Um acidente na ETA Maria da Fé, no último domingo (15 de dezembro), matou mais um trabalhador terceirizado da Copasa, consequência da relação direta entre terceirização, precarização, falta de estrutura e descumprimento de regras básicas de segurança, causas recorrentes de tragédias na empresa. A vítima, desta vez, foi o motorista de uma carreta que transportava uma carga de produto químico entregue na ETA, na área de abrangência da Gerência Regional de Pouso Alegre.
O acidente é uma tragédia anunciada. De acordo com denúncias de trabalhadores, a estrutura para armazenamento de hipoclorito de sódio é uma verdadeira gambiarra, perigosa e sem segurança. São quatro containers IBC de 1.000 litros instalados sobre a amurada da bacia de contenção do tanque de cloreto férrico, sustentados por barras de ferro. Apesar dos constantes alertas sobre a falta de segurança da área, a Copasa não resolveu o problema, colocando em risco a vida dos trabalhadores. Segundo as denúncias, a mesma situação ocorre em Extrema e outras localidades.
A terceirização, em todas as atividades e setores, tem enorme ônus, com a contratação de empreiteiras que visam apenas o lucro fácil, não oferecem condições de trabalho e salários adequados nem capacitam seus funcionários para as atividades que executam. A gestão privatista da Copasa, sob determinação explícita do governador Romeu Zema, vem deliberadamente sucateando a empresa, na tentativa de facilitar a sua privatização.
O procedimento para a entrega do produto químico teve inúmeras irregularidades. Informações preliminares apontam que motorista chegou à ETA por volta das 9 horas e, como o acesso é íngreme, a carreta não pôde entrar na área da unidade. O motorista, então, subcontratou na região uma caminhonete, por frete, e colocou na sua carroceria um container reserva, para o qual transferia o líquido, por gravidade, e o levava para a área interna da ETA, próximo à bacia de contenção do tanque de cloreto férrico. Neste local, utilizou uma bomba para transpor o líquido da caminhonete para os containers, realizando várias viagens ao longo do dia.
Depois de concluir o serviço, por volta das 18 horas, ocorreu o trágico acidente: em dado momento, o motorista entrou na bacia de contenção, não se sabe por qual motivo, próximo a um dos containers. A barra de ferro que o sustentava não suportou o peso, e o container caiu em cima do motorista, matando-o esmagado contra o chão e o tanque de cloreto.
A direção do SINDÁGUA repudia esse grave e fatal acidente, reflexo da política de desmonte da Copasa, expondo os trabalhadores a precárias condições e a grandes riscos, com o corte de gastos para maximizar os dividendos aos acionistas e a redução dos investimentos em sua estrutura operacional, em detrimento da qualidade dos serviços prestados à população. É o que demonstra a gambiarra e a falta de estrutura adequada na ETA Maria da Fé para o armazenamento do hipoclorito de sódio, atestando a responsabilidade da empresa no acidente de trabalho que causou a morte do motorista terceirizado.

Fonte: Ascom Sindágua-MG