O Coletivo Nacional dos Eletricitários tem feito um processo de escuta ativa de suas bases para poder traçar as estratégias no processo negocial com a Eletrobras ao ACT da categoria eletricitária. No entanto, o que percebemos é que a gestão tem priorizado apenas os seus acionistas em detrimento dos trabalhadores e clientes, o que inevitavelmente conduzirá a Eletrobras a uma empresa limitada, comprometendo sua visão de futuro.
A empresa, que tem propagado a campanha “Eletrobrasilidade” em defesa de um suposto compromisso com o país e com seus trabalhadores, na prática, tem criado um péssimo clima organizacional dentro da empresa. A pressão por resultados estimula comportamentos eticamente questionáveis, com isso os trabalhadores têm constantemente denunciado o aumento do assédio moral e do adoecimento mental no ambiente de trabalho. Mais cedo ou mais tarde essa conta não vai fechar.
Além disso, a gestão da Eletrobras privada tem buscado no mercado o que considera de “melhor”. Mas esse “ideal de mercado” são gestores que não conhecem do setor elétrico. É diretor de engenharia que é advogado, Vice-Presidente de Gente que expressa não ter boa relação com entidades sindicais e com a gente que ele deveria gerir, Presidente que acha bonito o burnout e quer destruir a cultura interna da empresa.
Assim, a palavra “Eletrodignidade” surge como uma resposta a essa situação, representando a luta da categoria por mais respeito, saúde mental, menos assédio moral e um acordo coletivo digno e justo para todos.
Temos que destacar que, em plena negociação de acordo coletivo de trabalho, a visão limitada da alta gestão tenta acabar com a segurança à saúde da categoria, diminuir e eliminar a cultura da prevenção à saúde, implantando um tal procedimento de readaptação temporária que desconsidera a situação de saúde das pessoas. Um total absurdo!
É evidente que essas medidas são meramente imediatistas, focadas na redução de custos com pessoal, sem levar em conta que a conta futura será muito mais alta. Uma categoria desmotivada e desconfiada de seus próprios gestores não pode dar o seu melhor, limitando-se a cumprir apenas suas funções básicas. Qual é o incentivo para se dedicar ao máximo quando não há reconhecimento nem métricas claras para o desenvolvimento e crescimento profissional?
Estamos a apenas uma semana do vencimento do acordo, e a empresa ainda não apresentou uma proposta que atenda aos anseios da categoria. Não temos garantia de que haverá tempo suficiente para avançar nas negociações e fechar o acordo na mesa. A escuta ativa que o CNE realizou com a categoria revela claramente que os trabalhadores esperam ter suas demandas qualidade de vida, reconhecimento pelo trabalho, respeito pela história construída e garantia de emprego atendidas.
Na rodada realizada no dia 21 de maio, sinalizações claras de que é possível encontrar uma saída que atenda ambas as partes foram dadas. Isto só foi possível graças à mobilização da categoria, demonstrando sua força e reafirmando que dignidade é a palavra de ordem. No entanto, não foi apresentada ainda uma proposta formal que as entidades sindicais possam apresentar nas bases.
Esperamos que a empresa avance e demonstre que quem constrói a empresa no dia a dia tem acento nas prioridades empresariais. Há, por parte da Empresa, uma sinalização de não prorrogar o acordo coletivo, o que estabeleceu um calendário de assembleias, para os próximos dias 27 e 28 de maio, com indicativo de greve por tempo indeterminado.
Não podemos aceitar que a empresa continue a lucrar às custas da saúde e dignidade dos seus trabalhadores. É hora de lutar por condições de trabalho justas e pelo respeito aos nossos direitos.
Busque suas entidades sindicais, informem-se e participem ativamente. A força e a mobilização coletiva da nossa categoria são fundamentais para que sejamos tratados com o respeito e a dignidade que merecemos. É a nossa unidade e determinação que moldam a maneira como a direção da empresa nos percebe e nos valoriza.
Fonte: CNE