A preocupação na gestão da Copasa com resultados financeiros vem sacrificando drasticamente a excelência operacional, que vem se perdendo pelos agrados mais generosos com os dividendos para acionistas do que na responsabilidade para atender os consumidores com qualidade.
Além de manter o facão afiado para cortar cabeças de trabalhadores com demissões sem justo motivo, mesmo depois de um PDVI que fez perder centenas de trabalhadores qualificados, a direção da empresa mantém uma política mais ao estilo de um banco para gerar lucros a investidores do que se aplicar para ampliar e melhorar a qualidade de um serviço público essencial para a população, estabelecido na própria Constituição como responsabilidade do Estado.
O desmanche da empresa vem se aprofundando tanto estruturalmente quando na política de cortar custos com demissões de funcionários próprios, mas ao mesmo tempo expandindo escandalosamente o gasto em contratos com empresas terceirizadas.
O mercado, grande preocupação da gestão zemista para buscar recursos, vem, no entanto, recebendo informações não muito honestas sobre a realidade da empresa e bolha de sua sustentabilidade, com números maquiados que mostrarão em breve que não existe “buraco sem fundo”.
Nos relatórios trimestrais disponibilizados para o mercado, a gestão da Copasa vem apresentando apenas o número de profissionais próprios para medir a sua performance operacional e declarar uma condição alcançada de apenas 1,23 empregados por 1.000 ligações. Os trabalhadores terceirizados ficam literalmente de fora do cálculo, e mesmo o gasto em contratos com terceiros, que já havia crescido 27,4% no primeiro trimestre de 2023, foi catapultado em mais 15,7% no primeiro trimestre de 2024, passando a representar parcela gigantesca do gasto com pessoal.
Se forem considerados os números de profissionais próprios (cerca de 9.500) com os de empresas que prestam serviços à Copasa, o número de ligações por empregado subiria muito além dos 1,23 por 1.000 ligações declarados pela Copasa em seus relatórios, escondendo dos investidores a real situação operacional da empresa, prejudicada com serviços prestados por terceiros, que têm a rotatividade como marca registrada de empresas que primam pela exploração no trabalho, com salários reduzidos e quase nenhum benefício socioeconômico, apesar de contratos de valores generosos.
Os números corretos na aferição de resultados demonstram que a produtividade dos trabalhadores próprios é relevantemente mais alta que a dos terceirizados, prejudicando grotescamente a imagem da Copasa.
Analisada com o padrão preconizado pelo Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento (PNQS) da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e métrica do AquaRating do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), baseado em padrão internacional, a Copasa estaria na realidade em um “padrão D”, muito abaixo do “padrão A” que a empresa declara ao tirar da equação de performance o trabalho desqualificado prestado pelas empresas terceirizadas.

Fonte: Ascom Sindágua-MG