Os números divulgados pela Copasa em seus balanços dão um retrato da grande lucratividade alcançada pela empresa, mas ao mesmo tempo espelha resultados obtidos com grande sacrifício dos trabalhadores.

Começamos pelo número de empregados, que caiu de 11.525, em 2019, para 9.542, em 2023. Apesar desta queda de 2.000 postos de trabalho até o final do ano passado as redes de água e de esgotos vem evoluindo sistematicamente desde 2019. Somadas, as redes de água esgotos por empregado saltaram de 622,3, em 2019, para 807,6, em 2023. Considerando o ano de 2021 este número saltou de 700,9 para 807,6, representando um resultado operacional positivo de 1,41 trabalhadores para 1,23 por mil ligações. Ou seja, muito menos trabalhadores trabalhando muito mais.

Além do desligamento de grande número de trabalhadores através do P D V I, a empresa fez demissões em muitas localidades e faz crescer o número de terceirizações. Em 2023, o gasto (em R$ bilhão) com pessoal próprio foi de R$ 1.631.468, contra R$ 694.362 com terceirizados. Isto representou apenas em relação ao ano anterior (2022) um crescimento de 14,6% com terceirizações. De 2021 para 2022, este gasto com as terceirizações foi ainda mais gigantesco, com exagerados 27,6%.

Estas amostras permitem entender a explosão da receita líquida da empresa com tarifas de água esgotos, saltando de R$ 5.182 bilhões, em 2021, para R$ 5.371, em 2022, e atingindo R$ 6.527, em 2023. O lucro líquido foi ainda mais significativo, saltando de R$ 538 milhões, em 2021, para R$ 843, em 2022, e R$ 1.379 bilhão, em 2023.

Em 2023, a Copasa manteve a prática de distribuir 50% do seu lucro líquido, o dobro do que poderia fazer. Os dividendos Regulares referentes ao exercício de 2023 totalizaram R$ 637,8 milhões, sendo R$ 479,1 milhões referentes aos JCP e R$ 158,7 milhões referentes aos dividendos. Em dezembro de 2023, a AGE aprovou a distribuição de Dividendos Extraordinários no valor de 372,5 milhões, utilizando parte do Saldo da Conta de Reservas de Retenção de Lucros existente no balanço do exercício de 2022.

A saúde financeira da Copasa, com a sangria de distribuição de lucros a acionistas e uma exigência de trabalho cada vez maior de uma base de trabalhadores encolhida, é mais do que suficiente para cobrarmos da empresa maior valorização dos trabalhadores, para alcançarmos merecidamente um ganho real para fechamento do Acordo Coletivo de Trabalho 2024.

Fonte: Ascom Sindágua-MG