O 1º Congresso Extraordinário da Fruse (Federação Interestadual dos Urbanitários do Sudeste) começou na manhã desta quarta-feira (29), com participação expressiva de delegados e das delegadas dos 14 sindicatos filiados. São mais de 100 participantes.

A mesa de abertura contou com a participação do presidente da CUT, Sérgio Nobre, da CNU, Pedro Blois, da FNU, Paulo de Tarso, da Frune, Raimundo Lucena e da Furcen, João Maria, além da presidenta da Industriall Global Union, Lu Varjão . O atual presidente da Fruse, Marcelo Fiori0, coordenou a mesa.

Para o presidente da FNU (Federação Nacional do Urbanitários), Pedro Blois, a formalização da Fruse veio para somar nas lutas. “Vamos atuar de forma unificada no ramo urbanitário, pois, não há outro caminho para nos contrapormos ao massacre imposto pelo governo Bolsonaro aos trabalhadores dos setores do saneamento, do gás e da energia, com suas privatizações e a retirada de direitos”, disse.

Segundo o presidente da CNU (Confederação Nacional dos Ubanitários), Paulo de Tarso, a Fruse vai consolidar o projeto da confederação. “Não tenho dúvidas de que a constituição da Fruse vai fortalecer o nosso ramo e, consequentemente, a nossa confederação que vem ocupando seu espaço no movimento sindical. Portanto, vamos lutar juntos para impedir que o projeto entreguista de Bolsonaro tenha continuidade”, afirmou.

Mobilização contra o desmonte

A CUT vem se mobilizando para fazer todos os enfrentamentos contra o desmonte do Estado.  Foi com essa afirmação que o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, abriu a sua fala no congresso. Para ele a atual conjuntura é muito preocupante.

“O projeto político em curso é o da destruição do Estado e das empresas públicas. Os setores de saneamento, gás e energia, através das empresas estaduais e da Eletrobras, são alvo de cobiça do capital privado. Precisamos ir às ruas e ocupar vários fóruns para defender esses patrimônios do povo. E a Fruse vai ter um papel estratégico nessa mobilização com seus sindicatos filiados. Portanto, minha saudação e alegria em estar neste congresso histórico para a classe trabalhadora”, alertou.

Regimento interno foi aprovado

Em seguida, cumprindo o que manda o estatuto, o Regime Interno do Congresso foi colocado em votação e aprovado por unanimidade de delegados e delegadas eleitos pelos sindicatos dos estados de São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Conjuntura política e econômica em debate

A primeira mesa do dia tratou de temas fundamentais para a classe trabalhadora, sendo a discussão do momento político do país e a tragédia econômica em curso, que vem gerando desemprego, fome e incertezas sobre o futuro da nossa democracia.  A coordenação foi de Elvira Zanoni, presidenta do Sinergia Prudente, com mediação do ex-presidente da CUT e diretor da FPA (Fundação Perseu Abramo), Artur Henrique da Silva Santos.

Para trazer números e dados sobre o trabalho no ramo urbanitário, mais especificamente sobre o setor elétrico, foi convidada a diretora técnica adjunta do Dieese, Patrícia Pelatieri .   Para ela, a pandemia acentuou a crise no mundo do trabalho, afetando diretamente os trabalhadores do setor.  ➡️ Leia aqui a apresentação de Patrícia Pelatieri (Dieese)

Mercado no ramo urbanitário

Em relação ao ramo urbanitário, os números apresentados por Pelatieri também são preocupantes. De 2019 até o primeiro semestre de 2021, ela explicou a variação de desligamentos por morte dos trabalhadores urbanitários em 200%. “Isso reflete a crescente desproteção do trabalhador e sua exposição a riscos”, argumentou. Nos dados das negociações nos acordos coletivos do ramo, em 2019 e 2020, apontam que cerca de 40% não conseguiram repor a inflação.

Apenas com relação às novas contratações, de agosto de 2020 a julho de 2021, é que foi registrado um pequeno salto nos postos de trabalho: três mil nos setores de eletricidade e gás e 16 mil no setor de saneamento.

Para a diretora técnica do Dieese, apesar do cenário desolador, refletido pelos dados econômicos, “o movimento sindical é a única ferramenta capaz de deliberar uma mudança no hoje para o futuro melhor para todos os trabalhadores”.

“Nosso desafio é resistir”

A presidenta da Contraf (Confederação de Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvândia Moreira, fez uma fala ampla, alertando sobre a necessidade de se lutar para impedir o avanço da precarização no mundo do trabalho que está em curso.

“O projeto de desregulamentação do mundo do trabalho tem tido impacto em várias categorias, temos sentido isso no ramo bancário. A precarização e a pejotização afetam a organização sindical. Nosso desafio é resistir. Temos que criar estratégias para dialogar com esses novos trabalhadores, que hoje estão distantes”, alertou. “No campo político temos que trabalhar duro para enfrentar esse desgoverno, e a mobilização do dia 2 de outubro vai ser fundamental. Tenho certeza que a Fruse vai se incorporar e fortalecer essa resistência”, destacou.

A presidenta da Contraf explicou também que “precisamos nos preparar para 2022, porque será a disputa presidencial, será a eleição da nossa geração, um verdadeiro divisor de águas sobe o Brasil que a gente quer. É preciso retomar esse país e ter um Congresso Nacional que tenha representação de fato, e não apenas de alguns setores”.

Para isso, ela enumerou desafios, como a organização dos trabalhadores, o processo de formação, a pesquisa dos interesses do trabalhador para estimular a sindicalização e uso adequado das várias formas de ferramentas de comunicação.

Debate aberto com plenário virtual

Depois, delegados e as delegadas presentes puderam fazer perguntas aos palestrantes.  A preocupação notada nas perguntas diziam respeito principalmente à instabilidade política do país, aos ataques à organização sindical e a necessidade de se eleger o ex-presidente Lula em 2022.

Fechando a mesa, o ex-presidente da CUT, Artur Henrique, alertou sobre a importância da mobilização da classe trabalhadora nesse momento. “Está posto que teremos a eleição mais difícil dos últimos anos, com sérios riscos para a democracia. Bolsonaro vai apelar para tudo, até para um novo bolsa família ou auxílio emergencial. Pois, sua situação é muito ruim, a economia vai mal, existe o risco real de apagão. Enfim o desespero dele e da burguesia é grande, já que não existe um nome viável para a chamada terceira via. Portanto, as entidades sindicais terão um papel fundamental, e a Fruse, com certeza, vai cumprir essa tarefa de organização”, finalizou ele.

Por Comunicação FNU/CNU e Comunicação Sinergia CUT

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