Cerca de duas mil pessoas de várias regiões do Brasil e do mundo estiveram presentes, neste sábado (17/3), dia da abertura do Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA 2018 – em Brasília, na Universidade de Brasília – Unb. Já em seu primeiro dia o FAMA demonstra que é o maio evento em defesa da água do planeta.

Os urbanitários de todo o país também marcaram presença. Apenas neste primeiro dia de atividades do FAMA já haviam representantes do Rio Grande do Sul, Paraíba, Amapá, Pará, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Bahia, Roraima, São Paulo, Pernambuco, Bahia e Sergipe. E as caravanas de outros estados não param de chegar!

Pela manhã, as atividades se concentraram na grande tenda do espaço de convivência da Unb para a realização da Assembleia Popular das Águas, que reuniu povos de muitas partes do mundo e representantes apresentaram testemunhos de casos de violações do direito à água. (leia mais em fama2018.org)

O Ministério Público também esteve presente, porr meio da presença da Procuradora Geral da República Raquel Dodge acompanhada pelo ministro do STJ, Herman Benjamim, e de outros procuradores do Ministério Público. “Estou aqui para ouvir a sociedade civil nas suas pretensões em relação a água.” disse Raquel Dodge que foi interrompida algumas vezes por vaias e gritos de “Fora Temer”.

Raquel Dodge também falou que a água é uma das preocupações centrais do Ministério Público e afirmou que sua gestão à frente da Procuradoria Geral da República reconhece que a água é um direito humano fundamental. No entanto, a procuradora não se posicionou com relação privatização e mercantilização desse bem.

Urbanitários e o processo de privatização do saneamento

Entre os depoimentos, durante a Assembleia Popular da Água, representante a categoria dos urbanitários, Leandro Almeida, presidente do Sindágua-RS, cobrou que os governos se responsabilizem pela proteção da água e questionou a privatização das empresas de saneamento, argumentando que o mercado privado só visa o lucro e despreza a participação popular. Ele também fez críticas aos governos Temer e Sartori, do Rio Grande do Sul, que estão, a todo custo, querendo entregar a água para as empresas privadas. Leandro, ainda fez, um pedido a procuradora geral da República, Raquel Dodge, para que a Constituição seja respeitada, barrando, assim, as privatizações e garantindo o direito à agua e ao saneamento para todos.

Ainda durante a parte da manhã, nosso companheiro Abelardo de Oliveira Filho (BA) conseguiu entregar à procuradora Raquel Dodge, artigo de sua autoria intitulado “A desconstrução da política pública de saneamento básico para atender a interesses privados”, onde faz uma análise política atual do governo federal e da minuta da Medida Provisória do Saneamento, que deverá alterar a lei de saneamento para viabilizar a privatização  do setor.

180 atividades autogestionadas

À tarde, 180 atividades autogestionadas foram realizadas nos anfiteatros e salas espalhados pela UnB. As mesas de exposições e debates abordaram os mais variados temas que compõem a questão da água, passando por direitos humanos, pela sua exploração pelo agronegócio, crimes ambientais, direito à agua nos territórios, agroecologia, entre tantos outros.

Na mesa “Águas pela Paz, princípios e valores para compartilhar água”, organizada pelo Centro Internacional de Água e Transcidisplinaridade – Cirat/Unipaz, Awaken Love, Instituto Espinhaço e UnB, foi entre a Carta Águas da Paz ao presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Pedro Blois, enquanto representante da organização do FAMA 2018.

O documento tem por objetivo introduzir a perspectiva da transdisciplinaridade, da ética, do cuidado e da cultura de paz nos debates. Para acessar a versão digital da carta, clique aqui.

A entrega simbólica foi feita por Sérgio Ribeiro (Secretaria de Meio Ambiente – DF), Vera Catalão (professora da UnB), Lydia Rebouças (Unipaz), Vó Maria Alice (Conselho Internacional das 13 Avós Nativas) e Nelton Friedrich (especialista em desenvolvimento sustentável).

Atividades autogestionadas prosseguem neste domingo

A FNU e parceiras realizarão, neste domingo (18/3), três atividades autogestionadas dentro do FAMA.

Confira:

1. Os desafios da luta contra a privatização do saneamento básico
Debate sobre os malefícios da privatização do saneamento e a estratégias de organização da sociedade
18 de março (domingo)
9h às 12h – Anfiteatro 2 – UnB

  1. Água como um direito e não mercadoria: não às privatizações e a MP do saneamento proposta pelo governo ilegítimo
    Apresentações:
    . Prof. Luiz Roberto S. Moraes – a história do saneamento no Brasil
    . Engenheiro Sanitarista Abelardo O. Filho – as legislações do setor e as ameaças de privatizações
    . Advogado Dr. Vladimir Ribeiro – a MP do Saneamento que está sendo proposta pelo Governo Federal que coloca em risco de colapso a estrutura de prestação de serviços de saneamento no Brasil
    . Exposição da plataforma operária e camponesa pela energia de como as privatizações dos serviços de saneamento afetam negativamente a vida dos trabalhadores do campo e da cidade .Exposição do movimento de luta pela moradia no sentido de alertar sobre a necessidade urgente de universalização dos serviços bem como a garantia do saneamento como direito humano fundamental
    Organização: Federação Nacional dos Urbanitários – FNU; Observatório de Saneamento da
    Bahia; Plataforma Camponesas e Operária Pela Energia; Movimento de
    Moradia
    18 de março (domingo)
    9h às 12h – Anfiteatro 4 – UnB
  1. O Mundo Reestatiza/remunicipaliza e o Brasil Privatiza: Os casos de reestatização/remunicipalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no mundo e as privatizações no Brasil
    Mesa redonda com representantes de países que passaram ou conhecem processos de reestatização/remunicipalização de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. O objetivo é contrapor a realidade da reestatização/remunicipalização em diversos países frente ao processo de privatização no Brasil.
    Organização: Federação Nacional dos Urbanitários – FNU; Internacional de Serviços Públicos – ISP; Observatório do Saneamento Básico da Bahia – OSB; ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Assemae – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento
    18 de março (domingo)
    14h às 18h – Anfiteatro 4 – UnB

Clique aqui para ver a lista completa das atividades autogestionadas do FAMA.