O 22 de março, Dia Mundial da Água, foi marcado, em Aracaju, por atividades promovidas pelo Sindisan numa dupla comemoração: para reafirmar a vitória do sindicato e dos trabalhadores com a desistência do Governo do Estado em privatizar a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), e também para celebrar a data e dialogar com a população sobre o tema “Água é direito, não mercadoria”.
Na parte da manhã, o sindicato montou tendas na Praça Fausto Cardoso, no centro da Capital, onde fez exposição sobre a importância da água para a humanidade, exibiu vídeos e distribuiu panfletos sobre o tema e também contra a mercantilização da água em favor de grandes conglomerados econômicos mundiais e contra a privatização das companhias públicas brasileiras de saneamento. O sindicato promoveu, ainda, uma intervenção no espaço da praça que chamou a atenção de quem passou pelo local: um bebedouro, envolto em uma cerca de aço, com avisos de propriedade privada e que a água tinha dono, ficando inacessível a quem quisesse utilizar.
“Foi uma forma que encontramos de chocar e sensibilizar as pessoas para mostrar que a água não pode ser tratada como propriedade privada ou como mercadoria. Água é essencial à vida e um direito que deve ser assegurado à população, em especial, as vulneráveis, que vivem em regiões de pouca chuva. Por isso, defendemos a água como bem público e direito de todos, sendo estratégico o seu controle pelo Estado, não por empresas privadas, que só visam lucro”, explicou Sílvio Sá, presidente do Sindisan.
Produção de alimentos
Também no espaço das tendas, na Praça Fausto Cardoso, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) puderam expor e vender produtos artesanais e, principalmente, hortifrutigranjeiros, apresentando o resultado da produção de alimentos, resultado do uso racional da água.
“O 22 de março é muito importante para nós, camponeses. Por isso, nos somamos aos trabalhadores da cidade, nessa aliança camponesa e operária, e às demais entidades nesse dia para lembrar que água não é mercadoria, como o agronegócio tenta expor. Os camponeses, pequenos agricultores, precisam da água para produzir e sobreviver, principalmente nós, que somos do sertão e de outras regiões de Sergipe onde há problemas de abastecimento. Temos que lutar pela água como um direito nosso. Por isso é importante estarmos aqui, junto com o Sindisan e as demais entidades, fazendo essa defesa. O Dia da Água é todo dia. Hoje (22) é apenas um marco importante”, destacou Elielma Barbosa, camponesa e dirigente do MPA
Trabalhadores e povo nas ruas
Na parte da tarde, aconteceu a segunda edição da Caminhada da Água. Trabalhadores e representantes dos movimentos social e sindical, além de parlamentares de vários partidos, seguiram em marcha, saindo da sede da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), em direção ao centro da Capital. A caminhada foi animada pelo grupo de percussão afroreggae Haussas, do bairro Cirurgia, e pela batucada do Levante Popular da Juventude.
“Há um ano, estávamos nas ruas, na primeira Caminhada da Água, no enfrentamento à possível venda da Deso e da água do povo sergipano. Hoje, comemorando porque conseguimos afastar o fantasma da privatização, uma vitória dos movimentos sindical e social liderados pelo Sindisan. A luta agora e para garantir a água como direito social e de todos”, lembrou o vice-presidente da CUT, Plínio Pugliese.
O Secretário-Geral do Sindisan, Sérgio Passos, avaliou como muito positiva a segunda edição da Caminhada da Água. “O sindicato conseguiu, mais uma vez, mobilizar trabalhadores, o movimento sindical e social para uma causa que é de todos: a garantia da água como um direito fundamental da população e contra a privatização desse recurso precioso e finito. Água é essencial à vida, não pode ser trata como mercadoria para gerar lucro para os capitalistas. Água não pode ter dono, é de toda a sociedade”, defende.
Sérgio lembrou que o Brasil tem a maior reserva de água potável do mundo, não só em rios, mas em gigantescos aquíferos, como o Guarani, o que vem despertando a cobiça de grandes grupos econômicos como a Coca-Cola, Nestlé e outros. “A água é o bem mais precioso que existe. As futuras guerras não serão por petróleo, mas por água. Então, esse é o alerta que fazemos à sociedade. Não podemos deixar que entreguem a nossa água para multinacionais gananciosas, porque aí perderemos completamente a nossa soberania. Temos que preservar os nossos rios, mananciais e nossas reservas para garantir o futuro”, reforçou Passos.
Projeto de Lei
A deputada estadual Ana Lúcia, do PT, que também participou da caminhada, deu uma grande contribuição para que a atividade promovida pelo Sindisan cresça a partir das próximas edições. A petista apresentou, na Assembleia Legislativa, o Projeto de Lei 41/2018, que inclui, a “Caminhada da Água” no calendário oficial ambiental do Estado de Sergipe.
Pela proposta, no dia 22 de março, o Estado poderá, em parceria com o Sindisan e demais entidades da sociedade civil, participar da organização do evento, além de promover uma programação alusiva ao Dia Mundial da Água, com caráter educativo, realizando eventos, seminários e outras atividades.
Participaram da 2ª Caminhada da Água, promovida pelo Sindisan, dirigentes do sindicato e trabalhadores da base, o deputado federal João Daniel (PT), os deputados estaduais Ana Lúcia (PT) e Moritos Matos (Rede), os vereadores de Aracaju, Iran Barbosa (PT) e Américo de Deus (Rede), dirigentes da CUT, Sintese, Senge, Sinjus, Sindijor, CRESS, Fetam, Sinergia, MOTU, MPA, MST, MTST, UNE, Levante Popular da Juventude, Conal e da Cáritas Arquidiocesana de Aracaju.
Escrito por George W. Silva / Ascom-Sindisan