Governo tenta lidar com rejeição popular à medida e usa estratégias de convencimento dos deputados, como pressão sobre governadores mediante liberação de recursos da Caixa. Trabalhadores vão continuar na pressão para que reforma não seja aprovada
Apesar do investimento de R$ 20 milhões na última campanha publicitária, o governo não conseguiu convencer a população a apoiar a reforma da Previdência – nem mesmo adotando o discurso de que, em sua versão enxuta, a reforma combate privilégios e atinge os mais ricos.
Pesquisa feita pelo instituto Paraná para o jornal paranaense Gazeta do Povo revela que 66% dos brasileiros são contra mudanças nas regras de aposentadoria. E isso não é por falta de informação, já que 89,8% dos entrevistados dizem ter conhecimento da reforma enviada para o Congresso.
O levantamento aponta também que a posição predominante entre os entrevistados, de oposição à reforma, tem fundamento na análise também majoritária de que a reforma é desnecessária. 62,5% dos entrevistados se posicionam dessa maneira, contra 33,3% que avaliam que a medida é necessária.
Por faixa etária, a pesquisa mostra que a maior rejeição à reforma ocorre exatamente entre os mais jovens, que serão os maiores prejudicados sem mudanças nas regras de concessão de benefícios. Segundo o levantamento, entre os jovens de 16 a 24 anos, 77,5% são contra a reforma e apenas 17,3% são favoráveis.
O percentual é menor entre entrevistados com idade entre 45 e 59 anos – potencialmente os que podem sentir em maior grau o impacto da reforma, pois estão mais perto de se aposentarem – 66,6% são contra a reforma e 28,9% são favoráveis.
Considerando o grau de escolaridade, a maior aceitação da reforma está entre os mais escolarizados, com ensino superior: 57,7% são contra a reforma e 37,3% a favor. Os entrevistados com escolaridade até o ensino fundamental têm maior rejeição à reforma, com 69,5% dos entrevistados afirmando serem contra a medida e 23,0% a favor.
A pesquisa foi feita com 2.500 brasileiros em 176 municípios, nas 27 unidades da federação. O grau de confiança é de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,0% para os resultados gerais.
Tentativa de votar texto enxuto em fevereiro
O governo ainda tem esperança de votar a reforma da Previdência em 19 de fevereiro de 2018.
Para tanto, deverá usar todas as armas disponíveis, inclusive a liberação de recursos da Caixa Econômica Federal para os estados. No dia 26 de dezembro, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a liberação de dinheiro da Caixa será usada para convencer os governadores a pressionarem deputados por votos favoráveis para a reforma da Previdência. (com informações: Gazeta do Povo)
Toda a classe trabalhadora precisa estar engajada na luta contra a reforma da Previdência: para proteger a sua aposentaria, use a ferramenta “Na Pressão”