Servidores da Corsan deliberaram pelo estado de greve

O movimento “RS pela Água” reuniu milhares de pessoas durante caminhada e ato para manter os serviços de saneamento públicos no estado. “Hoje é dia de derrubar a privatização e mostrar que a comunidade quer a água para todos e não tratada como mercadoria”, acentuou o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch.  Servidores dos mais de 300 municípios atendidos pela Corsan deslocaram das suas localidades para integrar o ato que contou com mais de cinco mil manifestantes.

Foi um ato histórico no Rio Grande do Sul e um ato histórico em defesa da água pública no país.

Veio muita gente. Teve mobilização de funcionários da Corsan e do Dmae,  mas com grande participação da sociedade civil organizada, entidades que defendem o saneamento público. Foi um grande ato democrático e de dignidade para defender um bem que é de todos”, registrou Wünsch.

 

A mobilização chamada pelo Sindiágua-RS, Simpa e movimentos populares teve início às 11h, em frente ao Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), na rua 24 de Outubro, seguindo em caminhada até a Praça da Matriz, onde encerrou por volta das 15h30, reforçando as demandas ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa. “A nossa luta é todo dia, a nossa água não é mercadoria” e “Não, não não, à privatização”, foram algumas palavras de ordem durante o ato.

 

Estado de greve dos servidores da Corsan

 

Antes da caminhada, os servidores e servidoras da Corsan deliberaram pelo estado de greve na assembleia convocada pelo Sindiágua, realizada em frente ao Dmae. A plenária autorizou a Diretoria Executiva e os delegados sindicais a deliberaram pela greve caso o governo se recuse a negociar a proposta do Acordo Coletivo de Trabalho, protocolada ainda em março e mantenha o processo de venda da Companhia.

Dezenas de lideranças sociais, parlamentares, ex-prefeitos da capital, servidores do saneamento público e familiares portavam faixas, cartazes, adesivos e folhetos informando à comunidade da intenção do governo do Estado de colocar a Corsan à venda ainda no mês de julho e privatizar o Dmae.

Ex-prefeitos como João Dib, Raul Pont e José Fortunati e ex-presidentes da Corsan e do Dmae, como Ronaldo Dutra e Guilherme Barbosa, foram contundentes em suas falas na permanência da água como bem público e ressaltaram o assédio de multinacionais sobre a água em todo o mundo. “Tirem as mãos do Dmae”, conclamou Dib, ex-prefeito e ex-diretor do órgão por duas gestões.

 

“Água e o saneamento são bens públicos. É vida, é saúde, é essencial e um direito básico. Privatizar tem o fim de atender a quem quer ganhar dinheiro, como ocorreu com a CEEE, que oito meses depois da venda distribuiu R$ 1,2 bilhão aos acionistas a custa do aumento da tarifa. Privatizar é deixar o serviço mais caro e com menos qualidade . É mais custo para o cidadão e lucro para as empresas”, resume o presidente da CUT/RS,  Amarildo Censi, uma das mais de 30 entidades que reforçaram a mobilização, como representantes de companhias públicas de saneamento como a Semae, de São Leopoldo, e o Departamento de Água e Esgoto de Santana do Livramento, entre outros municípios.

No roteiro da caminhada os manifestantes passaram pelas ruas 24 de Outubro, Ramiro Barcelos, Farrapos, Mauá, Sete de Setembro, com parada em frente ao Tribunal de Contas do Estado, ato em frente a sede da Corsan na rua Caldas Júnior, encerrando em frente a sede do governo e do parlamento.

Deputados federais como Fernanda Melchiona e Dionilso Marcon se fizeram presentes, juntamente com parlamentares estaduais e municipais e entidades como o Senge, Sindaergs, Funcorsan, MPA, MAB, Levante Popular da Juventude e várias outras.