Não basta ser alvo de CPI na Assembleia Legislativa. Não basta prestar um serviço de baixíssima qualidade à população. Não basta cobrar tarifas absurdas. A Enel não ficou satisfeita com esse currículo e resolveu acrescentar mais um atributo à sua atuação no Ceará: perseguição e assédio moral contra representantes sindicais.
Em menos de três meses, já foram três demissões de membros do Sindeletro. O último caso foi de Céscio Lessa Fernandes, conselheiro fiscal do sindicato, demitido em outubro sem justa causa. Assim como fez nos demais casos, o Sindeletro tentou diversas vezes reverter a situação, mas a empresa manteve a decisão, alegando “baixo rendimento” do trabalhador – quando, na verdade, Céscio já vinha sofrendo perseguição: ele estava isolado no seu setor, sendo delegado para poucos serviços a ponto de ter que “pedir para trabalhar”.
Indícios apurados pelo Sindeletro apontam que outros dirigentes sindicais estavam na mira das demissões, mas os desligamentos só não ocorreram devido à intervenção do sindicato junto à empresa.
O Sindeletro vem a público repudiar, mais uma vez, as demissões e denunciar o cenário que está sendo construído na Enel: uma empresa que, por meio de práticas antissindicais, tenta silenciosamente enfraquecer a entidade que representa seus trabalhadores e luta pelos direitos da categoria. Uma prática que desrespeita a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata sobre o respeito à liberdade sindical e da qual a Enel é signatária.
Mas não para por aí.
Há poucos meses, a Enel Ceará ganhou destaque na grande mídia local por anunciar novos investimentos e contratações para reforçar o atendimento à população. Mas fora da mídia, a realidade é outra: na contramão do que foi divulgado pela atual gestão, a Enel Ceará demitiu 75 trabalhadores de 2023 até o momento – sem contar os pedidos de demissão que já totalizariam 160. Muitas dessas demissões foram feitas sem qualquer justificativa e, inclusive, de trabalhadores recém-contratados pelo projeto de internalização de terceirizados.
Para além de números, trata-se de trabalhadores que dependem do emprego para o sustento familiar e que são dispensados sem sequer saber o motivo. É um projeto de desmonte, iniciado por um processo de demissões similar ao que ocorreu na Enel São Paulo, onde a empresa reduziu em mais de 50% seu quadro de pessoal nos últimos cinco anos e a população vem sofrendo as duras consequências de um serviço mal prestado. É a esse ponto que a Enel Ceará quer chegar?
Essa luta não é apenas do Sindeletro. Contamos com o apoio de outras entidades representativas de trabalhadores que, na sua atuação Brasil afora, enfrentam esses mesmos tipos de ataque. Estamos todos juntos contra os desmandos de qualquer empresa.
Convocamos também todos os trabalhadores e trabalhadoras da Enel Ceará a se unirem em defesa do trabalho sindical. Defender o Sindeletro é defender toda a categoria eletricitária. Fortalecidos pela coletividade, poderemos proteger o trabalhador e avançar na luta por uma energia barata e de qualidade para todos os brasileiros.
Fonte: Ascom Sindeletro-CE