A venda da Eletrobras como está sendo proposta é um crime com as futuras gerações de brasileiros. Disso a parte bem informada e consciente da sociedade brasileira já sabe, visto que os retrocessos impostos pelo atual governo, como o baixo crescimento econômico, o desemprego galopante, o crescimento da informalidade, o subemprego, a perda de soberania nacional e a submissão às nações mais ricas do planeta, são realidade.
Os países ricos, e os especulares financeiros de qualquer país, têm muito interesse nos recursos minerais, extensões de terra, petróleo, água e energia do Brasil. Defendem a fragilização da legislação trabalhista e a retirada de direitos dos trabalhadores. O receituário do Banco Mundial e do FMI se fortalece com o atual governo que é subserviente aos interesses destas nações e especuladores.
Temos visto que desde que a assumiu a presidência da Empresa, o senhor Wilson Pinto Junior é um aliado do governo no projeto de privatização e na campanha difamatória para depredar a imagem da Eletrobras e de seus trabalhadores e trabalhadoras para justificá-la. Uma tentativa para influenciar a opinião pública pró-privatização, depreciar o ativo e os trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras, criar um caminho único quando existem várias alternativas para fortalecer a Empresa.
O mercado dá um sinal econômico em prol da venda e a base do governo trabalha dia e noite no Congresso para ampliar apoiadores. A venda quando ocorre é necessariamente subavaliada para permitir o retorno rápido e extraordinário aos novos controladores que recuperam a “esmola” investida e propalam o discurso de choque de gestão e eficiência privada.
Por trás de todo esse discurso de beneficiamento da Empresa, que por ser deficitária não pode continuar sendo controlada pelo Estado, há uma, ou várias razões para a sua liquidação e espoliação do patrimônio público. Vejamos algumas:
A privatização da Eletrobras beneficiaria dezenas de fundos de pensão de cidadãos norte-americanos e europeus:
Enquanto no Brasil tentam fragilizar a previdência dos brasileiros, os países ricos buscam ampliar a geração de riqueza para os fundos de previdência de seus cidadãos. O apoio à privatização dos segmentos de água, energia, petróleo e gás nos países em desenvolvimento constitui um corolário deste modelo. São recursos estratégicos no contexto global. Para cidadãos norte-americanos de vários estados têm ações da Eletrobras. A privatização seria uma oportunidade para estes fundos ampliarem as suas fatias no capital social da empresa.
A privatização da Eletrobras beneficiaria dezenas de fundos de pensão de empresas norte-americanas e europeias de porte global:
Diversos fundos de pensão ligados a empresas de porte global como AT&T, GeneralElectric, IBM, Boeing, British Airways, Ford, Caterpillar, dentre outros, possuem ações da Eletrobras. O envelhecimento da população nestes países e seus reflexos demográficos fazem com que a busca de riquezas nos países em desenvolvimento seja uma forma de sustentar o custo previdenciário. Esta pressão interfere na geopolítica, ampliando o apoio de países ricos a governos que favorecem uma maior rentabilidade para estes investidores externos.
A privatização da Eletrobras beneficiaria fundos ligados a governos de outros países:
Países como o Japão, Noruega, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia possuem parcelas das ações preferenciais da Eletrobras. Estes fundos possuem volumes gigantescos de recursos para aplicar nos países em desenvolvimento, buscando rentabilizar a previdência e as reservas nos seus respectivos países. Não se trata de investidores de pequeno porte. Investidores desta natureza tem acesso às autoridades brasileiras como Ministros de Estado.
A privatização da Eletrobras beneficiaria grandes bancos e fundos de investimento internacionais:
Bancos Globais como JP Morgan, Goldman Sachs, HSBC, BNP Paribas também possuem ações da Eletrobras. Em relação aos fundos de investimentos estrangeiros, basta ler uma Ata de Assembleia Geral Ordinária da Eletrobras, disponível no site da Eletrobras no link de Relações com Investidores, para ver centenas de fundos norte-americanos e europeus com participação expressiva em ações preferenciais da Empresa.
A privatização da Eletrobras beneficiaria a elite neoliberal brasileira:
Investidores que atuaram nas privatizações dos anos 90 permanecem ativos no setor. A elite econômica do país tem grande interesse na privatização da Eletrobras e são representadas por fundos como 3G Radar, Squadra, Opportunity, SPX, Vinci, dentre outros.
A privatização da Eletrobras beneficiaria ascomercializadoras e multinacionais do segmento eletrointensivo com interesse na energia da “descotização” e fragilizaria os consumidores residenciais, rurais, industriais e comerciais de pequeno porte:
A comercialização de energia é um negócio que tem despertado o interesse de operadores do mercado financeiro, grandes bancos, fundos e empresas de energia elétrica. A “descotização” tirará energia dos consumidores cativos (leia-se consumidores residenciais, rurais, comerciais e industriais de pequeno porte, poder público, pequenas indústrias) permitindo a venda para consumidores livres (leia-se grandes indústrias e setores eletrointensivos). Desta forma, a privatização associada à “descotização” penalizará os consumidores mais frágeis (consumidores cativos) e dará excesso de liquidez ao mercado livre.
A privatização da Eletrobras beneficiaria as multinacionais de energia elétrica que atuam em território nacional:
A ausência do Estado Brasileiro no capital social da Eletrobras fragilizaria a promoção de políticas públicas, industriais, tecnológicas, sociais, ambientais, além de inviabilizar ações na área de energia relacionadas à soberania, desenvolvimento e segurança nacional, sobretudo na Amazônia Legal. As multinacionais de energia elétrica atuantes no Brasil oriundas dos Estados Unidos, China, França, Itália, Espanha, Noruega, Japão, Alemanha, Colômbia seriam beneficiadas pela privatização da Eletrobras. Os militares nacionalistas com formação do campo de pesquisa dos “Estudos Estratégicos“ conhecem profundamente o valor da energia na política internacional.
Ao abrir mão do capital social na Eletrobras nosso país ficará dependente dos interesses dos futuros sócios privados que controlarão a Empresa. Corremos o grande risco da Eletrobras ter sua identificação com o Brasil apenas no nome, pois no capital social existe uma grande chance de grandes fundos estrangeiros, em parceria com a elite “do atraso”, controlarem-na. (fonte: Aeel)