O presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), Paulo de Tarso, avalia que o vencimento da MP sem aprovação é uma vitória do campo popular, que tem pressionado fortemente os parlamentares
O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), o Sindicato dos Urbanitários do DF (STIU-DF) e as centrais CUT e CTB, CUT realizaram nesta quarta-feira (6/6) um café da manhã em defesa da Eletrobras e demais estatais brasileiras.
O evento, sob o tema “Eletrobras – Privatizar Faz mal ao Brasil”, ocorreu no auditório do Sindicato dos Bancários-DF e teve a participação de sindicalistas, parlamentares e representantes dos movimentos sociais – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outros.
A ideia é articular uma rede de luta conjunta e, nesse sentido, os eletricitários convidam os movimentos a apoiar greve contra privatização da Eletrobras, marcada para ser realizada entre os dias 11 e 13 de junho.
Os eletricitários são contra a mercantilização do setor elétrico nacional promovida por Temer e seus aliados. A categoria defende um modelo democrático sustentável para o setor e desenvolve propostas que estabeleçam a energia como um serviço público, não uma mercadoria submetida à especulação. Um sistema cooperativo, ao invés de competitivo, a valorização das energias renováveis, o fortalecimento das empresas estatais, são algumas das alternativas apresentadas pela classe para corrigir as deficiências do sistema energético do país.
Na avaliação dos dirigentes sindicais, o evento foi extremamente importante, vitorioso, pois conseguiu mobilizar diversos parlamentares, sindicatos, federações, centrais e movimentos sociais para a luta contra a privatização da Eletrobras.
Ofensiva neoliberal
A venda da estatal é uma das pautas prioritárias da agenda econômica de Temer, e o Planalto tem investido em diversas frentes para agilizar o processo.
Uma delas foi a Medida Provisória (MP) 814/17, que caducou no último dia 1º por não ter sido votada a tempo. O presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), Paulo de Tarso, avalia que o vencimento da MP sem aprovação é uma vitória do campo popular, que tem pressionado fortemente os parlamentares.
“A unidade é que nos fortalece. A unidade é que vai fazer frente a esse governo que está usurpando direitos e conquistas da sociedade, acabando com o patrimônio nacional e entregando ao capital estrangeiro”, destaca.
A estatal, no entanto, segue na mira dos golpistas. A Eletrobras também é alvo dos Projetos de Lei (PL) 9463/18, 1917/15, 10332/18 e dos Decretos 9188/17 e 9351/18, todos com conteúdo relacionado à privatização da empresa.
O governo também lançou mão de outras medidas, como o lançamento de um edital do BNDES para contratar serviços auxiliares à privatização, além da edição de uma portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) que criou grupos de trabalho para prestar apoio técnico a esse processo.
Frentes de resistência
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), representante da bancada da oposição no Congresso no encontro com os eletricitários nesta quarta, aponta que o movimento popular ecoou no Congresso, mas que a pauta ainda exige atenção.
“Esse trabalho fez com que a base do governo derretesse com relação a essa matéria. Agora, é preciso ter muito cuidado porque o governo não desistiu. Ele apenas está com muita dificuldade de implementar [a venda] porque ele perdeu a narrativa”, enfatiza.
Do lado do campo popular, a militância reforça a mobilização para tentar frear as medidas de privatização da estatal no parlamento.
O dirigente Marco Baratto, do MST, destaca que a bandeira de defesa da Eletrobras envolve temas como a soberania energética do país, a segurança nacional e o acesso a um serviço público de energia de qualidade.
Baratto acrescenta que a venda da empresa tende a repercutir fortemente na vida da população camponesa.
“Vai implicar direto não só no aumento da conta de energia lá na ponta, nos territórios que são [considerados] invisíveis no Brasil, mas também no acesso e na qualidade [do serviço], porque vai estar na mão de grupos empresariais”, ressalta.
Paralisação de 72 horas – 11 a 13 de junho
Os eletricitários farão uma paralisação de 72 horas, que foi marcada para os dias 11 a 13 de junho, a fim de defender a Eletrobras e fortalecer a luta contra as arbitrariedades do governo Temer, com sua política entreguista e de desmonte das estatais. (com informações: Portal CTB e Brasil de Fato)