Os deputados aliados do governo Eduardo Leite (PSDB) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul não ouviram os apelos dos trabalhadores e dos prefeitos e aprovaram, nesta terça-feira (31/8), por 33 votos a 19, o projeto de lei (PL 211/2021), que autoriza a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
As bancadas do PT, PDT e PSol votaram contra o projeto, junto com seis parlamentares de outros partidos.
Governador e deputados ignoram prefeitos e trabalhadores
O governo ignorou a decisão da assembleia da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) realizada na véspera. Os prefeitos pediram mais tempo para discutir os projetos.
Leite também não ouviu mais de três mil trabalhadores da Corsan, representados pelo Sindiágua-RS – que estiveram mobilizados ao longo do dia em Porto Alegre. Eles fizeram uma concentração no Largo Glênio Peres, depois seguiram até a sede da empresa, onde protestaram e protolocaram um ofício à direção da Corsan, solicitando a renúncia do presidente Roberto Babuti. Em seguida, marcharam até a Praça da Matriz e fizeram um ato diante do Palácio Piratini.
Eleito com a promessa de não vender a Corsan e o Banrisul e aplicando a mesma política de retirada de direitos e privatização de estatais do governo Bolsonaro, Leite sequer aceitou o pedido de um conjunto de deputados, para que retirasse o regime de urgência do projeto.
Como se não bastasse, além de votar o projeto a toque de caixa, com apenas 30 dias de tramitação, após ter acabado com o plebiscito que estava previsto na Constituição Estadual, o governador tucano ainda apresentou duas emendas de última hora ao projeto, sem qualquer possiblidade de análise e discussão. O que foi aprovado é um verdadeiro “cheque em branco” para o governo.
Privatização em meio à pandemia é covardia
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, considerou a aprovação do projeto “um absurdo e um mau negócio para o povo gaúcho”. Para ele, “trata-se de uma covardia a venda de uma empresa pública em meio à pandemia do coronavírus”.
“A Corsan leva água e saneamento para a população gaúcha e ainda dá lucro para novos investimentos”, explicou. “Vamos marcar na paleta os deputados e as deputadas que votaram a favor da privatização e divulgaremos os seus nomes especialmente nas bases eleitorais de cada parlamentar”, avisou o dirigente da CUT-RS.
“Além disso, vamos continuar intensificando a campanha do Plebiscito Popular sobre as privatizações no RS, cuja votação está realizada no período de 16 a 23 de outubro, onde o povo poderá se manifestar acerca da entrega vergonhosa do patrimônio público”, destacou Amarildo.
Agora a luta é nas câmaras municipais e prefeituras
O presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, disse que “o Rio Grande do Sul viveu hoje uma triste história”. Apesar do resultado, ele apontou que a pressão dos trabalhadores não acabou. “Agora vamos intensificar a luta nas câmaras de vereadores e junto às prefeituras”.
“Vocês até venceram a votação, mas quem mais perdeu hoje foi o povo gaúcho. Quando um deputado diz que não é a privatização da água, eu digo que é sim o que está em jogo. Quem vai nos garantir agora serão os prefeitos ao não assinarem os aditivos que a Corsan vai colocar para eles”, salientou o dirigente sindical, lembrando que a responsabilidade pelo saneamento é de competência do município.
Sobre a votação, Arilson disse que o resultando não o surpreendeu. “Daqui não esperávamos muita coisa porque, quando o governador não consegue, ele compra votos. E teremos que cuidar para que os prefeitos também não sejam comprados. Estaremos firmes na luta contra a privatização da Corsan, pois ainda temos um longo caminho político pela frente, além de um caminho jurídico a ser travado”, apontou.
Fonte: CUT-RS
Veja como votou cada parlamentar
Sim – A favor da privatização da Corsan
Aloísio Classmann (PTB)
Adolfo Brito (PP)
Any Ortiz (Cidadania)
Beto Fantinel (MDB)
Carlos Búrigo (MDB)
Clair Kuhn (MDB)
Dirceu Franciscon (PTB)
Elizandro Sabino (PTB)
Eric Lins (Dem)
Ernani Polo (PP)
Fábio Ostermann (Novo)
Faisal Karam (PSDB)
Fran Somensi (Republicanos)
Frederico Antunes (PP)
Gaúcho da Geral (PSD)
Gilberto Capoani (MDB)
Giuseppe Riesgo (Novo)
Issur Koch (PP)
Kelly Moraes (PTB)
Luís Augusto Lara (PTB)
Marcus Vinícius (PP)
Mateus Wesp (PSDB)
Neri, O Carteiro (Solidariedade)
Paparico Bacchi (PL)
Pedro Pereira (PSDB)
Rodrigo Maroni (PMB)
Ruy Irigaray (PSL)
Sérgio Peres (Republicanos)
Sérgio Turra (PP)
Tenente Coronel Zucco (PSL)
Vilmar Lourenço (PSL)
Vilmar Zanchin (MDB)
Zilá Breitenbach (PSDB)
NÃO – Contra a privatização da Corsan
Airton Lima (PL)
Capitão Macedo (PSL)
Dr. Thiago Duarte (DEM)
Dalcisio Oliveira (PSB)
Edegar Pretto (PT)
Eduardo Loureiro (PDT)
Elton Weber (PSB)
Fernando Marroni (PT)
Luciana Genro (PSol)
Gerson Burmann (PDT)
Jeferson Fernandes (PT)
Juliana Brizola (PDT)
Luiz Fernando Mainardi (PT)
Luiz Marenco (PDT)
Patrícia Alba (MDB)
Pepe Vargas (PT)
Sofia Cavedon (PT)
Valdeci Oliveira (PT)
Zé Nunes (PT)