Em entrevista ao Portal Vermelho, a secretária de Energia da CNU – Confederação Nacional dos Urbanitários – e dirigente eletricitária do Stiu-DF, Fabíola Antezana, afirmou que o governo de Michel Temer não quer ouvir propostas alternativas à privatização das seis distribuidoras de energia da Eletrobras. “Se as distribuidoras forem privatizadas esses estados que recebem o serviço vão sofrer com falta de energia e com a precarização”, explicou a sindicalista.
“Privatizar as distribuidoras é um passo para entregar a Eletrobras para o mercado”, declarou Fabíola, que afirmou ainda que os trabalhadores entendem a dificuldade financeira das empresas, mas que não será o PL 10332/2018 que irá resolver. “ Com a aprovação do PL o governo sinaliza ao mercado que os interessados estarão adquirindo uma empresa sem risco. Se não for aprovado o PL provavelmente não haverá interessados em adquirir essas empresas. Esse é o objetivo do PL”, esclareceu Fabíola.
A dirigente lembrou que os eletricitários não discordam do debate e da necessidade de haver um saneamento na empresa. “O PL é importante só que neste momento em que visa a privatização será um passo para o governo conseguir o que quer”.
Distribuidoras: inserção regional estratégica
O papel das distribuidoras da Eletrobras é levar energia até a casa do consumidor nas áreas urbanas e rurais, definiu Fabíola. As empresas atuam em estados com particularidades regionais muito diferenciadas do resto do país daí a importância da presença do Estado prestando este serviço, completa a dirigente.
“São estados em área de floresta amazônica, sertões, regiões áridas. Tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito baixo e alto índice de furto de energia, conhecido como o gato. Ao contrário do que as privadas fariam a distribuidora pública não corta simplesmente a luz, mas negocia e oferece política pública como o Luz para Todos”, argumentou Fabíola.
Marca dos governos dos PT, o Luz para Todos levou energia a 15, 6 milhões de casas nas zonas rurais do país. Cortes efetuados por Michel Temer no orçamento do programa fez chegar ao Luz para Todos, de janeiro a maio de 2017, apenas R$ 75,9 milhões de reais dos R$ 1,172 bilhão previstos para o ano.
Fabíola também enfatizou que no norte do Brasil, as distribuidoras são elemento essencial para garantir a segurança das fronteiras. “A ação do exército depende dessa energia das distribuidoras. Levar esse serviço por quilômetros para as equipes que vigiam as fronteiras não dá lucro. A empresa privada não vai prestar esse serviço”, exemplificou.
Celg piorou indicadores após privatização em 2017
As Centrais Elétricas de Goiás (GO) foi privatizada em 2017 com a promessa de que em um ano melhoraria os indicadores. Segundo Fabíola, aconteceu o inverso. Ela apontou a empresa do centro-oeste como um exemplo do fracasso da privatização local.
“No primeiro ano de privatização da Celg pioraram todos os indicadores: aumentou o número de desligamentos (falta de luz), aumentou o tempo para religar a luz sem contar que, mesmo com condição geofísica privilegiada por estar em área plana, a empresa foi fragilizada imagine nas condições geofísicas do norte e nordeste”, comparou Fabíola.
Governo nega diálogo com trabalhadores
Os eletricitários contestam o governo Temer, que afirma não ter saída para o caso das distribuidoras e ameaça liquidar as empresas. “A lei não fala isso que o governo afirma. Há uma janela na qual é possível a concessionária renovar a concessão das empresas. É uma decisão política para assegurar um debate em outras bases que não seja a privatização”, explicou Fabíola.
Segundo ela, o governo não quer ouvir os trabalhadores. “Defendemos que a Eletrobras tome a dianteira dessas distribuidoras até que mude o governo e possamos debater o setor energético como um todo. Entre as propostas está a criação de uma empresa brasileira de distribuição que abarcaria as seis distribuidoras. Os trabalhadores estão estudando formas para que essa empresa tenha recursos próprios”, explicou Fabíola. (fonte: Portal Vermelho)