O Congresso Extraordinário da CNU, além do seu papel principal de eleger uma nova direção, proporciona a possibilidade de se realizar mesas importantes sobre análise de conjuntura. No seu segundo e último dia (13/8) convidados especiais fizeram suas exposições em alto nível. A mesa foi coordenada pelos dirigentes Gilberto Santana, Sinergia-BA, e Madalena Sena Oliveira, Sindurb-PE.

Primeira a falar, Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT, abordou alguns dos desafios atuais da CUT, entre os quais está o debate sobre as eleições municipais deste ano. Para isso, a Central lançou uma plataforma de compromissos aos candidatos. Ela destacou a importância da participação dos sindicatos e trabalhadores na pauta dos municípios, como por exemplo, o ramo urbanitário discutir a questão do saneamento e as privatizações do setor nas cidades.
A Vice-Presidenta da CUT também enfatizou o desafio da atualização da legislação sindical e o financiamento das organizações sindicais.
“O golpe contra a presidenta Dilma foi para implementar uma pauta neoliberal. O ataque às organizações sindicais é uma tentativa de enfraquecer às negociações coletivas, fortalecendo à negociação individual. Esse ataque prossegue com o atual Congresso Nacional que bloqueia a pauta dos trabalhadores e, por isso, criamos uma unidade nas Centrais para tentativa de atualização da legislação sindical para recuperar a questão financeira e fortalecer as negociações coletivas”, afirmou Juvandia.
Jane Santana, Secretária Geral da CUT-RJ , fez um balanço dos desafios enfrentados pelo movimento sindical ao longo da sua História. ” A luta dos trabalhadores e em especial da CUT foi fundamental para enfrentar a ditadura no final dos anos 70 e início dos anos 80, e essa pressão trouxe resultados que são importantes até hoje, como a constituição cidadã de 1988. Hoje, os desafios são ainda maiores, pois a extrema-direita se fortaleceu, atacando os sindicatos e seu finaciamento. Portanto, resistir é mais importante de que nunca, por isso eu saúdo os urbanitários que estão consolidando hoje sua Confderação”, disse.
DIEESE: É preciso taxar as grandes fortunas
O representante do DIEESE, Vitor Pagani, fez uma análise do processo de mudanças do mundo do trabalho e os desafios do governo Lula para avançar na distribuição de renda. ” Não há mais dúvidas que novos agentes vão impactar as relações de produção em um futuro próximo, que são: as mudanças climáticas, as novas matrizes energéticas, a inteligência artificial e as crises sanitárias que vão ocorrer segundo os especialistas em maior ou menor grau, fato que vai influenciar as economias em todo mundo” , alertou ele. Com relação as políticas de distribuição de renda que atenda a classe trabalhadora, Vitor Pagani, falou da importância de buscar alternativas para dar mais fôlego fiscal ao governo. “O Ministro Hadadd tem trabalhado para rever as desonerações fiscais sem sentido, que não geram empregos, e afetam as contas do governo. Outro ponto fundamental é a taxação das grandes fortunas, pois inconcebível que milionários paguem menos que a classe média. É fundamental reverter esse quadro, dando a possibilidade para que o presidente Lula cumpra sua promessa de campanha de isentar quem ganha até 5 mil reais de pagamento do imposto de renda. Isso tambem é geração de renda, pois coloca mais dinheiro no bolso da população”, finalizou.
A importância do meio ambiente nas convençõe coletivas
Aroaldo Oliveira da Silva, presidente da IndustriALL-Brasil, ressaltou a necessidade do debate do processo de reindustrialização do Brasil, focando em um projeto de desenvolvimento econômico, produtivo, industrial.
Ele enumerou a política industrial, a transição energética, a transição tecnológica, a questão ambiental e o futuro dos empregos, como pontos fundamentais desse debate.
“Na transição energética é preciso fazer o processo olhando para a capacidade que temos de produção de energia limpa”, explicou.
Ele ainda destacou ser fundamental que as negociações coletivas tenham menção sobre o meio ambiente e aos empregos verdes, tema que interfere diretamente no nosso dia a dia.
João Cayres: é preciso combater as fake news para enfraquecer o discurso neoliberal da extrema-direta
João Cayres, secretário sub-regional Brasil da ISP, abordou diversos temas sobre o atual momento político do Brasil e do mundo e que diretamente influenciam a vida dos trabalhadores.
Entre os temas está o avanço das fake news e sua idelogia neoliberal, com o financiamento das grandes empresas de tecnologia, e o avanço da extrema direita em todo o mundo impondo pautas retrógradas e retiradas de direitos.

Cayres ainda falou sobre o desmonte dos serviços públicos, exemplificando, com a questão do saneamento, onde fundos do sistema financeiro compram e vendem empresas sem o compromisso com a prestação dos serviços à população e apenas visando o lucro e a distribuição de dividendos aos seus acionistas.