A leitura para gerar contas para a Copasa se transformou em um sistema de erros, penalizando consumidores, leituristas e a própria empresa. A terceirização pela Copasa dos serviços de leitura de hidrômetros e emissão de contas construiu algumas tragédias encadeadas na empresa.
O desmanche dos serviços próprios prejudicou imediatamente a população consumidora. Leituristas foram insensivelmente transferidos, “exilados” a centenas de quilômetros de suas moradias, as atividades passaram a ser realizadas com a exploração desumana e absurda de prestadores de serviços sem treinamento, resultando em incorreções grosseiras que geraram contas com valores estratosféricos. A mudança agrediu a dignidade dos trabalhadores afastados, que viram suas vidas e a sustentabilidade de suas famílias reviradas de uma hora para outra, com um terror psicológico e econômico.
Os erros resultaram em reclamações e denúncias de consumidores lesados, que inundaram reportagens em jornais, programas de TVs e rádios, destruindo a imagem da Copasa.
A terceirização da leitura foi justificada pela empresa como uma forma de modernização. O custo da entrega dos serviços para terceiros ficou em R$ 64.390.675,29, em três anos de contrato, ou seja, R$ 21.463.558,43 anuais. Em um quadro de 250 leituristas, muito acima do praticado pela própria Copasa, com um salário de R$ 4.500,00, já considerados encargos e benefícios, representaria um gasto anual de cerca de R$ 15.000.000,00, muito abaixo do recebido pela empresa contratada, que paga salários miseráveis aos seus empregados, além de não terem benefícios socioeconômicos. A exploração não estimula ninguém ficar neste emprego e a rotatividade impede que estes profissionais criem identidade com a Copasa, quebrando a confiança e a segurança dos consumidores acostumados a ver em suas portas sempre o mesmo trabalhador.
A modernidade justificada para gastar é uma farsa, verdadeira fraude. Não foi implantada na leitura nada de novo, nem de aparelhagem nem de software. Os terceirizados continuaram utilizando os mesmos mecanismos, depois de serem treinados pelos próprios leituristas afastados.
Além de resultar em erros de leitura, cálculos pela média, e emissão de contas com valores altíssimos, os terceirizados foram contratados pelas empreiteiras com remuneração pouco acima do salário mínimo, explorados com aumento de cerca de 50% na carga de leituras a serem feitas, sem os mesmos benefícios sociais dos antigos trabalhadores. Tivemos inclusive greve dos leituristas terceirizados por atraso de pagamento de salários. Daí, começaram acontecer naturalmente abandonos de emprego, com uma rotatividade de trabalhadores muito grande, devido às condições desumanas de trabalho e de remuneração.
Os serviços de leitura pioraram, penalizando os consumidores e transformando os antigos leituristas e novos prestadores de serviços em vítimas de um processo escandaloso, injustificável, que não agregou nada de positivo e só trouxe prejuízos.
Fonte: Ascom Sindágua-MG