Após o anúncio da saída de Wilson Ferreira Junior do comando da Eletrobras pela incerteza na privatização da estatal, o presidente Jair Bolsonaro anunciou na manhã desta terça-feira, 26 de janeiro, que em 2021 iria acelerar o calendário de privatizações e dar continuidade às medidas de aperfeiçoamento do ambiente de negócios. O presidente participou da abertura da Conferência de Investimentos na América Latina 2021. Bolsonaro não citou a Eletrobras ou outra estatal na sua fala, mas revelou ainda que também quer acelerar os leilões de concessões, em especial no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos.
“Em 2021, vamos acelerar o calendário de privatizações e dar continuidade às medidas de aperfeiçoamento do ambiente de negócios. Queremos regulamentos mais simples e menos onerosos para destravar o imenso potencial do Brasil e facilitar o trabalho da iniciativa privada”, destacou.
A intensidade na velocidade de privatizações do governo também foi motivo de declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em coletiva na tarde de ontem, Maia acusou Bolsonaro de ter aberto mão do programa de privatizações. “O presidente nunca tratou de nenhuma privatização conosco, nunca me pediu privatização nenhuma e a única que está é a da Eletrobras”, disparou. O projeto de Lei que permite a venda da Eletrobras foi entregue em 2019 pelo governo, porém Maia nunca definiu um relator ou instalou a comissão necessária para sua tramitação. Maia disse ainda que todos sabiam da dificuldade que seria aprovar a venda da elétrica no Senado, visto que o presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) sempre foi contra.
Declarações do candidato Rodrigo Pacheco contra a privatização também influenciaram na decisão de Wilson Ferreira Junior , que alegou não ter sentido ‘tração’ para que a privatização deslanchasse. O executivo não acredita que em 2022, ano eleitoral, a operação seja possível.
Classificando Ferreira Junior como o principal indutor do processo de privatização, Emanuel Torres, diretor da Associação de Empregados da Eletrobras, credita a indisposição do parlamento em apreciar a venda da empresa ao trabalho de alerta feito pelos trabalhadores, que consideram a privatização como não interessante ao país. “Eles sempre tiveram dificuldade de levar o processo adiante. Wilson está saindo porque foi derrotado na sua posição de querer entregar a Eletrobras”, aponta.
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