Companhia afastou trabalhadores com base em avaliação de desempenho feita por chefes comissionados, como forma de perseguição, diminuição do quadro e aumento da terceirização

Nos dois primeiros dias úteis de janeiro (2 e 3/1), o Sintraej foi procurado por trabalhadores que estão sendo comunicados pela Companhia Águas de Joinville (CAJ) de afastamento em decorrência do resultado das últimas duas avaliações de desempenho. Até o momento, foram pelo menos cinco funcionários, que relataram estar sem acesso à empresa e a todos os sistemas. Desta forma, eles encontram-se impedidos inclusive de acessar informações necessárias para a sua defesa, como as avaliações de desempenho anteriores e empenhos (documento onde estão descritas as atividades pelas quais os funcionários foram avaliados).

Com estas medidas, a companhia está punindo os trabalhadores por antecedência e impedindo que tenham a possibilidade de se defender. Esta é uma ação irregular, arbitrária e imoral, de uma dimensão nunca vista na CAJ. Trata-se de uma tentativa de  demissão em cadeia, que faz parte de um conjunto de ações para destruir a companhia como uma empresa pública, ampliando as terceirizações e os conchavos políticos para a ampliação da terceirização.

Todos sabemos que a avaliação de desempenho da CAJ é uma mentira, imposta por meio de uma normativa da direção da empresa, amplamente criticada pelos trabalhadores, totalmente subjetiva e com uma pontuação absurda. Ela leva em conta apenas o olhar do gestor direto (comissionado), sem considerar o real desempenho da função, as condições de trabalho e se houve treinamento aos trabalhadores.

Todos os anos, muitos colegas relatam que a nota de suas avaliações parecem ter sido reduzidas arbitrariamente, sem relação com a realidade. Também não é incomum a mudança de atividades e/ou de setores no meio do período sem a devida correção do que é esperado e sem nenhum suporte para o desempenho da nova função pelo trabalhador.  Inclusive, um dos trabalhadores que se encontra afastado no processo de demissão, e que procurou o sindicato, relata que atua em desvio de função e que não recebeu nenhum treinamento para a nova função. Esse é apenas um dos exemplos.

A avaliação de desempenho da CAJ segue a cartilha de “meritocracia” do governo de Adriano Silva (Novo) e comunga com as últimas decisões emitidas por Alexandre de Moraes no STF sobre demissão por justa causa de trabalhadores concursados de empresas públicas e de sociedade de economia mista.

Na Águas de Joinville, ela está relacionada a uma mísera progressão salarial, concedida apenas a alguns, com uma verba limitadíssima. Por isso, a empresa a considera parte de um “Plano de Carreira”. No entanto, está cada vez mais evidente que esse é, na verdade, um eficiente meio de perseguição, que pode ser usado politicamente contra os trabalhadores.

Assim, ao invés de “Plano de Carreira”, a avaliação de desempenho da CAJ mostra-se um plano de diminuição do quadro funcional. Repetimos: em um cenário crescente de terceirização e desmonte de diferentes setores da companhia, sabemos que essa é uma forma de demitir para terceirizar e repassar o patrimônio público cada vez mais à iniciativa privada, precarizando ainda mais o atendimento à população, como denunciamos no texto “Solução para a falta d’água em Joinville exige mais investimento público” (leia abaixo).

Diante de tudo isso, o Sintraej e todos os trabalhadores do CAJ  levantarem. É nossa tarefa nos manifestarmos contra este absurdo. Enquanto sindicato preponderante na Águas de Joinville, o Sintraej iniciou, em 6 de janeiro, uma ampla campanha de denúncia e de mobilização da categoria. Essa é uma luta que exigirá a solidariedade de classe e a participação de todos, pois afeta a cada um de nós. Os trabalhadores de toda cidade e do país serão chamados a contribuir. 

O Sintraej está orientando administrativa, coletiva e juridicamente os afetados. Também já solicitou oficialmente à companhia a lista de trabalhadores afastados, exigindo a recolocação imediata deles em seus postos de trabalho para a devida defesa, com acesso às informações, remuneração e direitos garantidos.

Orientamos que todo trabalhador que receber algum documento de afastamento de trabalho dessa natureza deve imediatamente informar ao presidente do sindicato, Edson Silva (47 99917 3429).

Além disso, é fundamental que todas as entidades da nossa classe se manifestem em solidariedade aos trabalhadores afastados e em processo de demissão arbitrária do Companhia Águas de Joinville.

  • Recolocação imediata dos afastados em seus postos de trabalho!
  • A avaliação de desempenho é uma mentira!
  • Fim da avaliação de desempenho! Por um verdadeiro Plano de Cargos, Carreira e Salários!
  • Nenhuma demissão!

    fonte: Sintraej