Lucas Tonaco*
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No mês do dito “Setembro Amarelo” é necessária a importante reflexão sobre os aqueles que têm agora todos os outros meses cinza na COPASA
Recentemente, uma alta incidência de reclamações sobre saúde mental têm se passado pelos trabalhadores da COPASA – um dos indícios são as reclamações aos tom de lamentações profundas por parte de empregados, que dado as circunstâncias atuais, com problemas relacionados às modificações em suas rotinas laborais, se agravam.
Um dos cases a se discutir é o caso é dos leituristas – que após seus serviços serem terceirizados por trabalhadores que recebem salário mínimo e trabalham em condições ruins e em alta rotatividade, os que ainda restam, ficam com a profunda agonia com cargas de trabalho que chegam a superar as 500 (quinhentas) leituras, passando a ser o dobro. Dezenas deles transferidos para centenas de quilômetros de casa de uma semana para outra, se desesperam, afundados em ansiedades diversas: não sabem se voltaram, se permanecerão ou mesmo não sabem se o posto de trabalho irá continuar. Longe da família, o problema passa a ser um problema social, do qual a COPASA parece não ter sequer pessoal suficiente nos seus setores de assistência social, psicologia ou psiquiatria para lidar. Famílias diversas e com diversos problemas são afetados por transferências desumanas e abruptas – não é que apenas as rotinas e expectativas são modificadas, em sua integralidade o trabalho que anteriormente se mostrava enquanto provedor de um futuro para si e para a família, agora representa condição de afastamento da família.
A condição insustentável da qual a COPASA se insere, é também incoerente com as tais políticas de ESG sigla para governança ambiental, social e corporativa, diz praticar: ao mesmo tempo em que o cumprimento e compromisso com o ESG é uma premissa até mesmo em termos de capital quando a COPASA obtém um empréstimo bilionário com a AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento), alegando ser um “empréstimo sustentável” – fazendo similarmente anteriormente com o banco alemão KfW. A questão necessária é que sustentabilidade não é sobretudo não deixar o adoecimento e o sofrimento mental de seus trabalhadores não se agravar, e para além de uma questão ética e literalmente de saúde laboral, há também uma questão econômica, pois a falta de compreensão da COPASA com os tempos em que vivemos e da perda que isso significa para a COPASA em termos até mesmo de valores econômicos. segundo o Fórum Econômico Mundial, a saúde mental gera um custo global de cerca de US$ 6,6 trilhões, considerando despesas médicas, perdas por absenteísmo e aposentadorias precoces, no Brasil, representa quase 5% do PIB, em uma empresa com uma retórica da eficiência e da financeirização cada vez mais avançada, nos resta a reflexão que nem as perdas humanas, de imagem ou financeiras importam.
Para aqueles leituristas que ainda cuja situação biopsicossocial é cada vez mais grave, e que não há boias de salvação tão perto perante ao oceano de recém problemas do que estão sendo afogados, é importante lembrar que no mês do dito “Setembro Amarelo” é necessária a importante reflexão sobre aqueles que têm agora todos os outros meses cinza na COPASA pois direitos que outrora pareciam dar cor a uma vida laboral de perspectivas e produtivas, que deram décadas de serviços para a COPASA aparecem agora desbotados. Mais que um simples direito, é um direito humano, promovido pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, há ainda outras diretrizes, como a Lei 10.216, datada de 6 de abril de 2001 é a referência de base da atual Política Nacional de Saúde Mental e outras dezenas de decretos e leis, embora a questão não seja apenas legal e ética, é necessário dizer – problemas relacionados a sofrimento na saúde mental tornam as pessoas com menos vida, problemas relacionados a sofrimento na saúde mental tornam trabalhadores mais improdutivos, relacionados a sofrimento na saúde mental acabam com vidas, com famílias.
* Lucas Tonaco – secretário de Comunicação da FNU, dirigente do Sindágua-MG, acadêmico em Antropologia Social e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)