para todos, e isso só será possível por meio da luta organizada dos trabalhadores.