Com a presença de dezenas de trabalhadores urbanitários, dirigentes sindicais e representantes de movimentos, foi realizado nesta quarta-feira (20/3), em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, um importante ato em defesa do saneamento público, contra a privatização da água e pelo acesso facilitado a recursos financeiros para os prestadores públicos.
A mobilização denunciou a política de privatização do setor e cobrou o retorno do financiamento público pelo BNDES. Denominado “BNDES NÃO VENDA NOSSA ÁGUA“, o ato destacou os impactos negativos da privatização do saneamento no Brasil. Durante sua fala, o presidente da FNU, Pedro Damásio, reforçou a necessidade de garantir o direito à água e a importância do fortalecimento das empresas públicas de saneamento.
“A água não pode ser tratada como mercadoria. O BNDES precisa cumprir seu papel social e fortalecer as empresas públicas, garantindo investimentos para a universalização do saneamento. Vamos às ruas para impedir que o direito à água continue sendo vendido ao setor privado”, afirmou Damásio.
O evento também contou com a participação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que destacou os prejuízos da privatização da Cedae no Rio de Janeiro. Ele enfatizou que não faz sentido o BNDES financiar a privatização. “Uma empresa pública federal tem que formatar o fortalecimento das outras empresas públicas e não acabar com elas”, disse. O deputado também ressaltou que a população está sofrendo com contas altas e a falta recorrente de água, principalmente nas áreas periféricas, e enfatizou que esse é o retrato do que acontece quando o lucro passa a ser prioridade, em vez do direito das pessoas.
Além dessas falas, diversos dirigentes sindicais reforçaram a defesa das empresas públicas de saneamento e os direitos dos trabalhadores urbanitários. O ato evidenciou a importância da mobilização para barrar as privatizações, garantir o trabalho aos urbanitários e assegurar que a água continue sendo um direito fundamental, acessível a toda a população.
Ofício ao Ministro da Fazenda
A FNU e as demais entidades organizadoras também encaminharam um ofício ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçando a necessidade de diálogo sobre a política de saneamento no país. No documento, destacam-se a urgência da retomada do financiamento público pelo BNDES, a necessidade de acabar com a outorga onerosa e o compromisso com a universalização do saneamento.
O ofício também ressalta a importância das empresas públicas e autarquias municipais e estaduais para garantir a universalização do saneamento. No documento é defendida a ampliação dos investimentos em infraestrutura, o acesso facilitado a recursos financeiros para os prestadores públicos e o fortalecimento da governança do setor, impedindo que a água se torne apenas um negócio lucrativo.
Outro ponto relevante do documento é a necessidade de estabelecer um canal efetivo de diálogo entre o governo federal, os trabalhadores do setor e a sociedade civil. A proposta é garantir que as decisões sobre planejamento, investimentos e políticas públicas de saneamento sejam tomadas de forma transparente e participativa, priorizando o interesse público.
O ato, promovido pela FNU, CNU, Frune, Furcen, Fruse, Fenatema, Coletivo Nacional de Saneamento (CNS) e Frente Parlamentar Mista em Defesa do Saneamento Público, faz parte das mobilizações da semana do Dia Mundial da Água (22 de março).
Os trabalhadores urbanitários seguem firmes na luta para garantir que a água continue sendo um direito de todos, e não um negócio para poucos!