Preocupados com os impactos das privatizações e das parcerias público-privadas (PPP) no saneamento básico, dirigentes sindicais do setor, com participação efetiva do SINDÁGUA, cobraram do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em audiência realizada na sede da instituição, a revisão de sua política de apoio e estímulo à ampliação da participação das empresas privadas na prestação dos serviços de água e esgoto, financiando-as com dinheiro do Estado e contribuindo para a formação de um oligopólio à disposição do capital financeiro.
Os representantes da FNU, do ONDAS e de sindicatos, que se reuniram com a superintendente de Estruturação de Projetos do banco, Luciane Machado, e seu assistente, Leonardo Branco, na última quarta-feira (12 de dezembro), no Rio de Janeiro, reafirmaram o compromisso em defesa do saneamento público e salientaram que é inadmissível um banco com cunho social financiar empresas privadas para a compra das estatais do setor.
Outro questionamento foi sobre qual seria a política que o BNDES adota para o fortalecimento dos serviços públicos de saneamento. No entanto, apesar de carregar em seu nome a expressão “desenvolvimento social”, o banco vem atuando em sentido contrário, mobilizando recursos públicos para financiar concessões, PPPs, alienação do controle estatal e a aquisição de debêntures (títulos de crédito) de empresas privadas. A superintendente ouviu atentamente os argumentos expostos e se comprometeu a encaminhar as reivindicações à diretoria da instituição.
Presentes à reunião, o presidente do SINDÁGUA, Eduardo Pereira, e o diretor de Comunicação da entidade, Lucas Tonaco, externaram a preocupação com o avanço dos projetos de privatização da Copasa e da PPP para a operação dos serviços de água e esgoto nos vales do Jequitinhonha e Mucuri. Em novembro, governo estadual enviou à Assembleia Legislativa projeto de lei com medidas para a privatização da empresa e também da Cemig.
“Foi uma reunião muito importante, em que questionamos a participação do BNDES na privatização das empresas públicas e também na formulação das parcerias público privadas”, afirma Eduardo Pereira. “As respostas que recebemos reforçam ainda mais a luta em defesa do saneamento público e dos direitos dos trabalhadores.”
Lucas Tonaco destaca que, na audiência, foi possível abordar cada detalhe de todo o processo, tanto da PPP dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri quanto da privatização da Copasa. “O próprio BNDES, inclusive, mostrou que tem alternativas para não privatizar a empresa e para que essa PPP não se realize”, salienta, reforçando que a reunião foi mais um passo na mobilização contra os planos privatistas do governo Zema.
Além de Eduardo e Lucas, representando o SINDÁGUA na luta sem trégua em defesa das empresas públicas mineiras, participaram da audiência os dirigentes sindicais Pedro Damásio (FNU e SINTERN), Fábio Giori (FNU e Sindaema-ES), Yuri Washington Alves dos Santos (FNU e Sintergia-RJ), Pedro Blois (FNU e Stiupa), Luiz Alberto Rocha (assessor jurídico da FNU), Ana Lúcia Britto e Suyá Quintslr (Ondas).