O SINDISAN – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Sergipe – vem a público lamentar a concretização da privatização de parte dos serviços da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO – e da totalidade dos SAAEs de Estância, Carmópolis e São Cristóvão; bem como, repudiar todo o processo de entrega da água e do saneamento básico do nosso estado ao capital privado por 35 anos, no leilão internacional realizado na tarde desta quarta-feira, 4 de setembro, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), vencido pela Iguá Saneamento, concretizando, assim, o projeto pessoal e eleitoreiro do governador-empresário Fábio Mitidieri.
Hoje é um dia nefasto para os trabalhadores e trabalhadoras em saneamento de Sergipe e, também, para a população sergipana, especialmente a parcela mais carente e vulnerável socialmente, a parte que será mais afetada com esse entreguismo deliberado do atual governo, que, diante da sua incompetência administrativa, em lugar de trabalhar para melhorar a oferta e os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, estratégicos para o desenvolvimento do Estado, preferiu o caminho mas fácil da privatização, de olho apenas nas gordas cifras da outorga que entrarão nos cofres do governo e das prefeituras, para gasto ao bel prazer dos mandatários de plantão, numa grande farra que está por vir… Um verdadeiro butim.
Nós, que fazemos o SINDISAN, estamos conscientes do dever cumprido. Combatemos o bom combate. Debatemos, exaustivamente, o tema nos mais variados espaços da sociedade sergipana, alertando a população e a classe política sobre os resultados desastrosos das cidades e estados do país onde a privatização do saneamento básico chegou, e lutamos até o fim para evitar que a sanha do capital privado prevalecesse sobre o interesse coletivo.
De nossa parte, ressaltamos que a batida do martelo na B3 para a entrega à iniciativa privada de parte da DESO e a totalidade dos SAAEs de Estância, Carmópolis e São Cristóvão não é o fim, mas o começo de novas lutas, que travaremos com o mesmo ímpeto com o qual, nos últimos dois anos, enfrentamos esse processo de privatização fraudulento, não só pelos atropelos à legislação e à autonomia dos municípios, bem como pela falta de debate público e erros grotescos nos estudos que fundamentaram o edital do leilão. Tudo isso foi exaustivamente denunciado ao Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal de Justiça de Sergipe, ao Tribunal de Contas do Estado, e ao Ministério Público Federal e de Sergipe, porém, sem resposta positiva desses órgãos em tempo hábil.
Perdemos uma batalha, mas não a guerra. Seguiremos firmes na luta em defesa dos empregos dos trabalhadores e trabalhadoras da DESO e dos SAAEs, bem como da soberania do povo sergipano sobre o seu bem maior, que é a água, assegurando o direito de acesso igualitário, universal e com tarifa justa, algo que não se efetivará sob a égide do capital privado, que só visa lucro, acima dos interesses coletivos.
Aracaju (SE), 4 de setembro de 2024.
Fonte: Ascom SINDISAN